domingo, junho 30, 2013

Pensalamentos #92

Cair demasiado depressa na realidade que se pensou não existir
e
constatar que damos de nós aquilo que o mundo não merece.

sábado, junho 29, 2013

Atitude Crónica




"São crónicas marcadas por um tempo específico e por uma reacção que se despoleta, mas, acima de tudo, subsiste nestas crónicas uma atitude de constante valorização moral e humana. Em suma, despoleta-se a partir da cidade mais alta uma atitude crónica!"

Acordos na Guarda? #5 - infelizmente, só mudarão as moscas

E eu, que sou um crente naquilo que diz respeito à honra que todos os dias as pessoas vão demonstrando, sou fulminado com uma decisão que, por estranho que pareça, ainda ninguém me tinha comunicado. Digo por estranho que pareça porque há questões que são do íntimo das pessoas e que eu não tenho nada a ver com elas, mas há outras que dizem respeito a conversas, discussões e apoios públicos e familiares que fui fazendo desde sempre, alertando as pessoas para injustiças ou erros grosseiros e propositados que estariam a ser promovidos. FACTO: nada se aprende e, aparentemente, os fantoches vão continuar. Pois bem, andava eu a pensar que poderia haver uma revolução na forma como determinadas aldeias do concelho se têm guiado e, ao que parece, nada disso acontecerá. A queda dos anteriores cabeças de lista em algumas aldeias do concelho não teria de trazer novas e diversas formas de estar na política e na forma como são geridas essas mesmas aldeias? Sim, claro. Mas nada disso parece vir a acontecer, pois a contaminação das listas com esses figurões no segundo lugar das listas, contornando assim as determinações legislativas, não permitem alterações no modo de funcionamento da máquina viciada. E as freguesias vão pagar caro esse erro grosseiro dos putativos fantoches. Custa-me verificar isso, uma vez que continuo a acreditar que as pessoas são indivíduos com valores próprios e autónomos. Por isso estou chateado! A minha aldeia de crescimento está perante uma grande oportunidade de tomar um rumo para fora do declínio, mas continuamos a apreciar uma intenção de quintas e de pequenos poderes, que resultarão naquilo que aconteceu comigo (fui viver para outra aldeia e só venho aos fins-de-semana!). Será que ninguém percebe que não vamos lá com uma atitude de ganho privado e de obediência ao "soba"? Há vinte e tal anos criticava-se o outro por ser controlador e por agir de forma a favorecer o seu próprio apetite, mas agora não se critica a mesma atitude e a mesma postura? Custa-me verificar isto e não vou dar mais para esta causa. De forma a não me chatear com o que não me atinge diariamente, vou votar para outro lado. Sejam felizes!

P.S. - Este texto (reflexão?) é extensível a mais algumas dezenas de freguesias do concelho da Guarda e de outros concelhos do país.

O que vai sair daqui #2 - "Eles vão continuar «Os Maias»"

E para piorar a coisa devemos ler aqui as motivações para a criação desta continuação. Ao que parece o dinheiro continua a comandar e já se aproveita Eça para, de certa forma, fugir à sua fina ironia. Aposto (a brincar!) que Balsemão irá ser o salvador do jornalismo tão criticado por Eça, pois não acredito que ele seja caracterizado como um Palma Cavalão do pós-25 de Abril. Vamos ver que ainda surge no personagem Balsemão um sonho, jeito simples de criar prolepses nos romances, em que ele se vê a enterrar uma cápsula do tempo numa cidade provinciana do século XXI.

O que vai sair daqui #1 - "Seis escritores portugueses dão continuidade a «Os Maias» de Eça de Queiroz"

Ora aqui está uma "actividade" (?) que promete criar uma verdadeira guerra de palavras. A iniciativa é do "Expresso" e, tal como o grupo que o sustenta já fez em parte com "Os Lusíadas", promete trazer uma alegre discussão sobre os limites da criação literária. Como é óbvio, os autores convidados são na sua maioria bons e farão um bom trabalho, mas dizer que é a continuidade de "Os Maias" que vai aparecer... é demais! Será que o facto de um jornal fazer 40 anos lhe dá a legitimidade para, de certo modo, vulgarizar as o cânone literário de um país? Estou curioso para saber o que cada autor escreverá, mas talvez a dimensão simbólica das narrativas abertas seja mais importante do que a feira das vaidades que se aproveita da literatura. 
Ler aqui a notícia. 

Pensalamentos #91

ser vítima de mentira consciente
e de ocultação de sinceridade
tal como se de um estranho se tratasse

reunir em si a crença humana
e perder a ilusão de forma cruel 
tal como se de um ignorante se tratasse

siga então a utopia solitária

Repentes #27 - amizades da minha vida académica e cultural em Coimbra




Hoje acordei com uma sensação estranha de desagregação total, tendo em conta aquilo que soube sobre Famalicão da Serra (algo de que falarei mais daqui a umas horas) e com a notícia de que um amigo tinha morrido em Coimbra. Não, não era uma uma amizade de intensidade máxima ou de uma presença constante. Era uma amizade de empatia e de respeito mútuos. Foi nos tempos em que presidi ao Coral de Letras da Universidade de Coimbra (CLUC) que conheci e comecei a contactar com Mário Nunes, então Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra. Ele não tinha aqueles tiques de homem político que vive numa nuvem e que se considera superior a tudo e todos. O homem que eu conheci era de uma simpatia e de uma atenção extremas. Preocupado em fazer bem o seu serviço e em dar a conhecer a sua Coimbra e as várias realizações culturais da mesma. Um episódio muito curioso foi o dia em que fomos para Granada (Espanha) com o CLUC e, uma vez que uns dias antes ele nos tinha prometido umas recordações de Coimbra para as gentes andaluzes, Mário Nunes nos brindou com uma montanha de peças (entre livros e faiança) alusivos àquilo que Coimbra tem de melhor. Para além desta relação mais institucional, fiquei sempre com uma amizade pura por este homem que nos dava sempre um abraço e nos falava de forma educada e alegre. Nos últimos anos do meu afastamento de Coimbra, só o revia nos textos que escrevia para o jornal As Beiras. Hoje, este mesmo jornal na sua versão online, deu-me a triste notícia. Faleceu hoje, em Coimbra, e perdeu-se um homem bom.

Repentes #26 - pela Guarda e por Gouveia

Bonito, bonito, bonito é ver responsáveis por instituições de solidariedade social do distrito da Guarda, com responsabilidades enormes pelo nome das respectivas instituições, a fazerem uma campanha azeda de perseguição política. Eu pensava que era só pela Guarda que isto acontecia, mas por Gouveia também vai acontecendo e com força. Parece-me indecente que responsáveis partidários nacionais venham ao distrito dizer que "estão a ser perseguidas pessoas por outras cores partidárias" e depois sejam os elementos dessa mesma cor a fazê-lo no mesmo distrito. Talvez a vergonha comece mesmo a ganhar nomes num destes dias. Sim, ando atento à Guarda e a Gouveia e não estou a gostar nada dos "figurões" que apontam aos "colaboradores" e lhes dizem que "vão para o olho da rua se forem nesta ou naquela lista". E esta, hem? 

terça-feira, junho 25, 2013

Repentes #25 - Longe e perto

Há quase uma semana que estou sem me aproximar da internet e só me sinto mal por não ter transmitido metade daquilo que pensei escrever para aqueles que gostam de ler o que por aqui se vai dizendo. De resto, só me fez bem!

terça-feira, junho 18, 2013

Crónica dos caminhos para as autárquicas 2013 (parte três): as direitas (*) - 17. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada



1. O mundo actual está envolvido numa espécie de cabala numérica que mete (salvo seja!) o número três em todos os sítios possíveis e imaginários: na política, antiga ou actual, com o triunvirato e com a troika; na religião, com a santíssima trindade e com os três pastorinhos; na protecção civil, com o célebre triângulo do fogo; na sexologia, onde não farei qualquer tipo de alusão para não deixar chateado o senhor provedor; e no mundo da escrita, onde há-de haver sempre uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão. Perante esta espécie de ordem universal, também eu decidi trazer aos ouvintes uma crónica tripartida, que iniciei há cerca de um mês e que hoje aqui tem o seu fim. Tentei, nas quase análises que por aqui fui fazendo, mostrar o que trazem para a Guarda os candidatos independentes e os candidatos de esquerda, ficando para hoje a abordagem ao único, até agora, candidato de direita. Curiosidade ou não, são também, espremidos os campos de origem dos candidatos, três os principais candidatos a noivas do concelho. Mas deixemo-nos de núpcias antecipadas e vejamos o que nos traz o candidato da Guarda com Futuro.   

2. Álvaro Amaro é um velho conhecido da cidade, especialmente da velha cidade, sendo para os mais jovens cidadãos (como eu) quase um desconhecido. Homem político, que nos habituámos a ver como jogador de outros tabuleiros bem longe dos concelhos, o seu percurso, por paradoxal que pareça, foi bem ligado a funções concelhias e distritais. Nestas mesmas funções acabou por ter algumas picardias célebres que são muito importantes para perceber as eleições de Setembro. Tem a seu favor o facto de ser um político que faz um barulho quase ridículo quando se trata de defender aquilo em que acredita. Mas, será isto bom ou mau? Talvez seja mau, na medida em que nós não gostamos de cair no ridículo e no mau hábito de sermos caracterizados como gente rude e um pouco mal-educada por influência directa de um qualquer político. Talvez seja bom, na medida em que não importa a forma como se diz mas sim o facto de repararem em nós e nos ouvirem. Claro que penso, neste ponto, na forma eufórica e quase orgástica como pediu ao Primeiro-Ministro para não pagar, através do Turismo de Portugal, o Hotel de Turismo à Câmara Municipal da Guarda. Por este prisma, e pensando no imenso buraco negro que ainda está por explorar neste e noutros negócios estranhos na cidade, talvez Amaro consiga cativar mais do que repelir algum do eleitorado, mas terá para isso de fazer um trabalho de comunicação quase individual com as gentes do concelho. E estas são as boas notícias para Amaro: o facto de ser uma alternativa forte (há quem diga que não o será por manifesta antipatia pessoal) e o facto de ser um comunicador sem problemas em “chatear” quem quer que seja. Há, no entanto, uma suposta má notícia para Álvaro que talvez o não seja completamente. Falo da circunstância de Amaro ser o alvo a abater, não só por quem está naturalmente do outro lado da barricada mas também por quem até há bem pouco tempo partilhava a trincheira com este candidato. Olhemos bem, o candidato do PSD é o primeiro (se não for, corrijam-me) a entrar na corrida com a estrutura concelhia contra e com elementos desta a assumirem papéis preponderantes numa das candidaturas independentes. Claro que isto é muito mau em termos da imagem que a estrutura do partido quer passar, mas talvez esta desagregação dos apoios laranjas seja exactamente aquilo que Amaro pretende: o aparecimento, depois de muito tempo, de uma candidatura realmente una e coerente. Confusos? Talvez pareça mais confuso do que é, bastando, para nos esclarecermos todos, que nos lembremos dos resultados catastróficos das supostas unidades do partido nas várias autárquicas passadas. Com a ausência de unidade para uma candidatura, Amaro terá percebido, como todos nós já percebemos há muito tempo, que o PSD da Guarda é um partido que perde eleições quase que por vontade própria e quis (aí vai a bomba) testar as forças vivas da cidade, dando-se mal, pois, como Igreja no PS, suscitou o aparecimento em força dos velhos hábitos e vícios que, naturalmente, vão manobrando nas sombras. E é neste campo dos vícios que a união com o CDS-PP me levanta muitas dúvidas e que lá mais para a frente pode ter consequências desagradáveis para a coligação. No entanto Álvaro Amaro já demonstrou que pode ter alguns trunfos só tem é de os utilizar.     
 
3. Quem seguiu estas crónicas pode verificar que tentei ao máximo falar apenas dos cabeça de lista e das motivações que os pudessem acompanhar para esta corrida. Das cinco estruturas que se aprontam para a “guerra” há três com um potencial de vitória elevado e com motivações bem diferentes. Cabe-me, portanto, tentar concluir algo desta tríade. Primeiro, Bento é, cada vez mais, a face da continuidade e o facto de ser o receptor dos desavindos dos outros partidos insinua mais do que esclarece, não deixando de ser (quanto a mim compreensivelmente) o principal candidato à vitória. Segundo, Igreja é o candidato da renovação do partido e da renovação (caso vença) camarária, pois trará uma visão experimentada e realista da sociedade para o campo da discussão sobre o futuro da cidade, mas não me parece que seja o reformador que todos esperávamos que fosse inicialmente. Terceiro, Amaro é o representante quase profissional da mudança, só não sei se positiva se negativa, pois são estranhos os interesses guardenses na defesa de uma iniciativa, mas como última etapa da vida política quererá ele construir em vez de destruir, e isto pode ser importante para a definição de uma política e para a decisão do eleitorado. Para terminar, apressem-se lá, senhores candidatos, a apresentar a restante equipa porque o eleitorado quer ver bem com quem é que a mulher de César afinal se anda a deitar para que se faça um bom julgamento.      

Moimenta da Serra, 17 de Junho de 2013
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 18 de Junho de 2013 - disponível em podcast em Altitude.fm)

(*) Disponível por um período limitado de tempo

segunda-feira, junho 17, 2013

Crónica: trio de crónicas termina amanhã

Termina amanhã (9h e 17h, na Rádio Altitude) a crónica tripartida sobre a corrida eleitoral para a Câmara Municipal da Guarda, a "Crónica dos caminhos para as autárquicas 2013". Termina com a análise da direita (a crónica de amanhã) e com uma pequena conclusão sobre quais serão, na minha opinião, as reais hipóteses de cada um dos candidatos (ali resumidos aos três principais) e aquilo que trarão à Guarda.

Entretanto e caso queiram, podem ler as anteriores aqui, sobre as candidaturas independentes, e aqui, sobre as esquerdas. 

Pensalamentos #90

Andam bruxas pelos bosques
e
Bosques cheios de feitiços libertados
logo
Andam bruxas cheias de feitiços a libertá-los!

domingo, junho 16, 2013

Criações pessoais: conticídio involuntário!


Ontem, pelas 0h25m, cometi um conticídio. Foi involuntário, mas deixou-me extremamente infeliz. Não o queria fazer, nem sequer sabia que o iria fazer. Infelizmente, nada consegui fazer para evitar o triste fim e, deste acto não tresloucado, assumo completamente o meu crime. Sou, enfim, responsável e vítima. Agora tenho de reescrever tudo.

sábado, junho 15, 2013

Gouveia: uma manhã sobre Aquilino

(Foto: Paulo Prata - Notícias de Gouveia)

Não tendo novelas para ver logo de manhã (notem este início cheio de ironia, que alguns dirão ser sarcasmo), fui assistir hoje de manhã a uma pequena conferência do Professor Alípio de Melo à Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira, em Gouveia, sobre a vida e obra de Aquilino. Uma pequena mas bem urdida alusão ao autor mais português de Portugal. Gostei muito e vou repetir a presença em próximas ocasiões. 

quinta-feira, junho 13, 2013

Repentes #24 - Crato tem razão

O papel a que Nuno Crato se tem prestado enquanto responsável máximo da pasta da Educação tem conseguido ser bem melhor do que o das suas antecessoras, principalmente naquilo que ele chama de "prejuízo ao alunos e educadores". De forma bem clara, tem demonstrado as razões pelas quais o ensino público tem mesmo de continuar público e, quanto mais rápido possível, o ensino privado ou com contornos poucos claros de colaboração público-privado tem de ter uma presença cada vez maior do estado e da máquina do tribunal do trabalho. Porque digo isto? Já viram que Crato sempre disse que sempre trabalhou no ensino privado e, vai daí, traz esta pequena atitude de ditadorzeco da treta que envergonha o próprio Salazar? Imaginem se não existissem no ensino público os mecanismos de protecção à realização da greve, já verificaram a ânsia de "matar" os professores que os olhos de Crato revelam cada vez que diz que os "alunos não podem ser prejudicados"? O que Crato esquece e todos os alunos do país sabem é que enquanto Crato vai vivendo desafogadamente esses mesmos alunos têm problemas em casa e os professores desses alunos vêem-se e desejam-se para conseguir ensinar de forma tranquila. O Crato não sabe mas deveria saber é que a atitude de "quero, posso e mando" é lei em muitas escolas do país, existindo chantagens por parte dos empregadores aos seus colaboradores que os obrigam a trabalhar o dobro das horas que, no final, aparecem sumariadas. O que Crato não sabe mas deveria saber é que a tirania não é regra mas sim uma ilegalidade. O que Crato não sabe mas deveria saber é que a grande parte dos professores das escolas públicas também nasceu nos tempos de Salazar e por lá viveu uns bons anos, sabendo, por isso, reconhecer quando um Salazar em ponto pequeno se coloca em bicos dos pés. O que Crato não sabe mas deveria saber é que há homens e mulheres que ainda seguem os princípios da honra. O que Crato não sabe mas deveria saber é que neste país os professores são dos poucos que se preocupam com os alunos que todos os dias com eles conversam. Mas isto é tudo o que Crato não sabe, porque o caminho e o sítio onde ele quer chegar é conhecido por todos e não é favorável a Portugal nem às suas gerações.