quinta-feira, dezembro 09, 2010

Prenda de Natal para ti

Concentrado em demandas
Esvai-se a realidade
Por entre os dedos esguios
Do simples esqueleto de um ser!

“Amo-te sem vergonha!”

Procuro o fim da estrada
O fim do cansaço a ter
Em cada sílaba do teu corpo.

Julgo as estrelas a cada
Passo invisível de solidão.

Saboreei-te o corpo vestido
De artificiosos enganos alimentando
De infindáveis aromas
A luxuriosa animação da noite
E os sonhos escarrados da tua boca!

Sigo concentrado em devaneios
Tacteando a realidade em busca
Do que não tive.

(24/12/2007)

terça-feira, dezembro 07, 2010

03. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica da Dúvida e da Wikileaks

1. Estive até à última da hora na perspectiva de encontrar algo, nestas inúmeras tropelias da vida, que pudesse servir de base à formulação de uma opinião. Esperei, até ao momento mais terminal, que acontecesse qualquer coisita nestes vastos penedos da serra que vos cativasse. Oh! maravilhas do altíssimo: veio muita neve, veio muito gelo e vieram muitas e variadas opiniões sobre quem chegou tarde na tentativa de resolução desses mesmos problemas! Concordo com todos aqueles que caracterizam estes temas como interessantes, como controversos e como oportunos. No entanto, penso que já foram bastante babosados nos respeitáveis ouvidos do vasto auditório. Por outro lado, oh! musa das artes, pensei em apresentar-vos uma opinião sobre alguns momentos culturais que pautaram a minha vivência citadina durante estes dias, mas fui ultrapassado por outros. No final de contas: onde nada existia como tema a abordar, o zero continuou a ditar regras. É que é difícil ser cronista na Guarda. Sério! Vejam só: quando estamos a escrever, somos atacados pelo frio invernal e existencial da cidade; quando estamos a ser transmitidos, somos atacados pela indiferença perante o nome pouco sonante do cronista ou pelo simples facto de ninguém estar a ouvir. Assim, o que poderá trazer um aprendiz de cronista às ondas hertzianas da rádio que possa captar a atenção do ouvinte mais exigente e do escutador menos interessado?

(...)

Guarda, 06 de Dezembro de 2010
Daniel António Neto Rocha
(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 07 de Dezembro de 2010 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, novembro 30, 2010

Pensalamentos #11

Traços do canhoto rico


Frio, tristeza
Estupidez, tristeza
Carneirismo, tristeza

Tristeza, anormal
Tristeza, espinha vergada
Tristeza, bruteza

Gente hipócrita, tristeza
Tachismo, tristeza
Masturbador da pila alheia, tristeza

Tristeza, a anormalidade portuguesa
Tristeza, a pedagogia portuguesa
Tristeza, nem o frio lha faz ficar tesa
Tristeza, ...


(não é poesia, é experimentalismo económico mental que, possivelmente, me fará nunca ser rico!)
.
Atenção1: Desculpem, os leitores mais sensíveis, as palavras brutas!
..
Atenção2: Leitores acidentais ou procurantes mandatados por qualquer orgão político saibam que por aqui também passa a voz da liberdade!
...

sexta-feira, novembro 26, 2010

Pensalamentos #10

Ridículo, ridículo, ridículo é ser-se ridículo e ter-se gosto em ser-se ridículo só porque se exige que se seja ridículo.

terça-feira, novembro 23, 2010

02. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica dos Rebuçados ou “da Diabetes Social”

1. E, de repente, somos um país onde o favorecimento político é reconhecido por alguns elementos que já pertenceram à máquina multicolor de algodão doce! Por fim, aquele nobre acto de dar rebuçados só aos meninos que pertencem à nossa equipa foi reconhecido por alguém que, pelo conhecimento demonstrado, deve ter dado pelo menos meia-duziazinha deles. Sabem que o que mais me impressiona na distribuição harmoniosa destes pequenos e terríveis provocadores da diabetes social não é o inchaço de vaidosice que quem deles se alimenta padece. Preocupa-me, sim, o facto de provocar um esvaziamento global ao nível dos valores de trabalho ou de competência profissional, sendo esta uma patologia incurável e tremendamente contagiosa. E isso é que é preocupante, pois, num país onde é tão complicado que as palavras de fora do partido sejam aceites como complemento sólido a uma afirmação nacional, a formatação do futuro de todos nós fica entregue aos gulosos que comem o que o padrinho lhes arranjou sem se preocuparem com aquilo que estão habilitados a comer e, sendo um facto do final deste glorioso banquete, tudo aquilo que foi comido por estes obedientes servos será reciclado na exacta medida da abominável digestão humana.

(...)

Guarda, 22 de Novembro de 2010
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 23 de Novembro de 2010 - disponível em podcast em Altitude.fm)

quarta-feira, novembro 17, 2010

Pensalamentos #9

Parolar é diferente de "Parler", mas quando oiço alguns figurões a "parler" percebo a confusão com parolar.

terça-feira, novembro 09, 2010

1. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica Desorçamental

1. Abençoados sejam aqueles que acreditam na bondade eterna de Sócrates, o engenheiro, e que, assim, se deliciam com as suas palavras tão boas e extremamente criadoras de ajudas de custo e de infindáveis bónus, pois deles é o reino de São Bento. Não sei bem o que me deu hoje para começar o dia com esta frase tão cheia de ironia, mas sei que começo a estar farto de aturar as mesquinhas atitudes de quem vive com opulência e que ainda tem a lata de dizer “não pensem que esta medida é substancial, pois não há muitos governantes a viver com ela”. Mais coisa, menos coisa, foi assim que o porta-voz de quem nos desgoverna, o Ministro da Presidência Pedro Silva Pereira, veio anunciar o fim da coexistência entre reformas dignas de um Rei e de ordenados principescos aos nível dos representantes do Governo. Até aqui tudo bem, finalmente a máscara da vergonha caiu da cara das sanguessugas do estado e uma das medidas mais essenciais foi por fim considerada. Agora, foi esta uma medida mesmo, mesmo séria? Não! Tenho imensa pena de vos fazer eco disto, mas, para o bem e para o mal, a maior parte daqueles que possuem esta acumulação de riquezas está já, como convém à época em que vivemos, a servir de ponte entre os interesses privados e alguns interesses públicos, ou seja, todos aqueles que esvaziaram os cofres do estado estão agora a administrar empresas privadas que têm contratos prioritários com o próprio estado, estando, desta forma, confortavelmente longe desta medida orçamental. Assim, continuamos quase na mesma e tenho de dar razão ao relações públicas deste governinho ao apelidar a medida de “não substancial”. Aliás, dadas as relações privilegiadas, logo dignas de investigação, entre as grandes empresas privadas e a vontade férrea do Sócrates, não filósofo, em continuar com o TGV, começo a desconfiar que estará brevemente vago um cargo na administração de uma qualquer grande empresa de construção civil destinado a um futuro ex-Primeiro-Ministro.

(...)


Guarda, 8 de Novembro de 2010
Daniel António Neto Rocha


(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 9 de Novembro de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)

quarta-feira, novembro 03, 2010

Pensalamentos #8

Corremos tão afastados da margem e o nosso destino é inevitável e calculável. Quais são as metas de que precisamos para que a queda no abismo seja novamente transformada numa dúvida a ter?

terça-feira, novembro 02, 2010

sexta-feira, outubro 29, 2010

segunda-feira, outubro 25, 2010

Pensalamentos #5

Pior do que o excesso de autoritarismo é o jactanciar-se por um acto digno de um asno.

quinta-feira, outubro 21, 2010

Raios e mais raios para o Teixeira!

Estar numa pausa lectiva e ver uma peça onde o Senhor Ministro das Finanças diz que estamos num tempo em que é preciso ter coragem, abriu-me o coração e deixou-me profundamente emocionado. Confesso que larguei uma lagrimazitas. A retórica do momento difícil, que exige homens extraordinários (ELE MESMO!), foi enternecedora e muito meritória. Salve Teixeira!, queremos-te na linha da frente!

Ali está ele outra vez! Que Rufino! que salvador da pátria! Que preocupação com o país e com os empregos!

Enfim...

A única coisa que consegui balbuciar no meio de tanto sentimentalismo foi:
- Vai-te F+++R, hipócrita do C+++++O!

quarta-feira, outubro 13, 2010

Um milhão de razões para se acreditar nos bombeiros de Portugal

1. Mais uma época de incêndios se aproxima do final e, mais uma vez, surgem as vozes defensoras de uma época extraordinariamente bem conseguida no que à área ardida diz respeito. Para uns, o facto de não se terem atingido os números de 2003 ou de 2005 é, por si, uma vitória que ninguém deve contestar. Para outros, a magnífica resposta do Dispositivo de Combate ao maior número de ignições diárias jamais registado é sinal de que toda a planificação governativa foi positiva. Como nem tudo aquilo que soa é verdade, cabe-me fazer uma leitura atenta e fria deste ano que foi bem quente. Em primeiro lugar e mais importante do que qualquer estatística, foi mais um ano bem negativo naquilo que diz respeito aos bombeiros portugueses uma vez que se perderam vidas preciosas (as famílias enlutadas nunca compreenderão a teimosa recorrência à estatística por parte dos responsáveis do sector). Em segundo lugar, não acredito que uma maior área ardida seja sinónimo de maior prejuízo económico, pois nem sempre o que arde é verdadeiramente digno de ser contabilizado. Por fim, a resposta do Dispositivo de 2010 ao número de ignições é digna de figurar nos anais da História de Portugal ao lado da Batalha de Aljubarrota, pois só homens e mulheres dignos de memória podem resolver todos os problemas que um número desumano de incêndios coloca a uma força mal equipada e que, em alguns momentos, esteve completamente desgastada, mas que continuava a dar tudo aquilo que já não tinha.
2
(...)

Guarda, 04 de Outubro de 2010
Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt das 0h00m até às 12h00m do dia 11 de Outubro de 2010)

quarta-feira, outubro 06, 2010