1. Estive até à última da hora na perspectiva de encontrar algo, nestas inúmeras tropelias da vida, que pudesse servir de base à formulação de uma opinião. Esperei, até ao momento mais terminal, que acontecesse qualquer coisita nestes vastos penedos da serra que vos cativasse. Oh! maravilhas do altíssimo: veio muita neve, veio muito gelo e vieram muitas e variadas opiniões sobre quem chegou tarde na tentativa de resolução desses mesmos problemas! Concordo com todos aqueles que caracterizam estes temas como interessantes, como controversos e como oportunos. No entanto, penso que já foram bastante babosados nos respeitáveis ouvidos do vasto auditório. Por outro lado, oh! musa das artes, pensei em apresentar-vos uma opinião sobre alguns momentos culturais que pautaram a minha vivência citadina durante estes dias, mas fui ultrapassado por outros. No final de contas: onde nada existia como tema a abordar, o zero continuou a ditar regras. É que é difícil ser cronista na Guarda. Sério! Vejam só: quando estamos a escrever, somos atacados pelo frio invernal e existencial da cidade; quando estamos a ser transmitidos, somos atacados pela indiferença perante o nome pouco sonante do cronista ou pelo simples facto de ninguém estar a ouvir. Assim, o que poderá trazer um aprendiz de cronista às ondas hertzianas da rádio que possa captar a atenção do ouvinte mais exigente e do escutador menos interessado?
(...)
Guarda, 06 de Dezembro de 2010
Daniel António Neto Rocha
(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 07 de Dezembro de 2010 - disponível em podcast em Altitude.fm)
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