Naquela semana, já saudosa, dos inícios de 2010, quando a Guarda começou a homenagear da melhor forma (através do contacto, da análise, da leitura, ...) os escritores com ligações reais à cidade, orgulhei-me de ser um dos que leram e declamaram Manuel António Pina ao longo do Ciclo com o seu nome.
O poema que declamei na altura, na sessão de leitura no Teatro Municipal da Guarda, foi:
O poema que declamei na altura, na sessão de leitura no Teatro Municipal da Guarda, foi:
A UM JOVEM POETA
Procura a rosa.
Onde ela estiver
estás tu fora
De ti. Procura-a em prosa, pode ser
que em prosa ela floresça
Ainda, sob tanta
Metáfora; pode ser, e que quando
Nela te vires te reconheças
como diante de uma infância
inicial não embaciada
de nenhuma palavra
e nenhuma lembrança
Talvez possas então
escrever sem porquê,
evidência de novo da Razão
e passagem para o que não se vê.
Depois de contactar com este poema, decidi responder-lhe. Agora que o reconhecimento da obra deste excelente autor é real, e realmente lusófono, quero partilhar convosco este poema e deixar-lhe, a ele, esta humilde oferenda:
Aviso a um navegador de jardins feio!
(a Manuel António Pina)
Alimenta-te da rosa!
Busca-a incessantemente
Perscrutando montes
E ribeiros
E até algumas
Lixeiras.
Coloca-a na grosa
Afinando as suas
Curvas petalares
E multiplicando
Os seus ais.
Relembra-lhe a
Infância, semente
De tempos perdidos
Envolta em manto
Morto e
Nauseabundo.
Então, talvez...
Nota que a sua beleza
Passa, rápida e mutável,
E a tua solidifica,
Onde ninguém a vê!
(20/01/2010)
2 comentários:
Dois belos poemas.
Obrigado, Manuel! O do Manuel António Pina é fantástico! O meu é apenas um poema inexperiente. Grande abraço!
Enviar um comentário