sábado, agosto 27, 2011

Li: "Arte de ser português", de Teixeira de Pascoaes


A "Arte de ser Português", de Teixeira de Pascoaes, é uma análise filosófica e lírica do SER português. Em cerca de 100 páginas explora a alma pátria e revela que só na espiritualidade é que um povo consegue atingir toda a sua plenitude. Curiosa é a visão do político português, do pósrevoluções liberais, que se contrapõe aos antigos representantes do povo nas cortes régias. Este visto como um homem de bem que defendia claramente a sua população e aquele um oportunista sectorial que só se preocupa com o partidarismo e com os seus próprios interesses singulares.
Outro dos pontos interessantíssimos é a visão da heterogeneidade do povo português enquanto resultado das misturas que a própria história das invasões apresenta. Para Teixeira de Pascoaes, somos nós, povo português, uma agregação das raças ariana e semita (depreendo que Aristides de Sousa Mendes foi um leitor deste livro!). Como é óbvio, também neste livro se fala de religião, de arte e de carácter. Em relação a este último conceito pouco se pode comparar com os dias de hoje, pois todos sabemos que a maior parte dos portugueses, em especial os que possuem lugares de responsabilidade, são seres amorfos, balofos e completamente desprovidos de algo que se aproxime da palavra carácter.

Para uma obra que está quase a celebrar os seus cem anos de publicação, é um estudo extremamente actual e necessário. Como é óbvio, esta última afirmação subentende tudo aquilo que sempre se aconselha: ler com o devido distanciamento e não assumindo tudo como verdade absoluta!

quarta-feira, agosto 17, 2011

Jaime Antunes é um sábio!

Não costumo dar conta das minhas leituras de opiniões de outros nos jornais nacionais, mas aquilo que li do ilustre Jaime Antunes (eterno candidato às eleições do Sport Lisboa e Benfica) sobre educação (este tipo fala sobre educação????) deu-me vómitos! Não é que na base não tenha alguma razão, mas conhecendo nós (povo português) o jeito ditatorial dos Directores de Escolas para atingir os fins sem olhar a meios deveremos ficar preocupados e não exultantes, como é o caso desta figura destacada da escrita portuguesa. Leiam o texto que saiu hoje (dia 17 de Agosto) na última página do Jornal i (onde parece este ser ser um conceituado cronista, mas desenganem-se: ele é o proprietário do jornal) e regalem-se com a claque acérrima deste homem às últimas decisões do Senhor Ministro da Calculadora. Ele até refere que manda o senhor Ministro dizer que "quem [Directores de Escolas] não apresentar resultados positivos deve sair"! Pergunto eu, senhor Jaime Antunes, o que são para si resultados positivos ao nível das escolas? Os que servem os alunos ou, como tem sido tónica, os que servem a estatística?

segunda-feira, agosto 15, 2011

25 de Abril de 1974: a tomada de assalto

Para quem, como eu, acreditava que Crato podia ser mais do que nome de cidade e, quem sabe, um Ministro em condições, aí estão o proteccionismo e a mesquinhez. Pelos vistos, são os contratados (aquele que ele chama de novos ou do meio da carreira) aqueles que têm de ser avaliados, pois dão maus resultados à Educação do País das Maravilhas. Talvez o Senhor Crato não se lembre (ou não saiba), mas há muitos "bons professores" da velha guarda (a que ele próprio pertence) que são autênticos analfabetos e que continuam instalados airosamente nas cadeiras douradas. Será que ninguém disse a este Ministro da Calculadora quem começou por não querer a avaliação?


Fiz este comentário a esta notícia do www.publico.pt .

quinta-feira, agosto 04, 2011

Crónica Bombeiros.pt – A bem de uns, façamos a desunião entre todos!

1. Portugal é um país verdadeiramente abençoado pela graça divina em alturas de aperto. Foi assim há oitocentos e tal anos, quando Afonso Henriques tentava formar um país; foi assim há quinhentos e tal anos, quando os Deuses decidiram que seriam os Portugueses os ilustres descobridores de novos mundos e da rota marítima para a Índia (pelo menos na versão de Camões!); e é assim no ano do senhor de dois mil e onze, quando de corte em corte se vão acalorando os bombeiros portugueses. Graças a Deus ou aos deuses, cá vamos tendo uma semanita de fogos, mas sol de pouca dura e tempo bastante para um descanso merecido no quartel, sendo que desta forma o dispositivo pode retemperar forças e preparar-se com solidez para a próxima semana quente que virá quando São Pedro quiser. Felizmente que há quem pense nos bombeiros, pois pareceu-me no início deste verão que para os nossos governantes é mais necessário ter administrações com mais quatro a ser ricos administradores do que investir em mais meios terrestres ou colocar mais um ou dois meios aéreos para apoiar o ataque aos incêndios florestais. A leitura que faço é tão simples quanto isto: os bombeiros podem bem estar enrascados a defender o país e os bens dos portugueses e, quiçá, ter durante esta época de incêndios duas ou três baixas mortais, mas os amiguinhos e carneiros de estimação dos partidos políticos têm de continuar a comer caviar e a beber “champagne” francês de papo para o ar durante esta altura de calor.

(...)


Guarda, 03 de Agosto de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt a partir das 01h00m do dia 04 de Agosto de 2011)

sábado, julho 23, 2011

Poema da primeira pessoa do singular quase só em tercetos

Simplesmente eu!
Eu!
Eu, eu, eu, eu, eu…

Eu.
Eu, talvez.
Eu, mesmo eu.

Eu, eu, eu!
Só eu!
Eu?

Sim, eu.
Eu, agora eu.
Mesmo eu?

Eu!?
Não sei…
Eu!

Eu, ah!, ah!, ah!
Só mesmo eu!
Amanhã, eu!

Ontem, eu!
Depois de amanhã, eu!
Tudo, tudo, eu!

Eu
Eu
Eu

Eu…
Por todo o lado, eu!
Mesmo eu?

Não…
Eu?
Só mesmo eu!

Só…

Eu.
Eu?
Eu?

EUUUUUUUU!
Finalmente eu.

Narcisista eu?



(23-07-2011)

domingo, julho 10, 2011

Pensalamentos #15

A um escrito de Herberto Helder

amparando as ternuras do inimigo
com um sorriso decadente. e andava
trocando os passos de sonho
por delicados gestos de besta.

sábado, julho 09, 2011

5 anos (para os amigos verdadeiros)




Se uma lágrima
Cantasse
O derrame de trovões
E de silêncios

Se a voz se
Ouvisse
No canto inglório
Da saudade

Se o pensamento se
Entregasse
A momentos
De eterna melancolia

Se o teu rosto
Viesse
Apascentar a
Dor da vida...

Amanhã
é outro dia.



(09-07-2011)

quinta-feira, julho 07, 2011

A minha leitura (breve) sobre o "rating" de Portugal e as políticas económicas europeias

Como será óbvio, eu não percebo nada de economia (ainda continuo sem perceber o milagre da multimultiplicação dos juros a pagar ao empréstimo da "santíssima trindade"), mas quero dizer duas ou três coisas sobre o assunto:

1.º - Está mais do que visto que a Alemanha está a lucrar com a "austeridade" que exige que haja em relação aos países "à rasca";

2.º - Já não é a Alemanha que controla a Europa mas sim as agências de "rating" americanas;

3.º - Uma vez que a prostituição de Portugal junto dos outros países não tem dado resultado nenhum, exijo que o nosso país passe a usar um cinto de castidade e exijo também que a chave se perca no fundo do oceano Atlântico! Porquê? Não repararam que passam a vida a F***R-nos e já nem pedem licença?


Para além desta minha leitura tão bem concebida, pretendo que a Europa repare na enternecedora mensagem subliminar que nestes novos dias é transmitida a partir da Assembleia da República. Ainda não repararam em nada? E que tal se repararem na estratégica junção ou emparelhamento entre a Ministra da Agricultura e do Ministro da Educação! Estará em preparação uma nova estratégia de recuperação de alunos? Ou uma nova política europeia de incentivo ao cultivo de nabos?

segunda-feira, junho 27, 2011

5.ª Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão (9 de Julho de 2011)



"O Projecto Sérgio Rocha tem vindo a realizar, ao longo dos últimos quatro anos, em colaboração com o Portal Bombeiros.pt e com o Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF – ADAI), uma actividade formativa relacionada com o Incêndio que ocorreu no dia 9 de Julho de 2006 e que vitimou seis bombeiros, entre os quais o Sérgio Rocha (que empresta o seu nome a este projecto). Essa actividade tem sido reconhecida como um exemplo essencial para a formação de bombeiros e demais agentes da Protecção Civil, sendo-lhe concedidos os mais variados elogios por parte, principalmente, dos participantes (num total de cerca de trezentas pessoas) mas também por parte dos vários organismos e instituições relacionados com o combate a incêndios.

No presente ano, apesar de efectuadas múltiplas diligências para uma atempada realização, constatou-se que precisaríamos de reformular a forma como temos abordado os temas e a forma como deveríamos trabalhar no terreno o processo formativo, verificando que o montante a investir era incomportável para este projecto, uma vez que não possui verbas necessárias a essa realização.
Assim sendo, decidiu-se interromper por um ano esta Jornada, estando previsto para 2012 o seu regresso com mais e melhores actividades.
Desta forma, este ano o Acidente de Famalicão será recordado com uma acção mais informal e mais intimista, que consiste numa ida ao local do acidente (pelas 15 horas do dia 9 de Julho de 2011), onde se colocará uma coroa de flores e se fará um momento de reflexão e de troca de ideias por parte daqueles que queiram partilhar connosco este momento. Depois deste momento, o Projecto oferece um lanche a todos os participantes. A inscrição para esta deslocação deverá efectuar-se no Portal Bombeiros.pt.
No entanto, pretendemos que todos aqueles que se queiram deslocar ao local do acidente em dias diferentes daquele em que iremos assinalar este quinto aniversário o possam fazer. Desta forma, aceitam-se inscrições de grupos de pessoas para dias diferentes, tendo os interessados de enviar um pedido para o e-mail: projecto.sergiorocha@gmail.com, a solicitar esse acompanhamento. A partir desse contacto será efectuada a marcação.

Pela organização,

Daniel António Neto Rocha"

sábado, junho 25, 2011

Li: “Hieracita”, de Jaime Alberto do Couto Ferreira


O que esperar de um romance de trezentas e algumas páginas com o sugestivo nome de “Hieracita” (corruptela de “Hieracite”), que significa pedra preciosa usada para curar as hemorróidas?
O protagonista maior da obra (o narrador mais do que autodiegético), José de seu nome, vive numa aldeia de burgessos (alusão clara ao que foi (?) a aldeia natal do autor – Famalicão da Serra) de onde vai partir em busca de riqueza e, nota-se no desenrolar do fio da narrativa, ao encontro do conhecimento que nunca poderia atingir num “quotidiano entre as alimárias e os toscos”. Daí, decide sair e tentar a sorte tal como já tinha feito o seu irmão Alberto.
Assim que os dados estão lançados, o narrador dá-nos a visão do grande surto de procura da borracha (nas florestas brasileiras) e o autor mostra-nos todo o seu conhecimento em História da Economia, através de longas (demasiado longas?) descrições acerca dos problemas que se seguiram ao “boom” da borracha. Rico, “maçon” e agora proprietário de múltiplos terrenos em Famalicão, José torna-se um estrangeiro na sua terra.
Regressado de férias, fica fascinado com a beleza de uma menina “aperfilhada” por um padre, sendo em Famalicão que continuará a vida, sempre dando ares de galã e aproveitando para herdar a riqueza do padre Nave. Aqui começa uma descrição imensa sobre o papel da igreja e o autor volta a referir as milhentas leituras efectuadas em literatura oficial da religião católica, apresentando um rol de livros que, aparentemente, estavam na célebre arca do clérigo.
Antes de terminar a vida do narrador/ personagem e o próprio romance, o autor ainda tem tempo para: descrever hábitos e comportamentos dos burgessos de Famalicão e de mulheres “desgraçadas” por uma vida de depravação e de ingenuidade; apresentar histórias rocambolescas da banda filarmónica; e fazer uma apreciação muito curiosa sobre os professores da escola primária.

No final, para quem lê o romance fica a dúvida: estaria o autor a escrever um romance ilustrado com demasiadas referências bibliográficas ou estaria o autor a construir uma lista bibliográfica e saiu-lhe um romance? De qualquer das formas, é um romance que se lê bem (para o comum dos leitores, habituado a sofrer com a escrita realista e naturalista ou com a escrita intelectual de Umberto Eco) e que tem como feliz particularidade a existência de um narrador multifuncional (ao jeito de José Saramago) que cruza tempos e espaços diferenciados (como bem se nota na referência proléptica às eólicas que o narrador nunca sonhou sequer ver). A partir destes pontos de destaque, convém referir ainda a visão, que deve ser lida e analisada em jeitos antropológicos, de Famalicão e dos seus habitantes, pois a leitura sociológica que perpassa por toda a obra é a de que o nativo desta aldeia é abrutalhado e incapaz de um pensamento, havendo a necessidade da fuga ao vale para se atingir, por fim, a abertura de espírito capaz de construir consciências e educar o intelecto. Concordo plenamente com esta visão! Depois, importa fazer notar que é um romance que apresenta muitos erros de escrita, não se notando nele qualquer trabalho de edição por parte de um linguista ou de um revisor. Não é que este último ponto possa fazer do romance melhor ou pior, mas torna a língua deste romance bem pior. Por fim, o autor entrega-nos nas mãos um romance que deve ser lido por quem quer conhecer, não só, um pouco da alma de uma aldeia mas também o espírito dos filhos da terra que um dia saíram e por lá por fora ganharam a clarividência suficiente para conseguirem viver alheados dos burgessos típicos de Famalicão que ainda por lá vão recolhendo aplausos.

sexta-feira, junho 24, 2011

O dia antes

Os movimentos internos
Que o ser fez
Aparentando um reboliço
Um qualquer cataclismo prestes
Um tipo incomum de gestos
Plenos de novidade

Os começos de um ciclo
A ser longo e feliz
Cheio de marcas dolentes

A expulsão voluntária
O abraço materno
O largar das amarras
E o querer ser um eu
Independente.



(escrito a partir da observação da barriga que mexia, entre Junho de 2010 e Março de 2011)

terça-feira, junho 21, 2011

17. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do consumo ou dos sítios públicos

1. Não sou muito de alegar “lugares comuns”, mas, deixem-me dizer-vos, que no meu tempo não se via nada assim. E não pensem que não havia já comportamentos de risco e coisas parecidas! Foi na semana passada que ouvi, mais uma vez, uma reportagem sobre o consumo de drogas na cidade da Guarda. Até aqui nada de novo, pois a nossa cidade sempre teve condições, chamemos-lhes “geo-comerciais”, excelentes para este tipo de comportamento, se não acreditam atentem ou pesquisem sobre o fantástico trabalho da “nossa” Polícia Judiciária, desde há anos, na luta contra esta ilegalidade. No entanto, nem eu – que creio sempre que tudo pode acontecer – estava à espera de ouvir o que ouvi no noticiário da manhã desta mesma Rádio Altitude. Na voz escondida de “um proprietário” de um café, ouviam-se palavras de uma tonalidade grave e de um medo extremo de um “conjunto de adolescentes” que se sentavam lá dentro não para consumirem os produtos que aí se vendiam, mas para (espantem-se!) fumarem uns charritos. Como, decerto, são jovens bem cotados na sociedade guardense, em primeiro lugar não se deram ao trabalho de ler aquele aviso que proíbe o consumo de produtos não comprados no estabelecimento, e, depois, o grupo de jovens ainda consegue dizer a esse proprietário que estão num lugar público, por isso podem fumar o que quiserem ou dizer o que bem lhes vá na “real gana”. Esta agora! Daqui a pouco dizem que dormem lá dentro e que o dono vá “ao diabo que o carregue” que aquele espaço é deles! Senhor proprietário, faça favor de os colocar na rua ou, se eles se recusarem, feche-os lá dentro e chame a polícia e os papás! Vai ver que por um lado ou por outro a coisa resolve-se. O que é certo é que este tipo de comportamento, que diz respeito ao consumo e posse de drogas leves, se vem generalizando e parece estranho, nos dias que correm, ouvir algum estudante do terceiro ciclo do ensino básico afirmar que nunca contactou com estas substâncias. O caso dos cafés da Guarda é, pois, um pequeno exemplo de algo que varre o país e que necessita de medidas urgentes - uma nova legislação sobre o consumo de drogas, uma vez que: ou se proíbe tudo, e a posse passa a constituir crime; ou se regulamenta a produção e a venda com fins específicos e em locais bem controlados, facilitando o controlo do consumo e da venda, e castigando quem se dedique ao comércio paralelo e com fins de tráfico ilegal. Sim, podem contar ao Vítor Gaspar e ao Álvaro Santos Pereira que há esta hipótese de amealhar mais uns trocos para o Orçamento de Estado com um imposto sobre as substâncias psicotrópicas de origem vegetal!

(...)

Guarda, 20 de Junho de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 21 de Junho de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

sexta-feira, junho 17, 2011

Pensalamentos emprestados #3


"O Professor é muito exigente nas aulas!"


P.S. - Pequeno comentário que funciona como interrogação a quem cair aqui em leitura: Não é essa a minha/ nossa função?

quinta-feira, junho 16, 2011

O materialismo informático é um dos elementos principais do PAC


A minha amiga e colega de profissão Liliana Verde enviou-me o "cartoon" que acompanha esta mensagem. É um "cartoon" que faz todo o sentido e que funciona como um aviso para as novas gerações de pais, pois este é um dos grandes motivos que fazem com que o PAC (Processo de Analfabetização em Curso), para o qual o meu caro amigo Manuel Poppe tem chamado a atenção, ganhe asas e voe.
Apetece-me ser bruto e acrescentar algo que já não é novo:
aos pais de hoje o que interessa é que os outros vejam que eles dão aos seus filhos as últimas modernices tecnológicas, mas nem se preocupam em dar-lhes uma educação que lhes permita usar a cabeça.

quinta-feira, junho 09, 2011

quarta-feira, junho 08, 2011

Crónica Bombeiros.pt: Mais do que exigir respeito, temos de aprender a merecê-lo!

1. Tenho andado algo atrasado na forma como interajo com os leitores deste nosso Portal, pois tenho uma vida, neste momento, intensa e, obviamente, muito saborosa. Nesta grande azáfama, tenho pensado muito naquilo que acontecerá aos bombeiros voluntários portugueses no ocaso (se posso ser assim optimista!) desta crise económica. Todos sabemos que haverá grandes reorganizações em todos os sectores da vida. O que fazer com um corpo social extremamente necessário mas que se pauta por um comportamento muito diferenciado e, se mo permitem, completamente destrambelhado (se atentarmos na forma como tantas “casas” são governadas)?

(...)


Guarda, 8 de Junho de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt a partir das 17h00m do dia 08 de Junho de 2011)

terça-feira, junho 07, 2011

16. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica de Oz ou da procissão do Adeus!

1. Cabe-me a mim, acérrimo defensor das qualidades indubitáveis e extremas do Primeiro-Ministro Engenheiro, dar a triste notícia ao vasto auditório deste espaço de opinião chamado de Crónica Diária. Cá vai a bomba tristonha: pelos vistos, ainda não é desta que emigro e deixo de vos provocar essa sensação de quase ardor nos ouvidos! Voilá! Sim, que andava eu todo entretido a pensar em que país se estaria melhor do que em Portugal, quando dou por mim no meio de uma população, que ama a propaganda e o facilitismo personificados numa já figura mitológica criada por um qualquer pseudo-Platão do merchandising político, a votar numa, já citada em tempos idos, figura literária surreal: o Coelho Branco da Alice no País das Maravilhas. Não quero estar para aqui a repetir textos idos, mas este personagem do romance de Lewis Carroll é reconhecidamente um eterno atrasado que tem de estar sempre a horas em todos os sítios, apesar de quase ninguém conseguir perceber que sítios são esses. Ora bem, tentando matar a metáfora que é mais comparação, no Domingo foi dia de eleições e o agora Primeiro-Ministro a ser é… (Oh!, pessoal, não se arranjam aí uns rufos para dar mais “pica” a isto? Ah!, pois… a Santíssima Trindade das ajudas e dos resgates, não é? Eu percebo… Voltamos a estar de tanga!) Voltando à vaca fria, a nova voz da rádio governamental é… Pedro Passos Coelho!

(...)

Guarda, 06 de Junho de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 07 de Maio de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

sexta-feira, maio 27, 2011

Memória: Manuel Poppe e os seus "Trabalhos e Dias"


Há quem diga que os meios de comunicação "internautas" (digitalmente falando) servem a imensa feira de vaidades em que todos nos enovelamos. Bem, cá está mais uma pequena vaidade em homenagem a um amigo.

"Sabe, Manuel, lá por ter sido homenageado, não quer dizer que agora já possa ser esquecido!"

E que bem sabe lembrar sempre Manuel Poppe através da leitura. Cá para mim, virá dele, brevemente, mais um grande momento de leitura.

Mas isto sou eu a adivinhar! Ou a constatar?

Ver mais fotos (quanto a mim um excelente trabalho do Arménio Bernardo) da exposição "Trabalhos e Dias", dedicada a ele, aqui ou ali.

terça-feira, maio 24, 2011

15. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica da ilusão ou “trinta mil milhões de quê?”

1. Sempre gostei de ilusionismo. Aquela aparente irrealidade que se condensa na arte de furtar aos olhos aquilo que não interessa vislumbrar sempre me deixou fascinado e tremendamente desconfiado. O grande David Copperfield encheu então a minha meninice de desconfiança e de uma suprema admiração. Era ele o grande mágico e o meu ídolo no mundo da ilusão. Assim sendo, li livros sobre magia, vi filmes e séries, olhei com redobrada atenção os movimentos e fiquei na mesma. Confesso-vos que não conseguia perceber como é que aqueles grandes artistas conseguiam ludibriar os meus olhos e levar-me a acreditar que tudo aquilo era a suprema realidade. O que é certo é que conseguiram iludir-me durante largos anos, conseguindo fazer com que eu imaginasse mundos alternativos e mágicos embebidos em truques de fazer cair o queixo. Posso dizer-vos que fico, ainda hoje, algo chateado com o facto de ser ludibriado por estas artes, mas agora sei que tudo não passa de uma arte feita entretenimento e consigo dormir descansado e menos desconfiado.

(...)


Guarda, 23 de Maio de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 24 de Maio de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

domingo, maio 22, 2011

Vi: "Futebol de Causas", de Ricardo Antunes Martins

A História de Portugal é um caleidoscópio de acontecimentos, parecendo uma história surreal e com contornos de magia. Hoje, apeteceu-me partilhar convosco um pouco de um documentário que já vem a caminho de minha casa.
E se o futebol se tranformasse numa arma política? E se a bandeira das reivindicações académicas fosse um rectângulo verde e onze camisolas negras? Tudo isto acontece em "Futebol de Causas". É um documentário alternativo que apresenta a essência das movimentações da Academia de Coimbra no período que precede as eleições presidenciais de 1958 e a crise académica de 1969. É um documento fenomenal e que todos nós, cidadãos amantes ou não amantes de futebol, deveríamos conhecer.
Afinal a liberdade fez-se de múltiplas formas, não foi?



FUTEBOL DE CAUSAS - trailer oficial from Persona Non Grata on Vimeo.

quarta-feira, maio 18, 2011

5000


Obrigado pelas vossas leituras! Vão vindo e comentando, pois aqui não há repúdios nem propaganda partidária!

sexta-feira, maio 13, 2011

Poema motivado pelo Manuel António Pina

Naquela semana, já saudosa, dos inícios de 2010, quando a Guarda começou a homenagear da melhor forma (através do contacto, da análise, da leitura, ...) os escritores com ligações reais à cidade, orgulhei-me de ser um dos que leram e declamaram Manuel António Pina ao longo do Ciclo com o seu nome.






O poema que declamei na altura, na sessão de leitura no Teatro Municipal da Guarda, foi:

A UM JOVEM POETA

Procura a rosa.
Onde ela estiver
estás tu fora
De ti. Procura-a em prosa, pode ser

que em prosa ela floresça
Ainda, sob tanta
Metáfora; pode ser, e que quando
Nela te vires te reconheças

como diante de uma infância
inicial não embaciada
de nenhuma palavra
e nenhuma lembrança

Talvez possas então
escrever sem porquê,
evidência de novo da Razão
e passagem para o que não se vê.




Depois de contactar com este poema, decidi responder-lhe. Agora que o reconhecimento da obra deste excelente autor é real, e realmente lusófono, quero partilhar convosco este poema e deixar-lhe, a ele, esta humilde oferenda:


Aviso a um navegador de jardins feio!

(a Manuel António Pina)

Alimenta-te da rosa!
Busca-a incessantemente
Perscrutando montes
E ribeiros
E até algumas
Lixeiras.

Coloca-a na grosa
Afinando as suas
Curvas petalares
E multiplicando
Os seus ais.

Relembra-lhe a
Infância, semente
De tempos perdidos
Envolta em manto
Morto e
Nauseabundo.

Então, talvez...
Nota que a sua beleza
Passa, rápida e mutável,
E a tua solidifica,
Onde ninguém a vê!

(20/01/2010)

terça-feira, maio 10, 2011

14. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica de Chora-Que-Logo-Bebes ou da virgem socrática entristecida

1. Em 1933, enquanto escrevia periodicamente pequenas histórias para a gazeta juvenil O Sr. Doutor com o pseudónimo de Avó do Cachimbo, José Gomes Ferreira estava muito longe de saber que a sua alegoria sobre o Portugal dos anos 30, intitulada As Aventuras de João Sem Medo, ganharia uma dimensão tremendamente actual oitenta e tal anos depois, e que daria azo a uma crónica radiofónica na cidade da Guarda. Para quem não conhece esta pequena pérola literária de aparência juvenil, que nada fica a dever ao mundialmente famoso Animal Farm, de George Orwell, fiquem a saber que é um conjunto de aventuras que têm como denominador comum a personagem heróica de João Sem Medo – um jovem contestatário da aldeia de Chora-que-logo-bebes, que está farto de viver no meio de lamúrias e de lágrimas. A partir do momento em que a humidade e o verdete se tornam insuportáveis, João parte da sua aldeia, apesar de todos os receios que a sua chorosa mãe lhe apresenta. Quase profeticamente, se atentarmos naquilo que aconteceu fisicamente na Alemanha e psicologicamente acontece por este mundo fora, o nosso herói depara-se com um muro altíssimo (metáfora da ignorância que acompanha os homens) que tem como função impedir o contacto com outro mundo – a chamada Floresta Branca, espaço dos sonhos, dos mitos e do desconhecido. Ora, para chegar a esse espaço de eleição, João Sem Medo tem de atravessar o Muro, que contém a seguinte inscrição: “É proibida a entrada a quem não andar espantado de existir”, dito que parece indiciar a seguinte leitura: só quem tem consciência de si poderá aventurar-se num novo mundo. A história teve um sucesso notável naquela época, tendo sido recuperada em forma de romance em 1963, quando a luta contra o regime de Salazar se revelava mais intensa. Nesta edição, o autor ainda não desconfiava, mas apresentava já a imagem de homem desafiador das regras impostas e um exemplo de coragem perante a adversidade tão necessário nos dias de hoje.

(...)


Guarda, 09 de Maio de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 10 de Maio de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

segunda-feira, maio 09, 2011

Pensalamentos emprestados #2


É proibida a entrada a quem não andar espantado de existir!

(José Gomes Ferreira, As Aventuras de João Sem Medo)

quinta-feira, maio 05, 2011

segunda-feira, maio 02, 2011

"Olhai vós bem que este sam eu!": Estes deputados! Ai!, estes deputados!



"Oriundo de Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra, o candidato socialista assume-se como um «beirão da Beira Serra» e «apesar de não ter nascido no distrito, a verdade é que fiz e ainda faço boa parte da minha vida aqui no distrito»."
in O Interior


Hoje, O Interior fez-me lembrar um textinho de Miguel Torga que integra o livro "Portugal". Miguel Torga é um homem de raízes, sendo um transmontano de gema. Daí que a alusão deste a Gil Vicente no texto intitulado "A Beira" me pareça tremendamente actual. Assim que li esta alusão ao novel deputado, lembrei-me que todos podemos ser deputados por Coimbra, pois todos vamos lá a consultas médicas ou, de quando em vez, ver um jogo de futebol. Lembrei-me, ainda, da seguinte passagem daquela maravilhosa Beira de Torga:

"Gil Vicente, que da realidade nacional sabia mais do que os próprios donos da pátria, fala assim no Juiz da Beira:

Olhai vós bem que este sam eu
Homem de boa-ventura,
Empacho nunca me atura
E hei-de dizer o meu
Como qualquer criatura.

É claro que o poeta não estava a fazer geografia humana quando divertia suas majestades, e por isso carregava para onde o gracioso pedia. Mas o bom senso de Pêro Marques é uma obra-prima de observação, e o primeiro verso da farsa é lapidar, e define o nosso homem de cima a baixo.

Olhai vós bem que este sam eu!

Teimoso como um Sísifo voluntário, nenhuma mudez original é capaz de o impedir de tornar audível o que esta afirmação promete de tenacidade, concentração, serenidade e consciência de si. Ou não estivesse a serra por detrás dos seus gestos! Medieval e tosco na capela dos Ferreiros, em Oliveira do Hospital, ajoelhado e renascido em Góis, fidalgo descobridor em Belmonte, viajante na Covilhã, guerrilheiro em Midões, pastor e camponês em toda a parte, ninguém o pode ignorar, porque ele desce a viseira, ergue as mãos, iça a vela, caminha, aponta a carabina, levanta a enxada ou maneja o cajado, e grita:

Olhai vós bem que este sam eu!"

E confirmo que ele é mesmo "Beirão", pelo menos no sentir de Torga. Daí que não é um "Beirão da beira serra"! Não descurando em Miguel Torga ou na competência deste novel deputado em ler textos sobre o Portugal de há 50 anos, talvez fosse bom que ele percebesse que o Beirão é um termo aplicado a quem é da Beira, tout court. Ou então esta marca identitária possuiria, obrigatoriamente, um determinativo: Beirão da Covilhã; Beirão da Guarda; Beirão da Beira Serra; Beirão de Coimbra; etc. e tal! Mas será que ao comprometer-se com este novo tipo de Beirão o Sr. Candidato a deputado estará a autoexcluir-se de algo que o Beirão, per si, possa possuir? Claro que é um termo apetecível, que desperta a cobiça e a inveja, e que atrai olhares lânguidos. O mesmo Miguel Torga diz porquê:

"Não é o brilho que o impõe, nem a honradez, nem a inteligência, nem outras qualidades que o português não tenha. É uma obstinação de caruncho, muda, modesta, inflexível, incapaz da piedade de ceder ao seu próprio cansaço. Mas essa teimosia dá-lhe o triunfo e a convicção de que só ele pode e deve conduzir os destinos da pátria inteira. Sem o dizer, sem o afirmar, o beirão sente-se dono de Portugal. Cingido até fisicamente às estremas da sua courela, herda, contudo, o sentido absorvente e centrípeto da mãe. E vá de inventar uma Beira transmontana, uma Beira alentejana, uma Beira estremenha e uma Beira Litoral, enquanto não se lembra de arquitectar uma Beira minhota e outra algarvia. Não há casal, dos inúmeros que se espalham pela serra fora como pequenos rebanhos de ovelhas, onde não tenha nascido um desses homens sem brilho, apagados e humildes, que começam a tocar pífaro sobre uma lapa, e que às duas por três estão no Terreiro do Paço de aguilhada na mão."

Daqui que compreendo as pretensões de quem, não querendo ser "paraquedista", tem de justificar o porquê de ter vindo de "limousine" com lugar marcado no "charter" com destino ao Terreiro do Paço e querer usufruir dos direitos de voar (não em executiva) em executiva-beirã.

quinta-feira, abril 28, 2011

Li: O Clube de Cinema, de David Gilmour


Sou um aficionado da leitura. Leio, leio, leio e volto a ler. Claro que sei o que são obras primas e o que são obras menores, mas não tenho por hábito deitar fora nada. Leio e, se me agrada o livro, fico satisfeito. Se o livro me enche as medidas até ao fundo da alma, celebro com uma taça de vinho, mas do bom!
Este pequeno opúsculo autobiográfico, de David Gilmour, foi-me "apresentado" por aquele que é, para mim, a grande referência em termos de cinema na cidade da Guarda - o Victor Afonso. Pessoalmente, ele já me tinha dado conta da existência deste livro, sabendo ele que um dos meus métodos pedagógicos preferidos é o ensino alicerçado no instrumento fílmico. Pois bem, aproveitando o lançamento (que a Editora Pergaminho por certo não lhe agradecerá ) deste livro que ele efectuou no seu blog - O Homem que Sabia Demasiado, dei-me conta da imperiosa necessidade de o ler. Assim o fiz e não fiquei desiludido. Por certo, poderia ser bem mais dedicado ao cinema, mas entendo que a relação (que pode ser representada na seguinte equação:) PAI <-> FILHO <-> (ADOLESCÊNCIA + INICIAÇÃO SEXUAL), que é explorada sob o ponto de vista do pai, é bem mais importante para o autor do que a constatação do génio de Hitchcock ou da capacidade criativa (tipo relógio suiço) de Eastwood.
O livro parte das memórias de um tempo difícil na vida familiar dos intervenientes e apresenta a problemática da escola tradicional, que é vista como desagradável para alguns alunos, e a necessidade da existência de alternativas a este tipo de ensino de forma a cativar os alunos menos dedicados ao estudo; apresenta também a iniciação no mundo das drogas e no mundo sexual; apresenta ainda a difícil relação entre os pais e os filhos num mundo em que o emprego consome quase todo o tempo. Desta forma, um pai (David Gilmour) desempregado vai contactar de perto com o desnorte do filho e, numa jogada muito arriscada, decidi acompanhá-lo numa aventura que vai passar pelas mais diversas dificuldades, tanto ao nível do relacionamento entre ambos como ao nível do interesse que os filmes em análise despertam no filho.
A selecção de filmes é vasta e, confesso, muito desconhecida pela minha parte, mas nota-se que o autor pretendeu dar ao filho uma espécie de "rede de salvação significativa", apresentando-lhe sempre filmes com um fundo moral imenso. Claro que lhe deu também uma educação fortíssima em termos de crítica e metodologias cinematográficas (pois ele é um escritor televisivo responsável por alguns documentários e outros programas, penso eu!), mas a grande vitória desta estratégia quase explosiva foi o regresso do Jesse aos livros e ao estudo.
A história é agradável de seguir, a escrita é simples e clara, os temas são extremamente actuais e os valores, que vão sendo expostos, são essenciais.
Um livro a ler e a guardar!

terça-feira, abril 26, 2011

13. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica das cólicas de Abril

1. Ontem foi dia 25 de Abril e o meu filhote esteve muito incomodado. Seguimos, os dois, os discursos e as histórias que a televisão apresentou. Olhámos, maravilhados, para a capacidade de ficcionalizar o real que os canais portugueses, tão enfileirados, nos propuseram. Mas ele continuava com aquela sensação de peso na barriga, sinal de cólicas ou de enfado. E percebi que, naquele pequeno ser que absorve o mundo, estava em ebulição um conjunto de dúvidas sobre este dia tão marcante na história recente de Portugal. Pareceu-me, então, que ele perguntou: “O que é que isto tudo significa?” O centro da dúvida deslocou-se então dele para mim e fiquei estático. O que responder ao meu filho quando pretendo que ele tenha uma educação baseada nos valores da verdade e da honestidade, e no conhecimento integral de toda a realidade? O que é certo é que a definição de hoje da “Revolução dos Cravos” é muito diferente da que outros conheciam em 1975 ou 1976, pois hoje nós conhecemos o caminho que perseguiram com bafejos ditatoriais todos aqueles que se agarraram como lapas ao poder dito democrático. No final desta reflexão, respondi-lhe de forma leve e risonha: “Gugudádá, filho! Gugudádá!” Ele percebeu a complexidade do tema e riu-se comigo.

(...)

Guarda, 25 de Abril de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 26 de Abril de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

sexta-feira, abril 22, 2011

Pensalamentos #13

A um escrito de Alfred Musset:

Escrevemos sobre aqueles que amámos para esterilizarmos de vez o nosso corpo e a nossa alma com um pingo de ácido semântico!


quarta-feira, abril 20, 2011

Kubik, o cientista de sons



"Depois de seis anos de espera, Kubik vai editar o seu terceiro disco de originais, fechando assim a trilogia iniciada em 2001 com Oblique Musique”. “Psicotic Jazz Hall” é o título do novo trabalho e conta com a edição do Teatro Municipal da Guarda (TMG). O disco é apresentado ao vivo no próximo dia 14 de Maio, no Pequeno Auditório do TMG.
“Psicotic Jazz Hall” (título inspirado num disco do músico francês Pascal Comelade: “Psicotic Music Hall”) explora a matriz do jazz fundindo-a com o rock, a electrónica, músicas do mundo, num resultado musical mutante e sempre na procura de novos desafios criativos.
Kubik é o projecto de música electrónica de Victor Afonso, artista da Guarda com larga experiência musical no rock, na improvisação, na música experimental, e na electrónica.
A música de Kubik cruza vários géneros e é fortemente influenciada pelo imaginário cinematográfico. Manipulação electrónica, free-rock, jazz, hip-hop, ambient, world-music, metal, breakbeat, música de “cartoons”… todas estas diferentes sonoridades se fundem num grande caldeirão de estilos e estéticas que é o universo kubikiano.
O percurso começou há 13 anos com os Prémios Maqueta 1999. Dois anos depois, em 2001, foi revelação musical para o jornal Público. Seguiram-se dois discos, ambos aclamados pela crítica especializada e incluídos nos melhores dos respectivos anos por várias publicações: “Oblique Musique” (2001) e “Metamorphosia” (2005).
«Kubik is an amazing artist. He is moving into a special and particular universe. He has a fantastic records and a fantastic music… He’s a monster!» a frase é de Mike Patton (Faith No More, Mr. Bungle, Fantômas). O músico norte-americano chegou mesmo a convidar Kubik em 2004 a tocar na primeira parte do concerto dos Fantômas na Aula Magna (Lisboa).
Kubik tocou ainda em diversos festivais e na Casa da Música, Teatro São Jorge, ZDB, Fnac, Paredes de Coura, e tem no curriculum dezenas de colaborações com artistas dos mais diversos géneros musicais como Adolfo Luxúria Canibal, Old Jerusalem, Norton, Bypass, Factor Activo, Américo Rodrigues ou César Prata e remisturou vários temas para colectâneas. Compôs ainda música original para três filmes mudos e também para espectáculos de bailado, teatro, exposições, curtas-metragens e performances."


Conto não perder este espectáculo!

domingo, abril 17, 2011

O meu comentário às escolhas distritais de deputados?


Ao que tudo indica as surpresas ao nível dos deputados distritais deram nisto: são daqueles bonequitos que não mexem nem os braços, nem as pernas, nem sequer a mioleira! Estamos mal, estamos muito mal!

segunda-feira, abril 11, 2011

12. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica de um FMI anunciado


1. E por fim a choraminguice continuará! Já não nos faltava toda a pintura borrada, ainda se constrói um discurso em torno de quem tem culpa e de quem a não tem. Uns dizem que a não têm, outros que os outros é que a têm. Enfim, parece-me abusado que seis anos de responsabilidade máxima na política não originem um bocadinho de participação na queda do castelo de cartas, mas Portugal continua a ser um ninho de fenómenos estranhos e de gente que não mede o tamanho das alarvidades. Agora, penso que a responsabilidade no estado de coisas de hoje se deve especialmente a quem a dada altura disse que a crise tinha passado ao lado de Portugal e que continuou a gastar como se nada tivesse acontecido. Pena é que a memória dos portugueses seja tão instantânea e que com isso quem tem olho continue a ser rei. Em 2009, ano de eleições, foi um mar de rosas que um vendedor de ilusões vendeu para conquistar o poleiro, mas desde aí que os espinhos se agudizaram e se cravaram mais intensamente no costelado de quem trabalha de sol a sol. Eu não me esqueci das promessas de uma terra de onde das fontes jorrava mel! O que de facto continuo a encontrar é uma terra de cujas fontes jorra mm… muito fel! A pergunta que eu faço é a seguinte: não haverá por aí uns candidatos que sejam mais humanistas? Será que só os economistas, advogados, engenheiros é que têm competências para governar o país? Talvez o universo político não goste daquilo que eu digo, mas está na altura de um estado social ter à frente algum homem ou mulher saídos do horizonte das humanidades. É que a sensibilidade artística e cultural consegue olhar mais além e o tempo dos impostos não pode durar muito mais.


(...)


Guarda, 11 de Abril de 2011
Daniel António Neto Rocha


(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 12 de Abril de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

Crónica Bombeiros.pt: Foram-se os anéis! Manter-se-ão os dedos?

1. A crise, a malfadada crise que varre o planeta e, especialmente, os povos que sempre se julgaram imunes ao perigo de bancarrota, não afecta unicamente as actividades dos outros. A reorganização, com cortes acentuados, das contas públicas e dos gastos inerentes à contratação de serviços por parte das entidades estatais veio provocar um cataclismo de resultados ainda não completamente visíveis nas nossas corporações de bombeiros. Por um lado, temos um corte imenso nas receitas que provêm do transporte de doentes (vejam que nunca ninguém assumiu que esta era até há bem pouco tempo a maior fonte de receitas de quase todas as associações de bombeiros do país) e, como sabemos, sem transporte de doentes deixa de haver espaço para a existência de contratados. Por outro lado, quais serão os apoios governamentais que numa situação de crise financeira poderão colmatar essa ausência de receita e quais serão os apoios populares que resistirão ao desgaste provocado por muitos anos de exploração política?

(...)


Guarda, 10 de Abril de 2011
Daniel António Neto Rocha


(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt a partir das 17h00m do dia 11 de Abril de 2011)

terça-feira, março 29, 2011

11. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do pedido de demissão ou da nova corrida de “boys”!

1. “Não é sempre igual!” Dirão vocês, muito solenemente, quando se fala de governos e da constituição dos mesmos. Pois é, começa agora, mais cedo do que expectável, mais uma corrida desenfreada aos direitos adquiridos e aos contratos milionários. Iupi! Vamos lá, boys!, vamos lá puxar das bandeirinhas e das gargantas afinadas, pois as inscrições para o Coro dos Pequenos Candidatos a Cunhas e Afins estão quase a terminar. As eleições, apimentadas por um Coelho que, ao contrário do da Alice, anda sempre adiantado e que nos parece apresentar um enigma de país ainda maior do que o maravilhoso criado por Lewis Carrol, estão a ser marcadas por debates interessantíssimos ao nível das pastas que irão ser ocupadas pelos useiros e abuseiros do costume. Depois da bonança que trouxe para Portugal, talvez fosse bom que alguém dissesse ao Engenheiro Sócrates que estava, sequer, proibido de se aproximar de um qualquer teleponto televisivo. Quanto aos outros Ministros, Secretários de Estado, Chefes de Gabinete, Acessores, Secretárias e nem sei mais que cargos existem por ali pelo meio, podem ir para todo o lado (até para o raio que vos parta!) menos para lugares de decisão onde já provaram que decidem mal. Será assim tão difícil perceber que as políticas que vendem não têm qualquer pingo de originalidade e podem ser encontradas nas mais reles feiras da ladra?

(..)

Guarda, 28 de Março de 2011
Daniel António Neto Rocha
(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 29 de Março de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

quarta-feira, março 23, 2011

23-03-2011 - Frase do dia

"O senhor achou que isto [o debate] era tão importante que até usou uma linda gravata."

Teixeira dos Santos para Bernardino Soares

(Fonte: Público)



Podia até esperar por uma melhor, mas penso que este mimo revela bem o nível dos nossos políticos num momento de crise: continuam a brincar apesar de estarmos num imenso buraco.

terça-feira, março 22, 2011

Conversas de Verso


Na Sexta-feira, estarei com um grupo de boa gente à conversa sobre Poesia. Vamos ver se terei algo para dizer ou se o nada se transforma em meia dúzia de palavras.

Estão convidados!

terça-feira, março 15, 2011

10. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica da paternidade e das interjeições inocentes

1. Não tenho como costume inserir neste espaço de opinião assuntos pessoais ou que me digam directamente respeito. Não é que eu não viva uma vida interessante e intensa, mas não me parece que os caros ouvintes tenham de aturar as minhas teorias existenciais ou os meus devaneios surreais. Mesmo assim, e como há uma primeira vez para tudo, vou hoje partilhar convosco um momento de felicidade extrema que me tem animado as noites, as manhãs e as tardes. Para aqueles que me são mais próximos e com os quais mantenho um contacto telefónico ou facebookiano será fácil perceber o porquê desta pequena introdução estranha. Para o resto do auditório cabe-me acrescentar ainda estas breves palavras: fui papá de “um galhardo e valente mancebo”!

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Guarda, 14 de Março de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 15 de Março de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

segunda-feira, março 07, 2011

Galo que é Galo tem festa! É na Guarda, pois 'tá claro!

Hoje, lá mais para a noite, é dia de Galo! Diversão e muita sátira social, numa noite onde o visado é o galo dos pecados e dos desvios monetários.

Homens da luta no Festival da Eurovisão?




Assim de forma bem sintética, apeteceu-me comentar os "apupos" de muita gente à ida dos Homens da Luta à Alemanha para representar o país. Pois bem: abençoada a gente que começa a abrir os olhos e a deixar os engravatadinhos chateados por não lhes obedecer. Gostei da vitória dos desalinhados e dos politicamente incorrectos. Se não tivermos uma pontuação decente? Bem, nos vinte e poucos anos que levo de vida uma pontuação decente na Eurovisão conseguiu-se para aí duas vezes. Se esta for mais uma dessas vezes? Pelo menos foi com muito estilo!


Parabéns, Homens da Luta!!!!

terça-feira, março 01, 2011

09. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica da memória e de Manuel Poppe

1. A cidade da Guarda não é conhecida por ser uma cidade que trata bem os seus cidadãos, mas de quando em vez lá se esquece de ameaças ou de repúdios a granel e lá consegue relembrar o bem que muitos deles têm feito para nos apartar desta interioridade doentia e redutora. Destes breves momentos de alucinação, que ainda vão acontecendo, nascem algumas das actividades culturais melhor conseguidas para um público que gosta de ler e que incentiva à leitura, e que se dedica ao ensino da literatura. Está, pois!, de parabéns quem faz cultura na Guarda.

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Guarda, 28 de Fevereiro de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 01 de Março de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, fevereiro 15, 2011

08. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do gosto pela história ou do capitalismo solidário

1. Em boa altura veio Dom Manuel Felício lembrar a sociedade portuguesa de um problema que nos devia preocupar a todos e, principalmente, aqueles que têm responsabilidades políticas: o capitalismo selvagem assume, nos dias que correm, um papel preponderante na desgraça social portuguesa. Não é, claro está, o lucro dos outros que está errado, pois quem investiu, quem trabalhou, quem dedicou tempo, quem massacrou o corpo, a mente ou mesmo a família, merece ter o seu lucro e o resultado dos seus esforços deve ser compensado. Nada disto é aqui colocado em causa! O que o Bispo da Guarda questiona e muito bem é o lucro despropositado de bancos e de empresas que gerem sectores essenciais da vida da população portuguesa. Concordo com ele, especialmente, quando diz que é fácil atingir resultados astronómicos quando a variante que motiva essas quantias se baseia na subida agressiva de preços! Água, electricidade, combustíveis e mesmo juros bancários? Qual a arte de conseguir lucro quando tudo se baseia na subida de um montante e na não descida de outros? Meus senhores!, experimentem lá atingir essas somas grandiosas sem esvaziar por completo os bolsos de quem já pouco tem! Lá isso teria a sua arte e seriam realmente grandes gestores ou grandes empresários, assim são só um conjunto de sanguessugas que se aproveitam de uma ausente supervisão concorrencial e de um governo de bananas que vai alimentando o corporativismo financeiro e empresarial por manifesta vontade em se sentar nessas mesmas cadeiras douradas.

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Guarda, 14 de Fevereiro de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 15 de Fevereiro de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

domingo, fevereiro 13, 2011

Crónica Bombeiros.pt - Assim é difícil!



1. Talvez não haja muitos dos nossos camaradas em estado de alerta para as constantes violações a uma vivência plena e clara dentro dos quartéis de bombeiros, mas, como é da praxe, alguém tem de trazer factos concretos (mas não totalmente escancarados!) à reflexão de uma nova geração de bombeiros.


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Guarda, 14 de Fevereiro de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt a partir das 0h00m do dia 14 de Fevereiro de 2011)

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Julgamento e Morte do Galo do Entrudo (4.ª edição)


Aí está o cartaz! Este ano também tenho direito a umas personagens e a umas tantas palavras. Apareçam!
(ver mais informação aqui)

terça-feira, fevereiro 01, 2011

07. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do tacho e da forma vuvuzélica


1. Para quem diz que cá pelas terras altaneiras nada se passa, aqui fica mais um record: somos o concelho de Portugal e do mundo com o maior tacho… de arroz doce! Claro que poderíamos fazer desde logo mil e uma piadas acerca do relacionamento deste grande tacho com outros tachos não tão doces mas igualmente apetecíveis; ou com aquele ditado que cada vez está mais certo e que diz: “com papas e bolos se vão entretendo os tolos!”, mas, como sou gente de figuras de retórica, vou assobiar para o lado e continuar a criar imagens. Como não poderia deixar de ser, este record vem confirmar a tendência natural da gente beirã para adoçar o bico a todos aqueles que por aqui passam e que daqui levam não só arroz-doce mas também uns queijos, uns enchidos e umas garrafitas de “tintinho do bom”. O que deixam é que não se sabe muito bem, mas tenho a certeza que haverá gente informada que tem a arca cheia do objecto de troca. Pois bem, ia fugindo do tema principal desta crónica.

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Guarda, 31 de Janeiro de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 1 de Fevereiro de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

sexta-feira, janeiro 21, 2011

Goodbye, Mr. Chips, de James Hilton (Obrigado, Manuel Poppe!)

Manuel Poppe tem escrito milhares de palavras sobre vários temas e, principalmente, sobre o valor humano. Foi a partir dele (ver aqui) que eu encontrei um pequeno livro, que devorei assim que o recebi, de leitura obrigatória para todos aqueles que não sabem o que é um professor, no sentido mais puro e desinteressado do termo. Neste opúsculo de James Hilton, Mr. Chips é o professor que trabalha para os seus alunos e não para estatísticas, é o professor exigente e é, sobretudo, um homem que é imperfeito e que reconhece as suas limitações.
Tudo o que acabei de dizer é aquilo que define o ser humano consciente da necessária valorização de pessoas e não da valorização de contas bancárias ou de propagandas enganadoras. Isso é o que tem acontecido nos últimos anos. Os espertalhões do sistema concederam o seu tempo a valorizar-se enquanto secretárias de esquina, preparando-se para integrarem as funções de desnorteadores do ensino sério. Os outros, os que se preocupam em tornar os alunos melhores, são descartados e empurrados para a necessária imbecilização do país.
Este pequena obra abriu-me a alma e emocionou-me. Poderei ser, no futuro, assim recordado?

segunda-feira, janeiro 17, 2011

06. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica da leitura sermonária e da irradicação da pobreza

1. A igreja católica tem vindo a ser ao longo dos tempos tema preferencial das mais controversas discussões, sendo um factor de discordância entre milhões de pessoas no mundo. Muitas não entendem que uma só instituição conseguisse atingir um tão elevado poder ao mesmo tempo que cometia as mais atrozes violações dos direitos humanos. Muitas não percebem como continuam milhões de pessoas a entregar desinteressadamente quantias avultadas de dinheiro àquela instituição traiçoeira e indigna da confiança do mais esclarecido dos homens. Outras, ainda, discutem o porquê de, em tempos de crise e de tamanha necessidade de ajuda pública, existir tanto ouro e tantas obras de arte nas igrejas, não sendo todo esse acervo dirigido para engrossar instituições de caridade à escala mundial, desconhecendo que as instituições de que falam pertencem à própria Igreja. Algumas dizem, também, que é uma instituição velha e não adaptada às exigências de uma sociedade que evoluiu, tornando-se a velha igreja católica como que um entrave ou um problema para a ascensão de uma melhor sociedade.

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Guarda, 17 de Janeiro de 2011

Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 18 de Janeiro de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Ciclo Manuel Poppe


Manuel Poppe merece! Começo assim este pequeno texto, que chamo carinhosamente, informativo. Manuel Poppe é um escritor de excelência que teve o azar de não ter uma máquina publicitária a colocar as suas obras nos destaques das grandes cadeias de livros. Mesmo assim, tem o reconhecimento de milhares de leitores que fizeram com que quase todas as suas obras esgotassem, quer nas livrarias convencionais quer nos alfarrabistas. Não sabiam disto? Pois bem,
a Guarda (a sua Guarda!) vai reconhecer toda a importância deste escritor num Ciclo que ocorrerá em Fevereiro de 2011 e que irá mostrar a sua arte e inteligência. Cabe-me coordenar a exposição que irá ficar patente na Sala Tempo e Poesia, da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço. Já mostrei junto do Manuel Poppe a minha satisfação e fraca preparação para o poder honrar condignamente, mas os grandes desafios são para gente grande. Deixem-me fazer um reparo que dignifica este autor e faz com que seja merecedor das maiores honras na "sua" cidade: é o único colaborador de jornais de âmbito nacional que escreve regularmente sobre a Guarda!

terça-feira, janeiro 04, 2011

05. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do ano novo e da canonização da mentira

1. Ano novo, vícios e artimanhas velhas! Poderíamos nós viver num país onde tudo funcionasse às mil-maravilhas? Poderíamos, mas não era a mesma coisa! É que isto de andar sempre enrascado tem a sua piada e precisamos urgentemente de quem nos faça rir, pois chorar já nos fazem há quase novecentos anos. Como é óbvio, os desejos de início de ano sucedem-se e repetem-se. Para uns, o bom era estar a milhas de Portugal. Para outros, mais pobres, já era bom conseguir sobreviver em Portugal. Para os altos cargos na banca e governo da Nação, os desejos são ainda mais complexos e tem sido complicado, para eles, descobrir qual dos amigos de caçada ainda está em dificuldades e a precisar de um aumentozito salarial. E há, ainda, muitos e melhores desejos de início de ano, mas confesso que a minha imaginação não anda à velocidade da mestria trafulha e não atinge tamanha sofisticação criminal. Como todos poderão observar, neste círculo à beira-mar plantado, o novo ano começa com uma fantástica acreditação de qualidade, feita pelas máfias internacionais, à capacidade inventiva e criativa dos responsáveis maiores do nosso país.

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Guarda, 03 de Janeiro de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 04 de Janeiro de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)