sexta-feira, novembro 26, 2010

Pensalamentos #10

Ridículo, ridículo, ridículo é ser-se ridículo e ter-se gosto em ser-se ridículo só porque se exige que se seja ridículo.

terça-feira, novembro 23, 2010

02. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica dos Rebuçados ou “da Diabetes Social”

1. E, de repente, somos um país onde o favorecimento político é reconhecido por alguns elementos que já pertenceram à máquina multicolor de algodão doce! Por fim, aquele nobre acto de dar rebuçados só aos meninos que pertencem à nossa equipa foi reconhecido por alguém que, pelo conhecimento demonstrado, deve ter dado pelo menos meia-duziazinha deles. Sabem que o que mais me impressiona na distribuição harmoniosa destes pequenos e terríveis provocadores da diabetes social não é o inchaço de vaidosice que quem deles se alimenta padece. Preocupa-me, sim, o facto de provocar um esvaziamento global ao nível dos valores de trabalho ou de competência profissional, sendo esta uma patologia incurável e tremendamente contagiosa. E isso é que é preocupante, pois, num país onde é tão complicado que as palavras de fora do partido sejam aceites como complemento sólido a uma afirmação nacional, a formatação do futuro de todos nós fica entregue aos gulosos que comem o que o padrinho lhes arranjou sem se preocuparem com aquilo que estão habilitados a comer e, sendo um facto do final deste glorioso banquete, tudo aquilo que foi comido por estes obedientes servos será reciclado na exacta medida da abominável digestão humana.

(...)

Guarda, 22 de Novembro de 2010
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 23 de Novembro de 2010 - disponível em podcast em Altitude.fm)

quarta-feira, novembro 17, 2010

Pensalamentos #9

Parolar é diferente de "Parler", mas quando oiço alguns figurões a "parler" percebo a confusão com parolar.

terça-feira, novembro 09, 2010

1. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica Desorçamental

1. Abençoados sejam aqueles que acreditam na bondade eterna de Sócrates, o engenheiro, e que, assim, se deliciam com as suas palavras tão boas e extremamente criadoras de ajudas de custo e de infindáveis bónus, pois deles é o reino de São Bento. Não sei bem o que me deu hoje para começar o dia com esta frase tão cheia de ironia, mas sei que começo a estar farto de aturar as mesquinhas atitudes de quem vive com opulência e que ainda tem a lata de dizer “não pensem que esta medida é substancial, pois não há muitos governantes a viver com ela”. Mais coisa, menos coisa, foi assim que o porta-voz de quem nos desgoverna, o Ministro da Presidência Pedro Silva Pereira, veio anunciar o fim da coexistência entre reformas dignas de um Rei e de ordenados principescos aos nível dos representantes do Governo. Até aqui tudo bem, finalmente a máscara da vergonha caiu da cara das sanguessugas do estado e uma das medidas mais essenciais foi por fim considerada. Agora, foi esta uma medida mesmo, mesmo séria? Não! Tenho imensa pena de vos fazer eco disto, mas, para o bem e para o mal, a maior parte daqueles que possuem esta acumulação de riquezas está já, como convém à época em que vivemos, a servir de ponte entre os interesses privados e alguns interesses públicos, ou seja, todos aqueles que esvaziaram os cofres do estado estão agora a administrar empresas privadas que têm contratos prioritários com o próprio estado, estando, desta forma, confortavelmente longe desta medida orçamental. Assim, continuamos quase na mesma e tenho de dar razão ao relações públicas deste governinho ao apelidar a medida de “não substancial”. Aliás, dadas as relações privilegiadas, logo dignas de investigação, entre as grandes empresas privadas e a vontade férrea do Sócrates, não filósofo, em continuar com o TGV, começo a desconfiar que estará brevemente vago um cargo na administração de uma qualquer grande empresa de construção civil destinado a um futuro ex-Primeiro-Ministro.

(...)


Guarda, 8 de Novembro de 2010
Daniel António Neto Rocha


(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 9 de Novembro de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)

quarta-feira, novembro 03, 2010

Pensalamentos #8

Corremos tão afastados da margem e o nosso destino é inevitável e calculável. Quais são as metas de que precisamos para que a queda no abismo seja novamente transformada numa dúvida a ter?

terça-feira, novembro 02, 2010

sexta-feira, outubro 29, 2010

segunda-feira, outubro 25, 2010

Pensalamentos #5

Pior do que o excesso de autoritarismo é o jactanciar-se por um acto digno de um asno.

quinta-feira, outubro 21, 2010

Raios e mais raios para o Teixeira!

Estar numa pausa lectiva e ver uma peça onde o Senhor Ministro das Finanças diz que estamos num tempo em que é preciso ter coragem, abriu-me o coração e deixou-me profundamente emocionado. Confesso que larguei uma lagrimazitas. A retórica do momento difícil, que exige homens extraordinários (ELE MESMO!), foi enternecedora e muito meritória. Salve Teixeira!, queremos-te na linha da frente!

Ali está ele outra vez! Que Rufino! que salvador da pátria! Que preocupação com o país e com os empregos!

Enfim...

A única coisa que consegui balbuciar no meio de tanto sentimentalismo foi:
- Vai-te F+++R, hipócrita do C+++++O!

quarta-feira, outubro 13, 2010

Um milhão de razões para se acreditar nos bombeiros de Portugal

1. Mais uma época de incêndios se aproxima do final e, mais uma vez, surgem as vozes defensoras de uma época extraordinariamente bem conseguida no que à área ardida diz respeito. Para uns, o facto de não se terem atingido os números de 2003 ou de 2005 é, por si, uma vitória que ninguém deve contestar. Para outros, a magnífica resposta do Dispositivo de Combate ao maior número de ignições diárias jamais registado é sinal de que toda a planificação governativa foi positiva. Como nem tudo aquilo que soa é verdade, cabe-me fazer uma leitura atenta e fria deste ano que foi bem quente. Em primeiro lugar e mais importante do que qualquer estatística, foi mais um ano bem negativo naquilo que diz respeito aos bombeiros portugueses uma vez que se perderam vidas preciosas (as famílias enlutadas nunca compreenderão a teimosa recorrência à estatística por parte dos responsáveis do sector). Em segundo lugar, não acredito que uma maior área ardida seja sinónimo de maior prejuízo económico, pois nem sempre o que arde é verdadeiramente digno de ser contabilizado. Por fim, a resposta do Dispositivo de 2010 ao número de ignições é digna de figurar nos anais da História de Portugal ao lado da Batalha de Aljubarrota, pois só homens e mulheres dignos de memória podem resolver todos os problemas que um número desumano de incêndios coloca a uma força mal equipada e que, em alguns momentos, esteve completamente desgastada, mas que continuava a dar tudo aquilo que já não tinha.
2
(...)

Guarda, 04 de Outubro de 2010
Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt das 0h00m até às 12h00m do dia 11 de Outubro de 2010)

quarta-feira, outubro 06, 2010

terça-feira, setembro 28, 2010

Espectáculo dos "Homens da Luta!" dará agitação à Guarda?

Disseram-me que o espectáculo que ocorreu no TMG no sábado (dia 25 de Setembro) foi memorável e inesquecível. Tenho pena de não ter tido a oportunidade de também ser identificado pela polícia, pois precisamos de alguma agitação para mexer com o "status impostus" e eu venho defendendo essa movimentação da massa popular como factor de participação pública.
Não fui, tenho pena!
Porque não fui?
Porque iniciei o trajecto mais importante da minha vida! Casei no dia da celebração do Senhor Bom Jesus!

sábado, setembro 11, 2010

Entrevista ao jornal A Guarda

Caso alguém esteja longe dos espaços de acesso ao jornal A Guarda e queira ler a entrevista que tive o prazer de dar para a edição do dia 9 de Setembro, aqui fica a cópia.

1 – Quem é Daniel Rocha?

Sou um homem simples mas consciente dos valores que deveriam nortear a sociedade. Sou, também, um apaixonado pela Literatura e um amante das artes. E sabe que esta minha paixão pela arte faz-me ter consciência do mundo e de todos os seus intervenientes, originando em mim uma dialéctica bastante interessante e, ao mesmo tempo, tremendamente dolente, pois mostra-me que é cada vez mais difícil o mundo para as pessoas honestas. Sou, ainda, um homem que sonha com um estado de coisas sustentável e, espero não ser mal interpretado, com uma revolução séria que afaste de vez as sanguessugas do país, deixando espaço para aqueles que realmente querem servi-lo e não servir-se dele.

2 – Que ligação tem a Famalicão da Serra?

A minha ligação a Famalicão é, acima de tudo, familiar. A minha Mãe (Maria Julieta), a pedra basilar da minha vida, levou-nos, a mim e aos meus irmãos, para junto dos meus avós maternos em tenra idade e numa fase muito difícil para ela, pois ter três filhos e criá-los sozinha é algo só ao alcance de pessoas com uma força tremenda. Aí, a família e os valores que nela foram ensinados fizeram de mim o que sou hoje, com tudo o que tenho de bom e de mau. Sabe que aquilo de que me lembro mais, hoje em dia, é de alguns dias onde o meu Avô materno (o Zé Bico) assumia o papel de contador de histórias. Posso dizer-lhe que o meu gosto pela ficção e pela criação poética partiu desses dias. Depois, a Famalicão ligo-me pelo ar, infelizmente cada vez mais poluído, que por lá respiro e pelas pessoas amigas que lá guardo. Infelizmente, há um afastamento progressivo de que me tenho vindo a dar conta. Não vou alongar-me muito, pois poderia ser injusto, mas posso dizer-lhe que a concordância medrosa assente num compadrio doentio, que é tão vulgar em meios pequenos, me causa uma grave indisposição mental.

3 – Qual a sua ocupação profissional?

Profissionalmente sou Professor de Língua e Literatura Portuguesas, o vulgar Professor de Português, mas, dada a “estranha” capacidade de adaptação que tenho apreendido ao longo dos anos, tenho tido algumas experiências interessantes noutros campos.

4 – Como foi o seu percurso académico?

Olhe, nesta pergunta vai ter uma resposta possivelmente rara. Comecei por frequentar o jardim de infância que havia no Paço Episcopal, mas houve um dia em que não me deixaram ir ter com o meu irmão à sala do lado e fugi. Esta fuga era prenúncio de mudança e, pouco tempo depois, mudei-me com a minha mãe e irmãos para Famalicão. Aí, fiz então todo o ensino, que então me foi permitido fazer no conforto da aldeia. Deixe-me interromper a resposta para lhe dizer que sou completamente contra aquela treta de fazer com que crianças de 5 e 6 anos, numa fase importantíssima da sua formação mental, sejam forçadas (a bem não sei de quê, talvez de uma economia partidária!) a sofrer um afastamento violento do seu meio familiar! Bem, fiz ainda em Famalicão a antiga Telescola e não me arrependo nada disso, pois foram dois anos de ensino muito próximo por parte dos professores, ao contrário daquilo que se poderia pensar. Fui então para a Guarda e estive 6 anos no “Liceu”. Nessa altura, a mudança foi complicada, pois era só mais um aluno. Essa diferença entre o ser-se conhecido de todos e não ter ninguém que nos controle provocou-me um ligeiro desequilíbrio, mas dá sempre jeito ter uma família preocupada, pois rapidamente voltei aos “bons caminhos”. O Secundário foi muito interessante e profundamente enriquecedor, sendo um espaço de afirmação e de afinação de conhecimentos. A passagem para Coimbra e para o Ensino Superior foi facilitada por toda a exigência que os Professores do “Liceu” sempre tiveram comigo. Digamos que a grande dificuldade de Coimbra era, outra vez, a mudança de ares e a distância de casa. Coimbra era um sonho de criança e não o poderia perder. Assim, tentei “formar-me” no máximo de cursos e vivências possíveis. Nessa altura ainda não se imaginava “Bolonha” e a minha vida pautou-se entre a participação académica (integrei o Coral de Letras da Universidade de Coimbra e o Núcleo de Estudantes da Faculdade de Letras, fui representante dos alunos no Conselho Pedagógico da Faculdade e na Assembleia de Representantes, fui produtor do CD do Coral, participei na organização de colóquios, conferências e exposições, e muitas outras aventuras) e a minha formação, onde tive professores fabulosos que me ensinaram a acreditar nas potencialidades que tinha e a aplicá-las de forma séria e inovadora. Terminada a Licenciatura, continuei a colaborar activamente com o Instituto de Língua e Literatura Portuguesas e com o Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada, através da itinerância de exposições e da edição de textos (disponíveis on-line). Depois de tudo isto e já mais recentemente, iniciei o Mestrado em Português como Língua Estrangeira e Língua Segunda, tendo já concluído a parte curricular, que espero concluir em breve. Em linhas muito gerais, é este o meu percurso académico.

5 – Quando surgiu o Projecto Sérgio Rocha e quais são os seus objectivos?

O Projecto Sérgio Rocha surgiu exactamente no dia 9 de Julho de 2006. Sabe que a morte do meu irmão foi algo que estilhaçou por completo família e tudo o que aconteceu a seguir, com o aproveitamento que muitas pessoas fizeram da sua morte, deixou-me alheado do mundo e da realidade. Daí que tentei ter o meu irmão junto de nós de todas as formas possíveis. O Projecto surge com a necessária consciencialização de que a única forma de o manter connosco era fazer aquilo que ele gostava de fazer com as pessoas que gostavam dele. Essa é a essência do Projecto! Os objectivos são simples e, ao mesmo tempo, ambiciosos. Um deles é mostrar que não é por não haver dinheiro disponível que se deixa de efectuar actividades. Outro é fomentar a actividade colaborativa e, assim, oferecer oportunidades de participação em acções de vários níveis a todos. Por fim, para não haver a ideia de existirem espaços e dinâmicas adormecidas, o Projecto tenta conjugar vários esforços que conduzam a um bem comum. Pensamos que, se todos derem um pouco daquilo de bom que têm sem estarem a contar com algum lucro, podemos fazer a diferença.

6 – Que actividades o Projecto Sérgio Rocha já promoveu e pretende realizar?

A actividade em que o Projecto tem investido mais profundamente é na Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão. Como é óbvio, não seria possível realizar este seminário sobre combate a incêndios e segurança em combate a incêndios sem a colaboração do Professor Xavier Viegas e da equipa formativa do Centro de Estudos Sobre Incêndios Florestais, e da divulgação nacional feita pelo Portal Bombeiros.pt. Esta actividade é, só, a única do género que se realiza na Europa. Aliadas a esta actividade e aproveitando as infra-estruturas de Famalicão, já realizámos concertos e sessões de cinema (as primeiras a serem efectuadas na Casa da Cultura de Famalicão), inovando as actividades que são apresentadas à comunidade. Outra actividade que obteve muita adesão foi o Concurso de elaboração do logótipo do Projecto e que envolveu alunos da Escola Profissional da Guarda. O futuro é ambicioso e o Projecto quer inovar. Para já, estamos já a preparar condignamente a Jornada de Análise de 2011, onde vamos tentar ter o apoio das entidades políticas e da protecção civil da cidade da Guarda que se têm mantido afastadas, talvez por nossa culpa, desta actividade. E depois tenho um sonho de que o meu irmão gostaria imenso: o aparecimento de uma Orquestra Sinfónica na Guarda. Esta é uma realização que é, hoje, possível se as várias “vontades” da Guarda o quiserem. Utopia? Penso que não. Há espaços físicos, há entidades que ensinam música e diversos instrumentos, há instrumentistas locais que andam pelo país e que, decerto, não enjeitariam uma participação nesta Orquestra. Sim, seria necessário investimento financeiro, mas penso que seria facilmente rentabilizado. Olhe, tenho este sonho e um destes dias vou lançar o desafio às pessoas que poderão ajudar-me a realizá-lo.

7 – Como e quando surgiu a sua ligação aos Bombeiros de Famalicão da Serra?

A minha ligação aos Bombeiros surgiu em 1998, aquando da formação da Secção dos Bombeiros de Gonçalo. A entrada para os Bombeiros foi, na altura, uma mobilização de todos os jovens que pensavam fazer algo pela sua aldeia e pela comunidade.

8 – O que pensa da criação da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Famalicão da Serra?

Esta é uma pergunta difícil. Não pense que não fiquei agradado com a sua criação, mas preferia que o tivesse sido noutras circunstâncias. A minha interpretação é que a criação da Associação pretendeu dar-nos a capacidade de regularmos o nosso próprio crescimento, pois a relação com a casa-mãe não estava a funcionar da melhor maneira, e dinamizarmos de forma positiva a nossa integração como voz audível no distrito. O que outros pensam é que foi uma tentativa de o governo calar alguma rebelião que se levantou na altura pelas circunstâncias que rodearam o acidente. Confesso que não posso deixar de dar alguma razão a estes, pois houve muita gente a colher os louros desta criação. Infelizmente, a autonomia ainda não alterou velhos hábitos nem mentalidades, logo a minha interpretação parece ser errada.

9 – Considera preocupante aquilo que acontece todos os anos, nos meses de Verão, no que se refere aos incêndios?

Considero muito preocupante o que acontece todos os anos, sim, mas não me espanta nada. O problema é que as entidades políticas e judiciais são responsáveis por este estado de coisas. Porquê? As entidades políticas criam uma embalagem interessante e cheia de leis muito positivas, mas não aplicáveis aos amigos. As entidades judiciais aplicam a lei, não fazendo investigações aprofundadas, e servem unicamente para desculpabilizar os amigos dos políticos e, talvez, de outros entes judiciais. Dou-lhe um exemplo simples: em 2006 aconteceu o que aconteceu e, da parca e mentirosa investigação judicial que se fez, concluiu-se que tinha havido negligência; como todos sabemos, um incêndio com origem negligente é punido por lei; o governo criou um spot televisivo onde se fazia alusão a essa negligência e houve um movimento de empresas que criou vários materiais relativos a essa negligência; no final de contas, os autos reconhecem a negligência e desculpabilizam-na, e o governo retira o spot de “circulação”; logo, a lei não é aplicada. Se a lei não é aplicada uma vez, haverá motivo para ser aplicada em situações semelhantes? Penso que não o deverá ser e preocupa-me isso.

10 – Em sua opinião, o que é que devia ser feito para diminuir o número de incêndios florestais?

Existem alguns factores que são determinantes no combate aos incêndios: as condições atmosféricas, o combustível e o dispositivo de combate. O primeiro não é passível de controlo de maneira nenhuma. O segundo depende dos proprietários dos terrenos e sabemos que existe uma total falta de responsabilização de proprietários e dos seus actos. O terceiro é aquilo que todos nós quisermos fazer com ele. Assim, penso que há três apostas que alterarão o cenário que é montado todos os anos: uma real aplicação da lei, sem favoritismos e sem desculpabilizações, fazendo com que quem arrisca o comportamento negligente opte por não arriscar; uma prevenção efectiva assente na distribuição de meios de combate pelos corpos de bombeiros das zonas mais afectadas pelos incêndios (sabe que não é possível que a corporação a que eu pertenço continue unicamente com uma viatura ligeira de combate a incêndios e ninguém se preocupe com isso); e, como medida eficiente e algo utópica no combate aos incêndios, a criação de grupos de reforço (GRIF’s) distritais assentes no voluntariado, ou seja, a aquisição por parte da protecção civil de veículos de combate que possam estar situados ou estacionados junto dos Centros Distritais de Operações de Socorro e que, em situações de emergência, possam ser accionados pelo recurso a bombeiros que não estejam integrados nas Equipas de Combate (ECIN). Sabe que eu acredito que os problemas que nós vamos ter com os incêndios justificam investimentos elevados, tal como o investimento nas Forças Armadas.


(Entrevista publicada no Jornal A Guarda - do dia 09 de Setembro de 2010)