1. Sempre tive sérias dúvidas sobre tudo aquilo que o 25 de Abril de 1974 representou enquanto movimento revolucionário e enquanto memória educativa a ter em conta nos dias que correm. O problema pode ser exclusivamente meu, admito-o! Mas preocupa-me verificar que a índole da história é bela e amena, mas a forma… Neste ponto, o da forma, vem-me sempre à memória uma frase batida: “Bem fala Frei Tomás, ouve o que ele diz mas não faças o que ele faz!” E questiono-me no porquê desta inquietação, inquietação, inquietação, perante este dogma que insisto em descobrir, enquanto outros se preocupam em o continuar a impingir. Centremos o discurso e questionemos a marca simbólica. O que representou o dia em termos sociais e humanos? Se podemos afirmar que ao nível de uma revolução social a coisa até pegou e anda de “pétalas em popa”, ao nível de uma interacção humanitária a dignidade humana continuou a ser algo desconsiderada, chegando nós ao ponto de discutir, com algumas pessoas ditas “revolucionárias de Abril”, o extracto social onde se deverá iniciar esse picuinhas direito social resumido na expressão “viver com dignidade”. É complexo, eu sei isso! É difícil escolher entre os que “já vivem de barriga cheia” e entre aqueles que “a têm completamente vazia”, não é? Se os primeiros, porventura, perdessem os direitos adquiridos e os partilhassem com os que ainda não tiveram, nem nunca vão ter, acesso a esses mesmo direitos adquiridos, criava-se uma situação de crise partidário-política muito preocupante, pois a barriga ficaria um pouco menos cheia e a maldosa igualdade de oportunidades ganharia contornos reais, o que nenhuma dialéctica neo-tendencialista poderia suportar. É que isto de todos diferentes, todos iguais é aceitável, mas devagar, pois tem múltiplas leituras e também significa: todos iguais na nacionalidade mas todos diferentes na oportunidade. Já me desviei daquilo que me propus cantar nesta crónica, não já?
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Guarda, 27 de Abril de 2010
Daniel António Neto Rocha
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Guarda, 27 de Abril de 2010
Daniel António Neto Rocha
(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 28 de Abril de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)
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