1. Todos os santos dias existe algo de crónico que nos atinge e nos deixa completamente rendidos às evidências físicas e metafísicas da compulsiva estupidificação social. O problema não é pequeno nem se resolve com uma dúzia de antibióticos enfiados pela goela abaixo. Bem pelo contrário! De certa forma, a doença é incurável e persegue-nos desde a criação do Berço de Portugal. Desde sempre o povo foi desconsiderado e reduzido àquele fiel servidor que respeita o pagamento da dízima ou do imposto, que sempre foram impostos, e que assume “as palas” com que deve sempre olhar em frente. Caso estas fossem uma imposição que resultasse numa melhoria das condições de vida, ainda se suportavam com algum desdém; agora, sendo uma imposição que agrava cada vez mais as ilustres condições de miséria do “Zé Povinho” e engorda as cada vez maiores barrigas burguesas, parece-me que “as palas” só servirão para enobrecer o acto do rebaixamento popular.
Guarda, 8 de Junho de 2010
Daniel António Neto Rocha
(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 9 de Junho de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)
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