sábado, agosto 27, 2011

Li: "Arte de ser português", de Teixeira de Pascoaes


A "Arte de ser Português", de Teixeira de Pascoaes, é uma análise filosófica e lírica do SER português. Em cerca de 100 páginas explora a alma pátria e revela que só na espiritualidade é que um povo consegue atingir toda a sua plenitude. Curiosa é a visão do político português, do pósrevoluções liberais, que se contrapõe aos antigos representantes do povo nas cortes régias. Este visto como um homem de bem que defendia claramente a sua população e aquele um oportunista sectorial que só se preocupa com o partidarismo e com os seus próprios interesses singulares.
Outro dos pontos interessantíssimos é a visão da heterogeneidade do povo português enquanto resultado das misturas que a própria história das invasões apresenta. Para Teixeira de Pascoaes, somos nós, povo português, uma agregação das raças ariana e semita (depreendo que Aristides de Sousa Mendes foi um leitor deste livro!). Como é óbvio, também neste livro se fala de religião, de arte e de carácter. Em relação a este último conceito pouco se pode comparar com os dias de hoje, pois todos sabemos que a maior parte dos portugueses, em especial os que possuem lugares de responsabilidade, são seres amorfos, balofos e completamente desprovidos de algo que se aproxime da palavra carácter.

Para uma obra que está quase a celebrar os seus cem anos de publicação, é um estudo extremamente actual e necessário. Como é óbvio, esta última afirmação subentende tudo aquilo que sempre se aconselha: ler com o devido distanciamento e não assumindo tudo como verdade absoluta!

quarta-feira, agosto 17, 2011

Jaime Antunes é um sábio!

Não costumo dar conta das minhas leituras de opiniões de outros nos jornais nacionais, mas aquilo que li do ilustre Jaime Antunes (eterno candidato às eleições do Sport Lisboa e Benfica) sobre educação (este tipo fala sobre educação????) deu-me vómitos! Não é que na base não tenha alguma razão, mas conhecendo nós (povo português) o jeito ditatorial dos Directores de Escolas para atingir os fins sem olhar a meios deveremos ficar preocupados e não exultantes, como é o caso desta figura destacada da escrita portuguesa. Leiam o texto que saiu hoje (dia 17 de Agosto) na última página do Jornal i (onde parece este ser ser um conceituado cronista, mas desenganem-se: ele é o proprietário do jornal) e regalem-se com a claque acérrima deste homem às últimas decisões do Senhor Ministro da Calculadora. Ele até refere que manda o senhor Ministro dizer que "quem [Directores de Escolas] não apresentar resultados positivos deve sair"! Pergunto eu, senhor Jaime Antunes, o que são para si resultados positivos ao nível das escolas? Os que servem os alunos ou, como tem sido tónica, os que servem a estatística?

segunda-feira, agosto 15, 2011

25 de Abril de 1974: a tomada de assalto

Para quem, como eu, acreditava que Crato podia ser mais do que nome de cidade e, quem sabe, um Ministro em condições, aí estão o proteccionismo e a mesquinhez. Pelos vistos, são os contratados (aquele que ele chama de novos ou do meio da carreira) aqueles que têm de ser avaliados, pois dão maus resultados à Educação do País das Maravilhas. Talvez o Senhor Crato não se lembre (ou não saiba), mas há muitos "bons professores" da velha guarda (a que ele próprio pertence) que são autênticos analfabetos e que continuam instalados airosamente nas cadeiras douradas. Será que ninguém disse a este Ministro da Calculadora quem começou por não querer a avaliação?


Fiz este comentário a esta notícia do www.publico.pt .

quinta-feira, agosto 04, 2011

Crónica Bombeiros.pt – A bem de uns, façamos a desunião entre todos!

1. Portugal é um país verdadeiramente abençoado pela graça divina em alturas de aperto. Foi assim há oitocentos e tal anos, quando Afonso Henriques tentava formar um país; foi assim há quinhentos e tal anos, quando os Deuses decidiram que seriam os Portugueses os ilustres descobridores de novos mundos e da rota marítima para a Índia (pelo menos na versão de Camões!); e é assim no ano do senhor de dois mil e onze, quando de corte em corte se vão acalorando os bombeiros portugueses. Graças a Deus ou aos deuses, cá vamos tendo uma semanita de fogos, mas sol de pouca dura e tempo bastante para um descanso merecido no quartel, sendo que desta forma o dispositivo pode retemperar forças e preparar-se com solidez para a próxima semana quente que virá quando São Pedro quiser. Felizmente que há quem pense nos bombeiros, pois pareceu-me no início deste verão que para os nossos governantes é mais necessário ter administrações com mais quatro a ser ricos administradores do que investir em mais meios terrestres ou colocar mais um ou dois meios aéreos para apoiar o ataque aos incêndios florestais. A leitura que faço é tão simples quanto isto: os bombeiros podem bem estar enrascados a defender o país e os bens dos portugueses e, quiçá, ter durante esta época de incêndios duas ou três baixas mortais, mas os amiguinhos e carneiros de estimação dos partidos políticos têm de continuar a comer caviar e a beber “champagne” francês de papo para o ar durante esta altura de calor.

(...)


Guarda, 03 de Agosto de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt a partir das 01h00m do dia 04 de Agosto de 2011)

sábado, julho 23, 2011

Poema da primeira pessoa do singular quase só em tercetos

Simplesmente eu!
Eu!
Eu, eu, eu, eu, eu…

Eu.
Eu, talvez.
Eu, mesmo eu.

Eu, eu, eu!
Só eu!
Eu?

Sim, eu.
Eu, agora eu.
Mesmo eu?

Eu!?
Não sei…
Eu!

Eu, ah!, ah!, ah!
Só mesmo eu!
Amanhã, eu!

Ontem, eu!
Depois de amanhã, eu!
Tudo, tudo, eu!

Eu
Eu
Eu

Eu…
Por todo o lado, eu!
Mesmo eu?

Não…
Eu?
Só mesmo eu!

Só…

Eu.
Eu?
Eu?

EUUUUUUUU!
Finalmente eu.

Narcisista eu?



(23-07-2011)

domingo, julho 10, 2011

Pensalamentos #15

A um escrito de Herberto Helder

amparando as ternuras do inimigo
com um sorriso decadente. e andava
trocando os passos de sonho
por delicados gestos de besta.

sábado, julho 09, 2011

5 anos (para os amigos verdadeiros)




Se uma lágrima
Cantasse
O derrame de trovões
E de silêncios

Se a voz se
Ouvisse
No canto inglório
Da saudade

Se o pensamento se
Entregasse
A momentos
De eterna melancolia

Se o teu rosto
Viesse
Apascentar a
Dor da vida...

Amanhã
é outro dia.



(09-07-2011)

quinta-feira, julho 07, 2011

A minha leitura (breve) sobre o "rating" de Portugal e as políticas económicas europeias

Como será óbvio, eu não percebo nada de economia (ainda continuo sem perceber o milagre da multimultiplicação dos juros a pagar ao empréstimo da "santíssima trindade"), mas quero dizer duas ou três coisas sobre o assunto:

1.º - Está mais do que visto que a Alemanha está a lucrar com a "austeridade" que exige que haja em relação aos países "à rasca";

2.º - Já não é a Alemanha que controla a Europa mas sim as agências de "rating" americanas;

3.º - Uma vez que a prostituição de Portugal junto dos outros países não tem dado resultado nenhum, exijo que o nosso país passe a usar um cinto de castidade e exijo também que a chave se perca no fundo do oceano Atlântico! Porquê? Não repararam que passam a vida a F***R-nos e já nem pedem licença?


Para além desta minha leitura tão bem concebida, pretendo que a Europa repare na enternecedora mensagem subliminar que nestes novos dias é transmitida a partir da Assembleia da República. Ainda não repararam em nada? E que tal se repararem na estratégica junção ou emparelhamento entre a Ministra da Agricultura e do Ministro da Educação! Estará em preparação uma nova estratégia de recuperação de alunos? Ou uma nova política europeia de incentivo ao cultivo de nabos?

segunda-feira, junho 27, 2011

5.ª Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão (9 de Julho de 2011)



"O Projecto Sérgio Rocha tem vindo a realizar, ao longo dos últimos quatro anos, em colaboração com o Portal Bombeiros.pt e com o Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF – ADAI), uma actividade formativa relacionada com o Incêndio que ocorreu no dia 9 de Julho de 2006 e que vitimou seis bombeiros, entre os quais o Sérgio Rocha (que empresta o seu nome a este projecto). Essa actividade tem sido reconhecida como um exemplo essencial para a formação de bombeiros e demais agentes da Protecção Civil, sendo-lhe concedidos os mais variados elogios por parte, principalmente, dos participantes (num total de cerca de trezentas pessoas) mas também por parte dos vários organismos e instituições relacionados com o combate a incêndios.

No presente ano, apesar de efectuadas múltiplas diligências para uma atempada realização, constatou-se que precisaríamos de reformular a forma como temos abordado os temas e a forma como deveríamos trabalhar no terreno o processo formativo, verificando que o montante a investir era incomportável para este projecto, uma vez que não possui verbas necessárias a essa realização.
Assim sendo, decidiu-se interromper por um ano esta Jornada, estando previsto para 2012 o seu regresso com mais e melhores actividades.
Desta forma, este ano o Acidente de Famalicão será recordado com uma acção mais informal e mais intimista, que consiste numa ida ao local do acidente (pelas 15 horas do dia 9 de Julho de 2011), onde se colocará uma coroa de flores e se fará um momento de reflexão e de troca de ideias por parte daqueles que queiram partilhar connosco este momento. Depois deste momento, o Projecto oferece um lanche a todos os participantes. A inscrição para esta deslocação deverá efectuar-se no Portal Bombeiros.pt.
No entanto, pretendemos que todos aqueles que se queiram deslocar ao local do acidente em dias diferentes daquele em que iremos assinalar este quinto aniversário o possam fazer. Desta forma, aceitam-se inscrições de grupos de pessoas para dias diferentes, tendo os interessados de enviar um pedido para o e-mail: projecto.sergiorocha@gmail.com, a solicitar esse acompanhamento. A partir desse contacto será efectuada a marcação.

Pela organização,

Daniel António Neto Rocha"

sábado, junho 25, 2011

Li: “Hieracita”, de Jaime Alberto do Couto Ferreira


O que esperar de um romance de trezentas e algumas páginas com o sugestivo nome de “Hieracita” (corruptela de “Hieracite”), que significa pedra preciosa usada para curar as hemorróidas?
O protagonista maior da obra (o narrador mais do que autodiegético), José de seu nome, vive numa aldeia de burgessos (alusão clara ao que foi (?) a aldeia natal do autor – Famalicão da Serra) de onde vai partir em busca de riqueza e, nota-se no desenrolar do fio da narrativa, ao encontro do conhecimento que nunca poderia atingir num “quotidiano entre as alimárias e os toscos”. Daí, decide sair e tentar a sorte tal como já tinha feito o seu irmão Alberto.
Assim que os dados estão lançados, o narrador dá-nos a visão do grande surto de procura da borracha (nas florestas brasileiras) e o autor mostra-nos todo o seu conhecimento em História da Economia, através de longas (demasiado longas?) descrições acerca dos problemas que se seguiram ao “boom” da borracha. Rico, “maçon” e agora proprietário de múltiplos terrenos em Famalicão, José torna-se um estrangeiro na sua terra.
Regressado de férias, fica fascinado com a beleza de uma menina “aperfilhada” por um padre, sendo em Famalicão que continuará a vida, sempre dando ares de galã e aproveitando para herdar a riqueza do padre Nave. Aqui começa uma descrição imensa sobre o papel da igreja e o autor volta a referir as milhentas leituras efectuadas em literatura oficial da religião católica, apresentando um rol de livros que, aparentemente, estavam na célebre arca do clérigo.
Antes de terminar a vida do narrador/ personagem e o próprio romance, o autor ainda tem tempo para: descrever hábitos e comportamentos dos burgessos de Famalicão e de mulheres “desgraçadas” por uma vida de depravação e de ingenuidade; apresentar histórias rocambolescas da banda filarmónica; e fazer uma apreciação muito curiosa sobre os professores da escola primária.

No final, para quem lê o romance fica a dúvida: estaria o autor a escrever um romance ilustrado com demasiadas referências bibliográficas ou estaria o autor a construir uma lista bibliográfica e saiu-lhe um romance? De qualquer das formas, é um romance que se lê bem (para o comum dos leitores, habituado a sofrer com a escrita realista e naturalista ou com a escrita intelectual de Umberto Eco) e que tem como feliz particularidade a existência de um narrador multifuncional (ao jeito de José Saramago) que cruza tempos e espaços diferenciados (como bem se nota na referência proléptica às eólicas que o narrador nunca sonhou sequer ver). A partir destes pontos de destaque, convém referir ainda a visão, que deve ser lida e analisada em jeitos antropológicos, de Famalicão e dos seus habitantes, pois a leitura sociológica que perpassa por toda a obra é a de que o nativo desta aldeia é abrutalhado e incapaz de um pensamento, havendo a necessidade da fuga ao vale para se atingir, por fim, a abertura de espírito capaz de construir consciências e educar o intelecto. Concordo plenamente com esta visão! Depois, importa fazer notar que é um romance que apresenta muitos erros de escrita, não se notando nele qualquer trabalho de edição por parte de um linguista ou de um revisor. Não é que este último ponto possa fazer do romance melhor ou pior, mas torna a língua deste romance bem pior. Por fim, o autor entrega-nos nas mãos um romance que deve ser lido por quem quer conhecer, não só, um pouco da alma de uma aldeia mas também o espírito dos filhos da terra que um dia saíram e por lá por fora ganharam a clarividência suficiente para conseguirem viver alheados dos burgessos típicos de Famalicão que ainda por lá vão recolhendo aplausos.

sexta-feira, junho 24, 2011

O dia antes

Os movimentos internos
Que o ser fez
Aparentando um reboliço
Um qualquer cataclismo prestes
Um tipo incomum de gestos
Plenos de novidade

Os começos de um ciclo
A ser longo e feliz
Cheio de marcas dolentes

A expulsão voluntária
O abraço materno
O largar das amarras
E o querer ser um eu
Independente.



(escrito a partir da observação da barriga que mexia, entre Junho de 2010 e Março de 2011)

terça-feira, junho 21, 2011

17. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do consumo ou dos sítios públicos

1. Não sou muito de alegar “lugares comuns”, mas, deixem-me dizer-vos, que no meu tempo não se via nada assim. E não pensem que não havia já comportamentos de risco e coisas parecidas! Foi na semana passada que ouvi, mais uma vez, uma reportagem sobre o consumo de drogas na cidade da Guarda. Até aqui nada de novo, pois a nossa cidade sempre teve condições, chamemos-lhes “geo-comerciais”, excelentes para este tipo de comportamento, se não acreditam atentem ou pesquisem sobre o fantástico trabalho da “nossa” Polícia Judiciária, desde há anos, na luta contra esta ilegalidade. No entanto, nem eu – que creio sempre que tudo pode acontecer – estava à espera de ouvir o que ouvi no noticiário da manhã desta mesma Rádio Altitude. Na voz escondida de “um proprietário” de um café, ouviam-se palavras de uma tonalidade grave e de um medo extremo de um “conjunto de adolescentes” que se sentavam lá dentro não para consumirem os produtos que aí se vendiam, mas para (espantem-se!) fumarem uns charritos. Como, decerto, são jovens bem cotados na sociedade guardense, em primeiro lugar não se deram ao trabalho de ler aquele aviso que proíbe o consumo de produtos não comprados no estabelecimento, e, depois, o grupo de jovens ainda consegue dizer a esse proprietário que estão num lugar público, por isso podem fumar o que quiserem ou dizer o que bem lhes vá na “real gana”. Esta agora! Daqui a pouco dizem que dormem lá dentro e que o dono vá “ao diabo que o carregue” que aquele espaço é deles! Senhor proprietário, faça favor de os colocar na rua ou, se eles se recusarem, feche-os lá dentro e chame a polícia e os papás! Vai ver que por um lado ou por outro a coisa resolve-se. O que é certo é que este tipo de comportamento, que diz respeito ao consumo e posse de drogas leves, se vem generalizando e parece estranho, nos dias que correm, ouvir algum estudante do terceiro ciclo do ensino básico afirmar que nunca contactou com estas substâncias. O caso dos cafés da Guarda é, pois, um pequeno exemplo de algo que varre o país e que necessita de medidas urgentes - uma nova legislação sobre o consumo de drogas, uma vez que: ou se proíbe tudo, e a posse passa a constituir crime; ou se regulamenta a produção e a venda com fins específicos e em locais bem controlados, facilitando o controlo do consumo e da venda, e castigando quem se dedique ao comércio paralelo e com fins de tráfico ilegal. Sim, podem contar ao Vítor Gaspar e ao Álvaro Santos Pereira que há esta hipótese de amealhar mais uns trocos para o Orçamento de Estado com um imposto sobre as substâncias psicotrópicas de origem vegetal!

(...)

Guarda, 20 de Junho de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 21 de Junho de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

sexta-feira, junho 17, 2011

Pensalamentos emprestados #3


"O Professor é muito exigente nas aulas!"


P.S. - Pequeno comentário que funciona como interrogação a quem cair aqui em leitura: Não é essa a minha/ nossa função?

quinta-feira, junho 16, 2011

O materialismo informático é um dos elementos principais do PAC


A minha amiga e colega de profissão Liliana Verde enviou-me o "cartoon" que acompanha esta mensagem. É um "cartoon" que faz todo o sentido e que funciona como um aviso para as novas gerações de pais, pois este é um dos grandes motivos que fazem com que o PAC (Processo de Analfabetização em Curso), para o qual o meu caro amigo Manuel Poppe tem chamado a atenção, ganhe asas e voe.
Apetece-me ser bruto e acrescentar algo que já não é novo:
aos pais de hoje o que interessa é que os outros vejam que eles dão aos seus filhos as últimas modernices tecnológicas, mas nem se preocupam em dar-lhes uma educação que lhes permita usar a cabeça.