terça-feira, junho 21, 2011

17. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do consumo ou dos sítios públicos

1. Não sou muito de alegar “lugares comuns”, mas, deixem-me dizer-vos, que no meu tempo não se via nada assim. E não pensem que não havia já comportamentos de risco e coisas parecidas! Foi na semana passada que ouvi, mais uma vez, uma reportagem sobre o consumo de drogas na cidade da Guarda. Até aqui nada de novo, pois a nossa cidade sempre teve condições, chamemos-lhes “geo-comerciais”, excelentes para este tipo de comportamento, se não acreditam atentem ou pesquisem sobre o fantástico trabalho da “nossa” Polícia Judiciária, desde há anos, na luta contra esta ilegalidade. No entanto, nem eu – que creio sempre que tudo pode acontecer – estava à espera de ouvir o que ouvi no noticiário da manhã desta mesma Rádio Altitude. Na voz escondida de “um proprietário” de um café, ouviam-se palavras de uma tonalidade grave e de um medo extremo de um “conjunto de adolescentes” que se sentavam lá dentro não para consumirem os produtos que aí se vendiam, mas para (espantem-se!) fumarem uns charritos. Como, decerto, são jovens bem cotados na sociedade guardense, em primeiro lugar não se deram ao trabalho de ler aquele aviso que proíbe o consumo de produtos não comprados no estabelecimento, e, depois, o grupo de jovens ainda consegue dizer a esse proprietário que estão num lugar público, por isso podem fumar o que quiserem ou dizer o que bem lhes vá na “real gana”. Esta agora! Daqui a pouco dizem que dormem lá dentro e que o dono vá “ao diabo que o carregue” que aquele espaço é deles! Senhor proprietário, faça favor de os colocar na rua ou, se eles se recusarem, feche-os lá dentro e chame a polícia e os papás! Vai ver que por um lado ou por outro a coisa resolve-se. O que é certo é que este tipo de comportamento, que diz respeito ao consumo e posse de drogas leves, se vem generalizando e parece estranho, nos dias que correm, ouvir algum estudante do terceiro ciclo do ensino básico afirmar que nunca contactou com estas substâncias. O caso dos cafés da Guarda é, pois, um pequeno exemplo de algo que varre o país e que necessita de medidas urgentes - uma nova legislação sobre o consumo de drogas, uma vez que: ou se proíbe tudo, e a posse passa a constituir crime; ou se regulamenta a produção e a venda com fins específicos e em locais bem controlados, facilitando o controlo do consumo e da venda, e castigando quem se dedique ao comércio paralelo e com fins de tráfico ilegal. Sim, podem contar ao Vítor Gaspar e ao Álvaro Santos Pereira que há esta hipótese de amealhar mais uns trocos para o Orçamento de Estado com um imposto sobre as substâncias psicotrópicas de origem vegetal!

(...)

Guarda, 20 de Junho de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 21 de Junho de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

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