domingo, abril 01, 2012

Até ao meu regresso

Um dia acontecia e, curiosidade, foi hoje mesmo. Pouco depois do jogo do Benfica, recebi a notícia: "É hora de partir!"
Direi mais amanhã, mas é certo que nos veremos apenas de ano a ano ou ainda maior espaço de tempo.Cá vou eu para o país dos koalas!Deixem-me fazer as malas, parto já na segunda.

quinta-feira, março 29, 2012

Momentos em imagem #2



Os anjos estão onde menos se esperam. Em Março de 2008, mais ou menos por esta altura, encontrei este em Barcelona.
Admiro imenso o trabalho que estes artistas (vulgarmente chamados de homens estátua) fazem. Está tocou-me pelo simples facto de me ter dado uma pequena estrela, que guardo religiosamente, com votos de felicidades. Bem sei que foi apenas uma mulher a dar um objecto a um homem, mas prefiro olhar para o gesto com uma enorme carga simbólica e poética: um anjo a encaminhar um homem perdido!

terça-feira, março 27, 2012

Pensalamentos Emprestados #8

"O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço."


(Álvaro de Campos)

domingo, março 25, 2012

10.Crónica Diária na Rádio Altitude(3.ª temporada) – Crónica dos gritos de liberdade na literatura ou da justiça que nunca mais chega à humanidade (*)

1. Talvez todos os que me rodeiam tenham razão e talvez a minha única alternativa seja fingir-me de ficção. Sim, talvez a única opção para quem acredita na coerência e na lisura de comportamentos seja rodear-se de irrealidades em que não acredita e tornar-se membro honorário do clube português de negócios, onde só entra quem já tiver vendido a mãe e estiver a segundos de terminar a licitação do pai (mas tudo isto ao melhor preço!). Eis a ridícula opção para sobreviver em Portugal, treta de país onde reina a corrupção, o desrespeito por leis e a crónica atitude de passividade perante um bem superior que se nos oferece. E apetece-me, aqui, concordar com o banqueiro, personagem central do conto “O banqueiro anarquista”, de Fernando Pessoa, que diz a certa altura: “Empregar todo o nosso desejo, todo o nosso esforço, toda a nossa inteligência para implantar, ou contribuir para implantar, uma ficção social em vez de outra, é um absurdo, quando não seja mesmo um crime, porque é fazer uma perturbação social com o fim expresso de deixar tudo na mesma.” E lembro-me, inevitavelmente, das palavras magoadas de Manuel António Pina a caracterizar os homens e mulheres dos seus vinte anos, cheios de utopias e de crenças na melhoria e na mudança do futuro de um país que esteve demasiado tempo no tronco da opressão, mas que se revelaram habilidosos continuadores da usurpação de liberdades. E lembro-me das histórias sobre gritos de revolta, ensaiados pelas ruas, que culminariam numa madrugada enganadora e puramente ficcional, a que eufemisticamente demos o nome de Revolução. E espero, ainda, o dia em que a opressão seja verdadeiramente subjugada pela igualdade e onde a tirania deixe realmente de ter “um machado que corte a raiz ao pensamento”. E sinto-me, na proximidade dos meus trinta anos, enganado pelas utopias que me venderam e que me prometiam um futuro justo e pleno de igualdade para todos os habitantes deste triste país, onde aos filhos da revolta foi prometido o fim do sofrimento imposto pela ditadura dos direitos desiguais e das leis do Príncipe João e do seu Xerife de Nottingham. E acordo assustado de cada vez que olho pela janela e vejo que, editado em 1890, o livro Os Selvagens do Occidente, de Alfredo Gallis, parece o relato dos dias de hoje em que “O fisco, de olhar matreiro e ventas dilatadas, anda todo o santo dia a cheirar as algibeiras do pobre, a ver se lhe pode roubar alguns ceitis para encher o tesouro público, miserável canastra sem fundo, que outros se encarregam de despejar.

(...)

Guarda, 18 de Março de 2012
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 20 de Março de 2012 - disponível em podcast em Altitude.fm)

(*) Por uma questão de princípios.

Ausência forçada

Perdoem-me todos os leitores regulares deste blogue o abandono a que o votei. Durante cerca de uma semana fui atacado por um mal que tende a ser generalizado: a "net" ficou sem "plafond"!
Perdoem-me!

sábado, março 17, 2012

Pensalamentos #42


Lá fora chove mansamente
sobre as camélias,
os narcisos e as rosas
ou sobre os lentos
rebentos dos pessegueiros
e pereiras
Lá fora
onde as viçosas berças
de outrora
se consomem pela lagarta
Lá fora
onde a terra cheira
a terra
e as gotas se esmagam contra
as pedras
Lá fora
onde não estou eu
nem eu

Cá dentro
as lágrimas caem
solitárias

quinta-feira, março 15, 2012

Repentes #6 - Pobre Público

Ao que parece, tudo aquilo que não produz, mecanicamente, algum tipo de substância prontamente empacotada e enviada para o centro comercial mais próximo de si é para cortar e depressa! Revejo-me completamente nesta opinião de Manuel Poppe, que tem lutado imenso contra o aparvalhamento e a incultura nacional, e, ironicamente, acrescento: se isto da educação é uma merda e não vale de nada, porque deixam, os senhores que escrevem tais aberrações, os vossos filhos na escola? Sim, quem tem filhos mais pequenos, porque os deixa, também, no Jardim de Infância? É que lá os trabalhadores passam o dia a olhar pelas crianças e não produzem "nada"!
Enfim, pena que um jornal de referência nacional se dê à venda da sua integridade, reconhecida pelos leitores, em troca de uma qualquer "sopradela de ouvido". Já aqui salientei o serviço público que prestou à educação e ao país quando trouxe perguntas pertinentes para a praça pública e nos mostrou a fraca visão dos nossos governantes, mas agora teve de se curvar "aos senhores".
Parece impossível, mas nem no salazarismo a classe docente foi tão perseguida por tão ignóbil gente!

quarta-feira, março 14, 2012

Momentos em imagem #1

Concordo em absoluto com esta metáfora!


(registo fotográfico efectuado por mim numa grande superfície comercial)

sábado, março 10, 2012

Pensalamentos #41

Aziado,
com os extremos da vida,
encontro as barreiras
supérfluas
do tempo.

Derrotado,
entrego-me à corrupção
de um momento
alegre.

quinta-feira, março 08, 2012

Pensalamentos #40

Há o fim
o princípio
o meio
o quase
o início
o intervalo
e tudo
o tempo controla
de forma mecânica e
por vezes
feroz.

Lá pelo
meio
de tudo quanto dizem
existes tu
e a
tua existência
breve.

quarta-feira, março 07, 2012

Pensalamentos #39

E
depois há
este comprometimento
com o abismo
este pulsar agónico
de atracção
cataclísmica
que nos empurra para
terras de escuridão
onde nem
Orfeu
nos socorre.

terça-feira, março 06, 2012

09. Crónica Diária na Rádio Altitude (3.ª temporada) – Crónica precisão educativa ou das perguntas difíceis (*)

1. Do meio da loucura capitalista e das mais valias originadas pela exploração sem sentido dos poucos dinheiros dos contribuintes, há, por vezes, algumas acções que merecem destaque e uma análise por parte de nós, pobres comentadores que ninguém ouve ou sequer escuta, mas que também lêem jornais. Daí que o facto de o jornal Público ter uma versão gratuita é estranho, mas mais estranho é essa versão gratuita ser uma análise muitíssimo interessante da vida que nos rodeia e dirigido pelo filósofo José Gil. Se não estão a reconhecer o nome ou se estão a confundi-lo com o músico João Gil, desenganem-se e leiam o seu ensaio extremamente pessimista acerca do nosso futuro enquanto pátria chamado: “Portugal hoje, o medo de existir”. Para além de uma visão muito negativa acerca daquilo que os portugueses vêem como futuro, o autor refere ainda a face negra daquilo a que chamamos, com algum carinho à mistura, democracia portuguesa. Mas isto são só duas ideias que perpassam por todo o ensaio, que deve ser lido por quem educa e por quem se preocupa.

(...)

Guarda, 05 de Março de 2012
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 6 de Março de 2012 - disponível em podcast em Altitude.fm)

(*) Por uma questão educativa!

domingo, março 04, 2012

Há dias felizes #1


Tudo não passa de
alegria incontida
pela presença
calorosa
de um filho.
Eis que a simples
existência
se faz vida.

sábado, março 03, 2012

Pensalamentos #38


Entristecem-me as
ausências
injustificadas dos entes
que rodeiam
a minha real
existência.

Talvez
não passem de ficção
que um dia
criei.

quinta-feira, março 01, 2012

Pensalamentos #37



Acredito no fim
e talvez no princípio.
Acredito na inexistência
e talvez na existência.
Acredito em vida
finda ao fim da morte.
Acredito na tristeza
da longínqua
saudade.
Acredito no sofrer
e também
na dolente
caminhada
solitária
para um horizonte
pleno de trevas.