quinta-feira, junho 09, 2005

Era uma vez um país.

Não há muito tempo atrás (cerca de 650 anos!) existiu um Rei que acumulava riquezas. Os seus cofres estavam sempre cheios. Cobrava impostos e mantinha a lei segundo os seus preceitos. Ele tinha direito a receber impostos e a impor a lei! Ele era descendente de Reis. Assim se construiam castelos, palácios, pontes, estradas, etc. Essa época era chamada de Idade das Trevas, ou, de forma mais airosa, Idade Média. Nesse período havia o Rei e havia os senhores que rodeavam o Rei - era o Portugal Senhorial. Época de diferenças avassaladoras. A verticalidade económica era avassaladora. O desrespeito pelos pobres era mais que muito. Os Senhores mandavam e desmandavam ao sabor do vento. Morria-se de fome quando alguma intempérie destruia os cultivos. Morria-se de peste devido às, nenhumas, condições higiénicas.

Mas também nesse tempo se vivia ardentemente cada dia. A morte era certa. A vida nem por isso. Nesse tempo corria-se o país e pagavam-se impostos. A protecção comprava-se, em jeito de impostos.

Nesse país vivia gente. O Rei mandava e o povo sofria. O povo pagava para viver e morria.

Nesse país viviam analfabetos, não aspiravam a ser mais que bons pais de família e bons agricultores.

Nesse país a mentira vinha de cima. A mentira vinha do Rei e dos Senhores.

Nesse país não viviam pessoas, viviam mortos.

Nesse país vivia o medo. Vivia o desejo de não morrer. Vivia a vida curta.

Nesse país vivia alguém. Não sei quem, mas vivia!

Nesse país vivo em sonhos, em devaneios de peste e de cataclismos. Sonhos transformados em pesadelos num desejo de revolta.

Nesse país vivo eu agora!

quarta-feira, março 02, 2005

Porque a turba não se acalma.

Diz-se, em locais visitados por sábios e simples curiosos, que a remissão (voluntária) de algumas pessoas ao, por vezes desconfortável, silêncio será sinal de fraqueza. Pois para mim será vontade em que a tempestade passe. Que ela provoque estragos. Que ela destrua tudo o que conseguir. E que ela acabe.

Quem se conseguir safar do silêncio da vida e se revoltar contra "a lei da morte" avaliará os estragos provocados.

Não é para nós, leitores da sociedade em que vivemos (que é para mim o mundo), indiferente a passagem de um cataclismo sobre uma parte do planeta. No entanto, o que se poderia fazer para ajudar as pessoas que sofriam esse cataclismo no exacto momento em que ocorria? Nada. Apesar de palavras cruéis compreendo que em todas as guerras existem baixas. Assim como em todos os acidentes naturais existem baixas. Isto é regra "sine qua non" em qualquer cataclismo.

Os que se perguntam onde quero chegar com estas palavras não se apoquentem, pois logo serão explicadas.

Do vosso