sexta-feira, outubro 29, 2010

segunda-feira, outubro 25, 2010

Pensalamentos #5

Pior do que o excesso de autoritarismo é o jactanciar-se por um acto digno de um asno.

quinta-feira, outubro 21, 2010

Raios e mais raios para o Teixeira!

Estar numa pausa lectiva e ver uma peça onde o Senhor Ministro das Finanças diz que estamos num tempo em que é preciso ter coragem, abriu-me o coração e deixou-me profundamente emocionado. Confesso que larguei uma lagrimazitas. A retórica do momento difícil, que exige homens extraordinários (ELE MESMO!), foi enternecedora e muito meritória. Salve Teixeira!, queremos-te na linha da frente!

Ali está ele outra vez! Que Rufino! que salvador da pátria! Que preocupação com o país e com os empregos!

Enfim...

A única coisa que consegui balbuciar no meio de tanto sentimentalismo foi:
- Vai-te F+++R, hipócrita do C+++++O!

quarta-feira, outubro 13, 2010

Um milhão de razões para se acreditar nos bombeiros de Portugal

1. Mais uma época de incêndios se aproxima do final e, mais uma vez, surgem as vozes defensoras de uma época extraordinariamente bem conseguida no que à área ardida diz respeito. Para uns, o facto de não se terem atingido os números de 2003 ou de 2005 é, por si, uma vitória que ninguém deve contestar. Para outros, a magnífica resposta do Dispositivo de Combate ao maior número de ignições diárias jamais registado é sinal de que toda a planificação governativa foi positiva. Como nem tudo aquilo que soa é verdade, cabe-me fazer uma leitura atenta e fria deste ano que foi bem quente. Em primeiro lugar e mais importante do que qualquer estatística, foi mais um ano bem negativo naquilo que diz respeito aos bombeiros portugueses uma vez que se perderam vidas preciosas (as famílias enlutadas nunca compreenderão a teimosa recorrência à estatística por parte dos responsáveis do sector). Em segundo lugar, não acredito que uma maior área ardida seja sinónimo de maior prejuízo económico, pois nem sempre o que arde é verdadeiramente digno de ser contabilizado. Por fim, a resposta do Dispositivo de 2010 ao número de ignições é digna de figurar nos anais da História de Portugal ao lado da Batalha de Aljubarrota, pois só homens e mulheres dignos de memória podem resolver todos os problemas que um número desumano de incêndios coloca a uma força mal equipada e que, em alguns momentos, esteve completamente desgastada, mas que continuava a dar tudo aquilo que já não tinha.
2
(...)

Guarda, 04 de Outubro de 2010
Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt das 0h00m até às 12h00m do dia 11 de Outubro de 2010)

quarta-feira, outubro 06, 2010

terça-feira, setembro 28, 2010

Espectáculo dos "Homens da Luta!" dará agitação à Guarda?

Disseram-me que o espectáculo que ocorreu no TMG no sábado (dia 25 de Setembro) foi memorável e inesquecível. Tenho pena de não ter tido a oportunidade de também ser identificado pela polícia, pois precisamos de alguma agitação para mexer com o "status impostus" e eu venho defendendo essa movimentação da massa popular como factor de participação pública.
Não fui, tenho pena!
Porque não fui?
Porque iniciei o trajecto mais importante da minha vida! Casei no dia da celebração do Senhor Bom Jesus!

sábado, setembro 11, 2010

Entrevista ao jornal A Guarda

Caso alguém esteja longe dos espaços de acesso ao jornal A Guarda e queira ler a entrevista que tive o prazer de dar para a edição do dia 9 de Setembro, aqui fica a cópia.

1 – Quem é Daniel Rocha?

Sou um homem simples mas consciente dos valores que deveriam nortear a sociedade. Sou, também, um apaixonado pela Literatura e um amante das artes. E sabe que esta minha paixão pela arte faz-me ter consciência do mundo e de todos os seus intervenientes, originando em mim uma dialéctica bastante interessante e, ao mesmo tempo, tremendamente dolente, pois mostra-me que é cada vez mais difícil o mundo para as pessoas honestas. Sou, ainda, um homem que sonha com um estado de coisas sustentável e, espero não ser mal interpretado, com uma revolução séria que afaste de vez as sanguessugas do país, deixando espaço para aqueles que realmente querem servi-lo e não servir-se dele.

2 – Que ligação tem a Famalicão da Serra?

A minha ligação a Famalicão é, acima de tudo, familiar. A minha Mãe (Maria Julieta), a pedra basilar da minha vida, levou-nos, a mim e aos meus irmãos, para junto dos meus avós maternos em tenra idade e numa fase muito difícil para ela, pois ter três filhos e criá-los sozinha é algo só ao alcance de pessoas com uma força tremenda. Aí, a família e os valores que nela foram ensinados fizeram de mim o que sou hoje, com tudo o que tenho de bom e de mau. Sabe que aquilo de que me lembro mais, hoje em dia, é de alguns dias onde o meu Avô materno (o Zé Bico) assumia o papel de contador de histórias. Posso dizer-lhe que o meu gosto pela ficção e pela criação poética partiu desses dias. Depois, a Famalicão ligo-me pelo ar, infelizmente cada vez mais poluído, que por lá respiro e pelas pessoas amigas que lá guardo. Infelizmente, há um afastamento progressivo de que me tenho vindo a dar conta. Não vou alongar-me muito, pois poderia ser injusto, mas posso dizer-lhe que a concordância medrosa assente num compadrio doentio, que é tão vulgar em meios pequenos, me causa uma grave indisposição mental.

3 – Qual a sua ocupação profissional?

Profissionalmente sou Professor de Língua e Literatura Portuguesas, o vulgar Professor de Português, mas, dada a “estranha” capacidade de adaptação que tenho apreendido ao longo dos anos, tenho tido algumas experiências interessantes noutros campos.

4 – Como foi o seu percurso académico?

Olhe, nesta pergunta vai ter uma resposta possivelmente rara. Comecei por frequentar o jardim de infância que havia no Paço Episcopal, mas houve um dia em que não me deixaram ir ter com o meu irmão à sala do lado e fugi. Esta fuga era prenúncio de mudança e, pouco tempo depois, mudei-me com a minha mãe e irmãos para Famalicão. Aí, fiz então todo o ensino, que então me foi permitido fazer no conforto da aldeia. Deixe-me interromper a resposta para lhe dizer que sou completamente contra aquela treta de fazer com que crianças de 5 e 6 anos, numa fase importantíssima da sua formação mental, sejam forçadas (a bem não sei de quê, talvez de uma economia partidária!) a sofrer um afastamento violento do seu meio familiar! Bem, fiz ainda em Famalicão a antiga Telescola e não me arrependo nada disso, pois foram dois anos de ensino muito próximo por parte dos professores, ao contrário daquilo que se poderia pensar. Fui então para a Guarda e estive 6 anos no “Liceu”. Nessa altura, a mudança foi complicada, pois era só mais um aluno. Essa diferença entre o ser-se conhecido de todos e não ter ninguém que nos controle provocou-me um ligeiro desequilíbrio, mas dá sempre jeito ter uma família preocupada, pois rapidamente voltei aos “bons caminhos”. O Secundário foi muito interessante e profundamente enriquecedor, sendo um espaço de afirmação e de afinação de conhecimentos. A passagem para Coimbra e para o Ensino Superior foi facilitada por toda a exigência que os Professores do “Liceu” sempre tiveram comigo. Digamos que a grande dificuldade de Coimbra era, outra vez, a mudança de ares e a distância de casa. Coimbra era um sonho de criança e não o poderia perder. Assim, tentei “formar-me” no máximo de cursos e vivências possíveis. Nessa altura ainda não se imaginava “Bolonha” e a minha vida pautou-se entre a participação académica (integrei o Coral de Letras da Universidade de Coimbra e o Núcleo de Estudantes da Faculdade de Letras, fui representante dos alunos no Conselho Pedagógico da Faculdade e na Assembleia de Representantes, fui produtor do CD do Coral, participei na organização de colóquios, conferências e exposições, e muitas outras aventuras) e a minha formação, onde tive professores fabulosos que me ensinaram a acreditar nas potencialidades que tinha e a aplicá-las de forma séria e inovadora. Terminada a Licenciatura, continuei a colaborar activamente com o Instituto de Língua e Literatura Portuguesas e com o Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada, através da itinerância de exposições e da edição de textos (disponíveis on-line). Depois de tudo isto e já mais recentemente, iniciei o Mestrado em Português como Língua Estrangeira e Língua Segunda, tendo já concluído a parte curricular, que espero concluir em breve. Em linhas muito gerais, é este o meu percurso académico.

5 – Quando surgiu o Projecto Sérgio Rocha e quais são os seus objectivos?

O Projecto Sérgio Rocha surgiu exactamente no dia 9 de Julho de 2006. Sabe que a morte do meu irmão foi algo que estilhaçou por completo família e tudo o que aconteceu a seguir, com o aproveitamento que muitas pessoas fizeram da sua morte, deixou-me alheado do mundo e da realidade. Daí que tentei ter o meu irmão junto de nós de todas as formas possíveis. O Projecto surge com a necessária consciencialização de que a única forma de o manter connosco era fazer aquilo que ele gostava de fazer com as pessoas que gostavam dele. Essa é a essência do Projecto! Os objectivos são simples e, ao mesmo tempo, ambiciosos. Um deles é mostrar que não é por não haver dinheiro disponível que se deixa de efectuar actividades. Outro é fomentar a actividade colaborativa e, assim, oferecer oportunidades de participação em acções de vários níveis a todos. Por fim, para não haver a ideia de existirem espaços e dinâmicas adormecidas, o Projecto tenta conjugar vários esforços que conduzam a um bem comum. Pensamos que, se todos derem um pouco daquilo de bom que têm sem estarem a contar com algum lucro, podemos fazer a diferença.

6 – Que actividades o Projecto Sérgio Rocha já promoveu e pretende realizar?

A actividade em que o Projecto tem investido mais profundamente é na Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão. Como é óbvio, não seria possível realizar este seminário sobre combate a incêndios e segurança em combate a incêndios sem a colaboração do Professor Xavier Viegas e da equipa formativa do Centro de Estudos Sobre Incêndios Florestais, e da divulgação nacional feita pelo Portal Bombeiros.pt. Esta actividade é, só, a única do género que se realiza na Europa. Aliadas a esta actividade e aproveitando as infra-estruturas de Famalicão, já realizámos concertos e sessões de cinema (as primeiras a serem efectuadas na Casa da Cultura de Famalicão), inovando as actividades que são apresentadas à comunidade. Outra actividade que obteve muita adesão foi o Concurso de elaboração do logótipo do Projecto e que envolveu alunos da Escola Profissional da Guarda. O futuro é ambicioso e o Projecto quer inovar. Para já, estamos já a preparar condignamente a Jornada de Análise de 2011, onde vamos tentar ter o apoio das entidades políticas e da protecção civil da cidade da Guarda que se têm mantido afastadas, talvez por nossa culpa, desta actividade. E depois tenho um sonho de que o meu irmão gostaria imenso: o aparecimento de uma Orquestra Sinfónica na Guarda. Esta é uma realização que é, hoje, possível se as várias “vontades” da Guarda o quiserem. Utopia? Penso que não. Há espaços físicos, há entidades que ensinam música e diversos instrumentos, há instrumentistas locais que andam pelo país e que, decerto, não enjeitariam uma participação nesta Orquestra. Sim, seria necessário investimento financeiro, mas penso que seria facilmente rentabilizado. Olhe, tenho este sonho e um destes dias vou lançar o desafio às pessoas que poderão ajudar-me a realizá-lo.

7 – Como e quando surgiu a sua ligação aos Bombeiros de Famalicão da Serra?

A minha ligação aos Bombeiros surgiu em 1998, aquando da formação da Secção dos Bombeiros de Gonçalo. A entrada para os Bombeiros foi, na altura, uma mobilização de todos os jovens que pensavam fazer algo pela sua aldeia e pela comunidade.

8 – O que pensa da criação da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Famalicão da Serra?

Esta é uma pergunta difícil. Não pense que não fiquei agradado com a sua criação, mas preferia que o tivesse sido noutras circunstâncias. A minha interpretação é que a criação da Associação pretendeu dar-nos a capacidade de regularmos o nosso próprio crescimento, pois a relação com a casa-mãe não estava a funcionar da melhor maneira, e dinamizarmos de forma positiva a nossa integração como voz audível no distrito. O que outros pensam é que foi uma tentativa de o governo calar alguma rebelião que se levantou na altura pelas circunstâncias que rodearam o acidente. Confesso que não posso deixar de dar alguma razão a estes, pois houve muita gente a colher os louros desta criação. Infelizmente, a autonomia ainda não alterou velhos hábitos nem mentalidades, logo a minha interpretação parece ser errada.

9 – Considera preocupante aquilo que acontece todos os anos, nos meses de Verão, no que se refere aos incêndios?

Considero muito preocupante o que acontece todos os anos, sim, mas não me espanta nada. O problema é que as entidades políticas e judiciais são responsáveis por este estado de coisas. Porquê? As entidades políticas criam uma embalagem interessante e cheia de leis muito positivas, mas não aplicáveis aos amigos. As entidades judiciais aplicam a lei, não fazendo investigações aprofundadas, e servem unicamente para desculpabilizar os amigos dos políticos e, talvez, de outros entes judiciais. Dou-lhe um exemplo simples: em 2006 aconteceu o que aconteceu e, da parca e mentirosa investigação judicial que se fez, concluiu-se que tinha havido negligência; como todos sabemos, um incêndio com origem negligente é punido por lei; o governo criou um spot televisivo onde se fazia alusão a essa negligência e houve um movimento de empresas que criou vários materiais relativos a essa negligência; no final de contas, os autos reconhecem a negligência e desculpabilizam-na, e o governo retira o spot de “circulação”; logo, a lei não é aplicada. Se a lei não é aplicada uma vez, haverá motivo para ser aplicada em situações semelhantes? Penso que não o deverá ser e preocupa-me isso.

10 – Em sua opinião, o que é que devia ser feito para diminuir o número de incêndios florestais?

Existem alguns factores que são determinantes no combate aos incêndios: as condições atmosféricas, o combustível e o dispositivo de combate. O primeiro não é passível de controlo de maneira nenhuma. O segundo depende dos proprietários dos terrenos e sabemos que existe uma total falta de responsabilização de proprietários e dos seus actos. O terceiro é aquilo que todos nós quisermos fazer com ele. Assim, penso que há três apostas que alterarão o cenário que é montado todos os anos: uma real aplicação da lei, sem favoritismos e sem desculpabilizações, fazendo com que quem arrisca o comportamento negligente opte por não arriscar; uma prevenção efectiva assente na distribuição de meios de combate pelos corpos de bombeiros das zonas mais afectadas pelos incêndios (sabe que não é possível que a corporação a que eu pertenço continue unicamente com uma viatura ligeira de combate a incêndios e ninguém se preocupe com isso); e, como medida eficiente e algo utópica no combate aos incêndios, a criação de grupos de reforço (GRIF’s) distritais assentes no voluntariado, ou seja, a aquisição por parte da protecção civil de veículos de combate que possam estar situados ou estacionados junto dos Centros Distritais de Operações de Socorro e que, em situações de emergência, possam ser accionados pelo recurso a bombeiros que não estejam integrados nas Equipas de Combate (ECIN). Sabe que eu acredito que os problemas que nós vamos ter com os incêndios justificam investimentos elevados, tal como o investimento nas Forças Armadas.


(Entrevista publicada no Jornal A Guarda - do dia 09 de Setembro de 2010)

quarta-feira, agosto 18, 2010

Livro "Cercados pelo fogo - 2"





Caros visitantes:

Caso vivam na Guarda ou no Distrito e estejam interessados em comprar o livro do Professor Domingos Xavier Viegas, "Cercados pelo fogo - 2", podem fazê-lo junto de mim, pois tenho alguns exemplares que o Professor deixou comigo para facilitar a venda. Caso o desejem, contactem-me pelo meu e-mail: danielroc@gmail.com .

A capa do livro é uma foto do incêndio de Famalicão da Serra.

terça-feira, julho 06, 2010

O que se vai passar em Famalicão da Serra nos dias 9, 10 e 11 de Julho...


Programa

Dia 09-Julho-2010
- 19h: Celebração Eucarística

- 21h: Filme - Mar de chamas (“Backdraft”, de Ron Howard)

Dia 10-Julho-2010:
09:30
– Sessão de abertura (C. Rossa)
09:45
CEIF: Um programa de investigação sobre Incêndios Florestais(C. Rossa)
10:15
Catástrofes causadas pelos Incêndios Florestais: Austrália 2009” (R. Oliveira)
10:45 – Coffee break

11:15
Os ensaios laboratoriais como ferramenta na formação sobre combate” (D. Davim)
11:45
– “A investigação de acidentes: lições para a Vida” (C. Rossa)
12:15 – Almoço

14:30 – “
Staff-ride: Visita de estudo ao local do acidente
(C. Rossa, D. Davim, R. Oliveira)
17:30
– Final das Jornadas


Oradores
:
Carlos G. Rossa,
PhD Engenharia Mecânica (CEIF/ADAI - Universidade de Coimbra)
David A. Davim,
Lic. Engenharia Florestal (CEIF/ADAI - Universidade de Coimbra)
Ricardo F. Oliveira
, Lic. Geografia (CEIF/ADAI - Universidade de Coimbra)

Dia 11 – Julho - 2010
- 16h: Filme - Brigada 49 (
"Ladder 49" , de Jay Russell)

terça-feira, junho 29, 2010

Crónica: Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão

Recupero, para vós, uma crónica publicada em 2009 sobre a Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão.


"1. Tal como já vem sendo habitual, a discussão e a exploração de ideias contrárias ou de pontos de vista diferentes em relação aos incêndios florestais tem um lugar privilegiado na Jornada de Análise ao Acidente de Famalicão, em Famalicão da Serra, distrito e concelho da Guarda. Tal como deve ser habitual, a colaboração entre os vários saberes teóricos (na sua grande parte pertencentes aos investigadores ou, se preferirem, cientistas) e os saberes práticos (aqui bem representados entre os vários agentes da protecção civil, onde os bombeiros voluntários têm uma grande preponderância) é essencial para uma leitura correcta e aprofundada daquilo que tem sido bem ou mal feito pelas várias forças no terreno. Terão sempre os cientistas razão? Não! Também eles o admitem, mas têm a capacidade de não estarem completamente errados e de quererem discutir a fim de se atingir a correcta interpretação dos dados observáveis. Aqui entra a Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão. Desde o seu início e depois da trágica morte dos nossos colegas e do meu irmão, foi com um grande sentido de missão que nos agarrámos a uma sugestão do Professor Xavier Viegas. Esta actividade que iremos repetir é, afirmo-o, talvez o único “staff ride” que se realiza no continente europeu e um dos poucos que ocorrem a nível mundial. Sim, tirando o caso de Mann Gulch (acidente ocorrido com bombeiros “fire jumpers” em 1949) em que ocorrem periodicamente “visitas de estudo” ou “staff rides” e de outros locais nos Estados Unidos da América, a Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão é um momento que faz todo o sentido, que pode fazer toda a diferença e que traz uma grande oportunidade a quem nela participa de recolher saberes que são imprescindíveis à nossa actividade enquanto bombeiros.

2. A tristeza e a dor são perenes, admito-o com a certeza de uma confusão de sentimentos que me bloqueiam a mente. Será este um dia de dor e de tristeza? Sim. Será esse o sentimento que o dia vai transparecer? Não! Mais do que chorar a perda através de sentimentos de tristeza e dor, acredito que a celebração da vida e dos ensinamentos que os que partiram nos deixaram é aquilo que nos poderá fazer sentir realizados perante o vazio corporal. Podem perguntar “Sentes saudades?” e eu reponderei “Se sinto...”. Podem fazer-me propostas impossíveis como “Querias partilhar o cansaço até hoje acumulado com o teu irmão mais velho?” e eu reafirmaria “Não desejaria nada mais.” Este é um encontro para celebrar a existência de quem nos ensinou e quer que continuemos a aprender. Este é um encontro para alertar os vindouros dos perigos que o ser bombeiro encerra. Este é um encontro para perdurar como vida que nasceu dos homens. Este é o encontro onde recordamos verdadeiramente os homens e a sua obra. Este é o encontro onde o Sérgio, o Juan, o Henry, o Fabián, o Bernabé e o Sérgio reconhecem que a sua vida fez sentido… em todos nós!

3. Esta Jornada é diferente! Podem ter a certeza disso. Nada aqui acontece por acaso. Tudo faz sentido e tudo se adequa à nossa própria existência enquanto homens. Aqui tudo é vida e sentimento; tudo é sorriso e ensinamento; tudo é lembrança e pensamento. Esta Jornada é diferente porque não se preocupa com o dinheiro que não existe. Esta Jornada é diferente porque quem participa o faz de coração aberto. Esta Jornada é diferente porque celebra a vida. Esta Jornada faz sentido porque tem sentimento.

4. Descubram a importância de lembrar! Estamos à vossa espera!

http://www.bombeiros.pt/staff_raid/jornadas.php

Famalicão, 28 de Junho de 2009

Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado no Portal Bombeiros.pt - 29 de Junho a 6 de Julho de 2009, e disponível no link: http://www.bombeiros.pt/entrevista/entrevista.php?id=32)"

quarta-feira, junho 23, 2010

11. Crónica Altitude – Crónica das “vontades”

1. Ser-me-ia completamente impossível o desvio de um tema que marcou a sociedade, em geral, e a literatura, em particular. Refiro-me, como é óbvio, à morte de José Saramago. Desta morte, apenas posso lamentar a perda de um exímio criador ficcional e de um ser humano frontal e coerente. Dos defeitos e feitios afasto-me com a orgulhosa pretensão de não ter conhecido o homem para a ele poder associar tudo aquilo que dele se diz. Enquanto uns, movidos pelas Presidenciais de 2011, se preocupavam em discutir a maléfica ausência de Cavaco Silva das cerimónias fúnebres, eu preocupei-me em perceber melhor, através da observação e da leitura, tudo aquilo que era mostrado nas páginas de jornais, em blogues e em discursos vários. Para além de ter ficado emocionado com as vénias de todo o mundo em direcção à obra do autor de “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, fiquei extremamente convencido da projecção mundial das mensagens que Saramago emanou. Na longa demora emotiva que é provocada em quem tem o terrível direito a acompanhar um ente querido à cova, apercebi-me da já referida mesquinhez de todos aqueles que não se coíbem em aproveitar todos os momentos para ter ganhos próprios. Daí que, repentinamente, me lembrei da minha cidade e de toda a complexidade que nela se encerra. Quantos, de nós, terão aplaudido a mesquinhez e quantos terão mantido o silêncio honroso que deve acompanhar aquela última despedida? Quantos terão pensado que o invocar de questiúnculas políticas sobre um caixão é uma táctica eficaz e quantos terão ficado desiludidos com essa atitude mesquinha?


(...)
Guarda, 22 de Junho de 2010
Daniel António Neto Rocha


(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 23 de Junho de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)

terça-feira, junho 22, 2010

Inscrições na IV Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão - Guarda

Já está disponível a aplicação para inscrição na IV Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão - Guarda.

...
Noutros países do mundo, os locais onde se dão acidentes com bombeiros servem como espaços de investigação e de aprendizagem, especialmente no que diz respeito ao fenómeno “Blow-up” ou “efeito chaminé” (como vulgarmente é conhecido no seio dos bombeiros). Nesses espaços de investigação e reflexão são recolhidos ensinamentos que ajudam a educar e sensibilizar os bombeiros para a importância dos equipamentos de protecção individual e assim tentar evitar tragédias similares.

Este evento é organizado em colaboração pela Associação Amigos Bombeirosdistritoguarda.com (AABDG), pelo Projecto Sérgio Rocha e pelo Centro de Estudos de Incêndios Florestais (CEIF), e terá o apoio de diversas entidades ligadas à Protecção Civil. Os trabalhos serão conduzidos pelos organizadores
.

No dia
10 de JULHO de 2010, junte-se a nós na reflexão aprofundada sobre o acidente ocorrido a 9 de Julho de 2006 em Famalicão da Serra e na singela homenagem aos companheiros falecidos em combate. As conferências e a preparação do “staff-ride” ocorrerão na Casa da Cultura de Famalicão.

Programa (provisório)


09:30 - Sessão de abertura

09:45 às 12:30 - Curso de Protecção Individual no Combate a Incêndios Florestais

12:30 - Almoço

14:30 - “Staff-ride” (Visita de estudo ao local do acidente)

17:30 - Final das Jornadas


- A inscrição custa 15 euros (até ao dia 6 de Julho de 2010), com direito a refeições e entrada gratuita nas actividades, por pessoa, sendo que crianças com menos de 15 anos, que acompanhem os pais, não pagam.


- O programa será actualizado brevemente com os nomes dos formadores e respectivas lições.


- Aconselham-se os participantes que pertençam a corporações de bombeiros a utilizar a farda de trabalho e os restantes participantes a trazerem roupas adequadas a caminhadas.


- Aconselha-se a deslocação dos participantes em viaturas TT, sendo que quem não as possui não fica impedido de participar.


- A inscrição ficará confirmada após a confirmação da transferência bancária para a conta da organização. O comprovativo de transferência bancária deverá ser depois digitalizado e enviado para o e-mail fornecido pela organização. Ao optar pela inscrição a partir do dia 7 de Julho, o preço da inscrição será de 25 euros.


- Demais indicações serão fornecidas pela organização após o efectuar da inscrição no portal bombeiros.pt .