domingo, setembro 27, 2009

O estado do governo

Acompanhei com isenção q.b. a campanha das eleições legislativas. Chegados agora ao resultado e à mais do que previsível formação de um Governo, deixo aqui uma pergunta que me tem "atasanado" (leia-se: ocupado) a mente:
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Se o Estado, José, quer modernidade, alta velocidade, desenvolvimento, melhor educação, melhor saúde, melhores condições de vida, diz-me lá o que vai fazer o Governo para dar isso ao Estado?
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É que isto de fazer dos eleitores "espectadores participativos" nos desejos de um Governo fictício é mera propaganda e agora quero saber o que realmente o Governo vai fazer.
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Deixo ainda um pequeno reparo: não devemos enganar o inculto, devemos, sim, educá-lo!

segunda-feira, setembro 14, 2009

10 000 dias

Hoje, caso a aplicação que me dá esta contagem esteja a fazer um bom trabalho, celebro dez mil dias de vida! Sendo um número bem redondo, apeteceu-me partilhá-lo com os que me lêem.
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Parabéns a mim!

sexta-feira, setembro 11, 2009

A minha tardia homenagem ao Professor Bonito Perfeito

Fugiu-me, ou terei fugido eu, das leituras jornalísticas semanais, na semana em que terminou o passado mês de Agosto, um dos textos que merece destaque pela sua admirável honestidade e intensa dolência, para além da fluidez do discurso e da capacidade expositiva que aprendi a admirar e a fruir.
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Eu não conheci o Dr. Bonito Perfeito pessoalmente. Conheci, através do Professor Honorato Esteves (meu familiar) e do Professor António José Dias de Almeida (meu Mestre e considerado amigo), o seu currículo de exemplo e a sua estatura moral e intelectual fora de série. Foi através deles que o seu nome (aparentemente hiperbólico) ganhou uma dimensão terrena e uma profusão corpórea. Atrás da sua (deles) admiração pelo "seu Professor", encaminhei-me a alguns dos seus artigos publicados na Revista Praça Velha. Não me espantei ou torci o "sobrolho". Li um dos seus textos sobre Virgílio Ferreira e Ovídio. A mistura entre seres tão díspares, no tempo, e, para o Professor Bonito Perfeito, tão próximos na capacidade de exporem aos seus contemporâneos obras de valor excepcional. Se eu tinha dúvidas, de adolescente à descoberta de autores valiosos, sobre o valor e a arte de Virgílio Ferreira, a partir das palavras limadas e sabedoras deste Professor "embebedei-me psicologicamente", noites dentro, com a leitura atenta e reflexiva de todos os livros (faltavam-me quatro ou cinco), que tinha à minha disposição e que entretanto ía comprando, daquele que me ensinou, realmente, a olhar para o ser humano enquanto homem e não enquanto máquina.
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O Professor Bonito Perfeito não foi meu professor. O Professor António José Dias de Almeida foi meu professor e é, neste momento, um dos modelos que sigo na minha profissão como Professor. Não conheci Virgílio Ferreira, mas leio no elogio da vida (texto que vos aconselho de seguida) toda a capacidade aglutinadora do homem enquanto ser capaz de influenciar vidas tão distantes.
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Aconselho vivamente a leitura deste texto belíssimo e agradeço a oportunidade concedida pelo Professor "Tó Zé" (como o aprendi a conhecer, carinhosamente, desde a minha infância) de nos permitir uma entrada no seu mundo de recordações pessoais.

sábado, setembro 05, 2009

Leiam o meu "mau feitio"!

Pelos vistos a capacidade de análise da podridão de que muitos parasitas fazem parte é apelidada de "mau feitio".
Ainda bem, então, que tenho "mau feitio". Ainda bem então que, caso me reconheçam isso, eu não os tenho como amigos, pois quem me conhece vos poderá dizer o contrário. Ainda bem que confundem determinação e participação cívica com mau feitio, visto que, sei-o, isso vos terá já garantido um qualquer trabalhito ou uns trocos "a mais no bolso".
Sabem uma coisa, o meu "mau feitio" é óptimo para vos ter no sítio onde vos tenho e para o qual nem me preocupo em olhar.
Tenho pena que a inveja vos tolde a vista e vos faça barafustar e calcorrear maneiras de fazer figura. Ou como alguém uma vez disse: "não é o dinheiro, são os contactos"!
Ainda bem que tenho "mau feitio"! Isso ajuda-me a não enganar quem comigo conta! Ajuda-me a ser fiel aos meus princípios! Ajuda-me a andar de cabeça erguida!
Eu sou apenas um cidadão que se preocupa com "o futuro da nossa terra" e com o futuro de filhos alheios. Eu sou apenas um Homem que se recusa a fazer parte da "fantochada" que alguém manuseia habilmente(?)! Eu sou apenas um habitante que olha para a sua Aldeia e a vê com a "corda ao pescoço"! Eu sou apenas um Bombeiro que está preocupado com o futuro dos homens da corporação a que pertence e com a própria corporação! Eu sou apenas um Professor que se preocupa com os alunos e que pretende que eles sejam melhores do que quem me apelida de ter mau feitio!
É verdade! Tenho "mau feitio" e tenham a certeza de que vou continuar a tê-lo durante muitos anos com as pessoas que se acham capazes de tudo só por terem um "amigo", um "primo", um "padrinho", um "compadrio" ou um qualquer "clube" que lhes alimenta as vontades balofas!
Podem ter a certeza de que vou continuar, em Famalicão ou fora dela, a bater-me e a bater-lhes pelas decisões caseirinhas e pelas políticas de íntima amizade.
Fico, ainda, muito contente por saber que há pessoas que lêem o que eu escrevo. Fico contente por saber que há pessoas que percebem o que eu escrevo. Fico satisfeito por saber que há pessoas que, muito possivelmente ou quase de certeza, vão ter um contacto próximo comigo e que não fazem ideia daquilo que escrevem. Fico muito satisfeito por saber que, apesar de anónimos idiotas, já pensam e escrevem sobre mim.
Pobres daqueles que vivem no anonimato e por aí se alimentam rastejando aos pés de "gigantes monstros quixotescos"!

segunda-feira, agosto 24, 2009

Crónica Atípica

1. Estou a escrever num espaço temporal que antecede a mudança do dia. Estou a escrever e pouco falta para a meia-noite. Estou a escrever e penso. Uma pergunta: não seria bom que houvesse mudanças a sério nas nossas corporações de bombeiros?


(...)

Famalicão da Serra, 23 de Agosto de 2009
Daniel António Neto Rocha
 
(Excerto do Texto publicado no Portal Bombeiros.pt - 24 de Agosto a 31 de Agosto de 2009, e disponível no link: http://www.bombeiros.pt/entrevista/entrevista.php?id=39)

segunda-feira, julho 20, 2009

Nietzsche tinha razão

Qual é o nosso principal papel enquanto educadores ou formadores de novos homens e mulheres nesta sociedade? Esta é a pergunta que coloco a todos aqueles (se os houver!) que me visitam neste espaço.

Posso adiantar-vos a resposta que daria Nietzsche (ou que deu enquanto questionava a mesma problemática!) e com a qual concordo plenamente:

“Domestico todos os ursos e torno até modestos os arlequins.”

Esta é uma expressão retirada do livro ECCE HOMO!, de Friedrich Nietzsche.

domingo, julho 19, 2009

Assim se vê como se tentam ganhar votos e caem no ridículo!

Imaginem um público: enternecedor e cheio de vontade em obedecer; cheio de vontade em ter mais paralelos e paredes de caminhos para fazer; cheio de vontade em aplaudir a ridícula e aflita postura de quem vê que nada mais pode fazer. Depois, voltem a imaginar: toda a encenação apresentada uma linhas atrás, meia dúzia de “opositores”, uma mesa incompetente até naquilo em que devia ser competente, uns defensores que desconhecem aquilo que estão a defender, uma postura nervosa e autoritária. Para os mais saudosistas e conhecedores da história de Portugal, imaginem: o dia 17 de Abril de 1969 em pleno departamento de Matemática, na Universidade de Coimbra.

Lembrem-se, todos os que lerem e os que entretanto foram pesquisar, da postura paternal de um certo Professor que ao tempo era Ministro da Educação. “Podem falar, mas só depois do Senhor Presidente do Conselho!”, foi algo assim o que se seguiu às palavras de um à época defensor da Liberdade e dos direitos dos estudantes. “Podem falar, mas só depois de o Senhor Presidente fazer o seu elogio pessoal e de todos vós pacificamente votarem nele nas próximas eleições!”, diria algum Presidente de Mesa mais carneirista de uma qualquer balofa associação do Portugal profundo a fim de defender os auto-proclamados feitos e desvios de um outro Presidente tão bem visto ao espelho num Domingo de manhã.

Imaginem agora a coexistência de uns tipos que tentam dar a sua opinião mas são calados pela vontade férrea em só ouvir os elogios pessoais e a burrice crónica de quem vota sem ler e de quem defende algo que lê pela primeira vez!

Valha-nos a honesta competência de uma qualquer trabalhadora a cumprir um estágio profissional ou semelhante lugar num lugar enfermo e bolorento para haver a troca de um nome por outro.

Assim vamos, Famalicão!, no Verão de 2009.

segunda-feira, julho 06, 2009

Entretido a entreter os entretidos!

Juízo nenhum! Paciência nenhuma!
Pachorra pouca!
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Com epígrafes destas (ou se lhe quiserem chamar mote!) nem o Camões resistia e deixava imediatamente de escrever. Há quem diga que ele deixou de escrever e foi o outro parecido com ele que continuou a deliciosa aventura dos descobrimentos portugueses pelo mundo (tanto os materiais como os carnais!). Admito que Camões foi um homem carnal e até o admiro por isso, mas o que se esperava de um homem que sabia que iria tornar-se imortal e daí logo imaterial? Bem, perdi o encanto por Camões! Se ele supostamente sabia, já não tem valor aquilo que ele escreveu não sabendo ou supostamente pensando que nunca seria imortal. Porque falo de Camões e não de outro? Não faço a mínima intenção de saber! Deu-me para, de um jacto, imitando Pessoa, começar a falar de algo que é parecido com o que Camões significa na mente de muita boa gente: o nada que de repente é tudo! (Lá volta o Pessoa!) Quem foi Camões? Foi o tipo que decidiu que haveria de haver no futuro bem longínquo um feriado que daria muito jeito se estivesse colocado no dia anterior ao do Corpus Christi. Corpus Christi ou Corpo de Cristo e lá vem o Saramago com as riquezas visuais dos enfeites das ruas de Lisboa de D. João IV. Bem engraçada a forma como transformamos uma história numa não história e a levamos a ser mais uma crítica do que uma história. Assim é: sobe, sobe Baltazar e livra-te deste inferno terrestre. Qual filho de Camões, na desgraçada ausência de membro, qual outro de Pessoa, no jacto que te transportou até aos céus desconhecidos sem uma única letra escrita, qual alter de Saramago, na ansiosa aventura pelo mundo louco e estratosférico da literatura.
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Algo de jeito se escreve? Não me parece. Deliciosa aventura dos sentidos reunidos na escrita que confunde e infunde de interior as letras pesadas da internet.
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Pergunto-me por vezes: Acrescento algo ao meu futuro? Respondo com uma desmesurada ambição e mesurada consciência tecnológica: Sim! Acrescento uns quantos "bites".

domingo, junho 28, 2009

III Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão: porque a fazemos e porque deves participar?!

1. Tal como já vem sendo habitual, a discussão e a exploração de ideias contrárias ou de pontos de vista diferentes em relação aos incêndios florestais tem um lugar privilegiado na Jornada de Análise ao Acidente de Famalicão, em Famalicão da Serra, distrito e concelho da Guarda. Tal como deve ser habitual, a colaboração entre os vários saberes teóricos (na sua grande parte pertencentes aos investigadores ou, se preferirem, cientistas) e os saberes práticos (aqui bem representados entre os vários agentes da protecção civil, onde os bombeiros voluntários têm uma grande preponderância) é essencial para uma leitura correcta e aprofundada daquilo que tem sido bem ou mal feito pelas várias forças no terreno. Terão sempre os cientistas razão? Não! Também eles o admitem, mas têm a capacidade de não estarem completamente errados e de quererem discutir a fim de se atingir a correcta interpretação dos dados observáveis. Aqui entra a Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão. Desde o seu início e depois da trágica morte dos nossos colegas e do meu irmão, foi com um grande sentido de missão que nos agarrámos a uma sugestão do Professor Xavier Viegas. Esta actividade que iremos repetir é, afirmo-o, talvez o único “staff ride” que se realiza no continente europeu e um dos poucos que ocorrem a nível mundial. Sim, tirando o caso de Mann Gulch (acidente ocorrido com bombeiros “fire jumpers” em 1949) em que ocorrem periodicamente “visitas de estudo” ou “staff rides” e de outros locais nos Estados Unidos da América, a Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão é um momento que faz todo o sentido, que pode fazer toda a diferença e que traz uma grande oportunidade a quem nela participa de recolher saberes que são imprescindíveis à nossa actividade enquanto bombeiros.

2. A tristeza e a dor são perenes, admito-o com a certeza de uma confusão de sentimentos que me bloqueiam a mente. Será este um dia de dor e de tristeza? Sim. Será esse o sentimento que o dia vai transparecer? Não! Mais do que chorar a perda através de sentimentos de tristeza e dor, acredito que a celebração da vida e dos ensinamentos que os que partiram nos deixaram é aquilo que nos poderá fazer sentir realizados perante o vazio corporal. Podem perguntar “Sentes saudades?” e eu reponderei “Se sinto...”. Podem fazer-me propostas impossíveis como “Querias partilhar o cansaço até hoje acumulado com o teu irmão mais velho?” e eu reafirmaria “Não desejaria nada mais.” Este é um encontro para celebrar a existência de quem nos ensinou e quer que continuemos a aprender. Este é um encontro para alertar os vindouros dos perigos que o ser bombeiro encerra. Este é um encontro para perdurar como vida que nasceu dos homens. Este é o encontro onde recordamos verdadeiramente os homens e a sua obra. Este é o encontro onde o Sérgio, o Juan, o Henry, o Fabián, o Bernabé e o Sérgio reconhecem que a sua vida fez sentido… em todos nós!

3. Esta Jornada é diferente! Podem ter a certeza disso. Nada aqui acontece por acaso. Tudo faz sentido e tudo se adequa à nossa própria existência enquanto homens. Aqui tudo é vida e sentimento; tudo é sorriso e ensinamento; tudo é lembrança e pensamento. Esta Jornada é diferente porque não se preocupa com o dinheiro que não existe. Esta Jornada é diferente porque quem participa o faz de coração aberto. Esta Jornada é diferente porque celebra a vida. Esta Jornada faz sentido porque tem sentimento.

4. Descubram a importância de lembrar! Estamos à vossa espera!

http://www.bombeiros.pt/staff_raid/jornadas.php

Famalicão, 28 de Junho de 2009

Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado no Portal Bombeiros.pt - 29 de Junho a 6 de Julho de 2009, e disponível no link: http://www.bombeiros.pt/entrevista/entrevista.php?id=32)

quarta-feira, junho 24, 2009

III Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão

Este é o cartaz da actividade que tenho andado a organizar. Espero encontrar-vos cá!



É já no próximo dia 9 de Julho de 2009. O programa e as incrições encontram-se em: http://www.bombeiros.pt/staff_raid/jornadas.php .

terça-feira, maio 26, 2009

Monocórdico

Por vezes entrego-me ao desnorte de um dia incapacitante e pleno de negativismo. Não é que a culpa seja minha ou do mundo que me rodeia, mas as ideias e os ideais que vislumbro no olhar raiante de vingança de seres com quem me cruzo no vaivém vivo da dinâmica dos dias leva-me ao desgaste mental e ao desejo de alheamento. De onde sou ou por quem me tomam? Não sei, mas duvido que eu queira ter uma resposta capaz de agradar a algum desses raios que não me perturbam. Não lhes darei resposta ou sequer tentarei mostrar uma explicação maior do que a do mero esgar de um bocejo. Não me apetece aturar más vontades ou feudalismos analéptico-vivenciais, nem meras propagandas de um nazismo idealizado na presunção de um autoritarismo alimentar. Desejo-me outrado num canto qualquer e não permito a dura ubiquidade existencial de mim em emoções contrárias. O negativismo foi-se e o desnorte faz-me viver.

segunda-feira, maio 04, 2009

Porquê e para quê? Uma questão hipócrita

1. Foi (re) lançada a campanha de prevenção de incêndios florestais para 2009. As frases que desde logo me despertaram alguma atenção foram: “A MAIOR PARTE DOS INCÊNDIOS COMEÇA COM UM ACTO NEGLIGENTE! NÃO SEJA CULPADO POR UM CRIME COMO ESTE!”. Ainda não fazendo um comentário, mas sugerindo-o, começo por caracterizar estas frases como verdadeiramente hipócritas ou, se assim o quiserem, como afirmações enganosas.

2. O Dicionário Houaiss (o dicionário mais global no que diz respeito à Língua Portuguesa) define desta forma a palavra HIPOCRISIA: substantivo feminino 1. Característica do que é hipócrita; falsidade, dissimulação. 2. Acto ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos, intenções; fingimento, falsidade. 3. Carácter daquilo que carece de sinceridade. Esta definição é a leitura mais objectiva e mais clara do sentimento que me percorre de cada vez que tenho de ver na televisão ou de ouvir na rádio o spot publicitário que pretende alertar a sociedade civil para os perigos dos incêndios.

3. Portugal é um país pródigo a afirmar aquilo que não se vem a verificar. Sinto-o na pele e está na altura de o partilhar convosco. Estamos perto de atingir os três anos do Acidente de Famalicão da Serra – incêndio onde perdeu a vida o meu irmão e onde várias famílias ficaram irremediavelmente destroçadas. Não o digo apenas pela minha. Depois desse triste dia, houve um compromisso das autoridades que tinha como intenção o efectivo castigo dos CRIMES cometidos. Isso está comprovado nas palavras ditas e repetidas no lançamento das campanhas de prevenção de incêndios que se seguiram (ver:
Link Eco; Link TVI; Link SIC; Link RTP).

4. Hoje: a hipocrisia continua e é clara. A investigação, às causas que originaram o incêndio, parou no ponto em que o incendiário é visto como um pobre coitado que teve um azar. O ministério público não reabre novas investigações apesar de haver informações que dão como certo um “comportamento negligente” e consciente. Toda a gente assobia para o lado, não querendo afirmar o que realmente aconteceu. Não, posso dizer-vos com toda a certeza: a culpa não está na faísca, está na queimada.

5. Senhor Presidente da República, Senhores Ministros, Senhor Procurador Geral, demais Senhores responsáveis: não é com a mentira ou com a ameaça oca que o problema dos incêndios se resolve. Um mentiroso negligente está a viver impunemente, enquanto há várias pessoas que desde 9 de Julho de 2006 sofrem. Senhores, chega de promessas adiadas e de falsas ameaças, deixem-se de hipocrisias. Castiguem quem devem castigar e não tenham medo de perder votos (ver:
Link Expresso).

Famalicão da Serra, 02 de Maio de 2009
Daniel António Neto Rocha
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(Texto publicado no Portal Bombeiros.pt - 4 a 10 de Maio de 2009, e disponível no link: http://www.bombeiros.pt/entrevista/entrevista.php?id=24)

segunda-feira, abril 27, 2009

"Onde vais no fim-de-semana?"

Existem exemplos de acções que ou são ridículas ou... são muito ridículas. Não percebi, ainda, nem tenciono descobrir, nunca, como funciona a inteligência negligente de certos "figuras de pau" que habitam, infelizmente, em espaços próximos dos meus, mas confesso que me assustam as opções tomadas no "furor lancinante" lançar as obras e as desobras (quanto a mim são mais estas!) que são consideradas estratégicas.

"Onde vais no fim-de-semana?".

Este poderia ser o título de um filme a estrear brevemente bem perto de mim. Claro que mereceria uma profunda reflexão. Certamente seria merecedor de uma tese de Doutoramento de elevada ambiguidade. Obviamente iria parir, a montanha, um rato! Infelizmente, a montanha pariu mesmo um rato!

"Cultura ao fim-de-semana! Se a quiser durante a semana, só através de marcação! A cultura é cara, tem de haver mais gente na aldeia, por isso esperamos pelas pessoas que vêm ao fim-de-semana!"

Tristeza das tristezas: saí à rua ainda há pouco e as ruas estão desertas; a aldeia morre lentamente ao sabor da inércia; os cafés já fecharam e as pessoas escapam-se levemente pela sombra das ruelas; não existe vida sobre as pedras; as escadas pararam de levar instantâneos passageiros; ...

Também eu começo a sentir-me com vontade de ter cultura ao fim-de-semana. Também eu começo a sentir vontade de dar descanso às escadas que me levam. No final respiro fundo e agradeço, pois no fim-de-semana sim, no fim de semana temos cultura!

domingo, abril 12, 2009

Falemos lá então de coragem!

Não tenho por hábito dar resposta a provocações vindas de quadrantes que não se regem por ideias próprias, mas, visto que para mim a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Famalicão da Serra (AHBVFS) é e será sempre um assunto com contornos afectivos fortes e sérios, decidi publicamente exercer um direito de resposta que se justifica tendo em conta a provocação que foi dirigida nas páginas deste jornal tanto a mim como a outras pessoas. Essa provocação cobarde, pois dirigida através dos jornais, de falta de “coragem para apresentar uma lista”, resulta da não-aceitação, pela minha parte e por parte de outros, da votação sem discussão (naquele espaço e naquela hora) da compra de um edifício que, supostamente, se destinava a ser convertido num quartel.
No jornal A Guarda de 26 de Março de 2009, na página 7, surge em grande destaque a notícia com o título ”António Fontes recandidata-se à direcção dos Bombeiros”. No seu corpo, surgem, para além da acusação “corajosa” acima citada, várias contradições e referências que demonstram um conjunto de processos duvidosos e plenos de infracções às regras democráticas de eleição. Senão vejamos:
1– Logo no primeiro parágrafo, o autor do artigo refere: “ (…) António Fontes recandidata-se à direcção da colectividade após verificar que não se apresentou nenhuma lista concorrente ao acto eleitoral (…) ”. Recandidata-se após verificar que não se apresentou nenhuma lista concorrente ao acto eleitoral? Segundo estas palavras, e dadas as regras democráticas de apresentação de listas, o candidato (já eleito no momento em que escrevo) terá entregado a sua lista depois do prazo permitido por lei!
2– No segundo parágrafo, o artigo continua e dá a resposta à dúvida anterior. “ (…) A entrega das listas terminou no dia 12 deste mês (Março) e, tendo em conta que não foi apresentada nenhuma candidatura, a direcção anterior, liderada por António Fontes, entregou uma lista «para evitar que a Associação caísse num vazio directivo» ”. Em primeiro lugar, não se combate o vazio directivo através de ilegalidades perante os estatutos. Em segundo lugar, o vazio directivo contorna-se através do mesmo processo que intermediou a demissão e as eleições (tal como sucedeu desde o dia 2 de Dezembro de 2008 até ao dia 27 de Março de 2009), e através do adiamento da eleição (havendo, posteriormente, a obrigação moral dos demissionários em marcarem uma Assembleia Geral de discussão da situação em que a Associação se encontra). Logo não haveria nenhum vazio directivo, pois, como se comprova pela candidatura tardia, havia vontade em continuar.
3– Já no terceiro parágrafo é feito o elogio da coragem (?) pessoal. Aparecendo como salvador da pátria (de repente relembro-me de um ilustre personagem político que ficou famoso a partir do 27 de Abril de 1928!), afirma-se o seguinte: “ (…) O dirigente contou ao Jornal A Guarda que a lista «foi feita à última da hora por não aparecer nenhuma», lamentando que os sócios que estiveram na origem da demissão da direcção anterior não tenham tido «coragem de apresentar uma lista, porque foi-lhes dada essa hipótese». ”. Como pudemos ler e agora reler, demonstra-se neste excerto toda a intenção corajosa de uma candidatura isolada. Para além de voltar a demonstrar que a vontade de aparecer como cabeça de lista é superior a uma equipa directiva organizada e pensada para as necessidades da Associação, o dirigente prefere entrar no ataque pessoal. Faz bem. Demonstra ausência de verticalidade (exigível a quem preside a uma Associação Humanitária) e de ética eleitoral. A atitude que é explorada neste excerto é de alguém que acima de tudo quer ganhar. Como (obrigado pelo elogio!) eu, principalmente, e outros, que votaram na proposta de adiamento e discussão da votação, não concordámos com a vontade férrea da Direcção em comprar o edifício em questão sem haver antes uma discussão saudável e profícua (assim o penso!), os órgãos directivos demitiram-se. Porquê? Está visto neste artigo o porquê: o diálogo tem de ser indirecto. Este dirigente recusa a discussão directa dos assuntos e prefere a injúria através dos meios de comunicação social. Aqui lhe dou os parabéns pela “coragem”!
4- Ainda no terceiro parágrafo, lê-se assim: “ (…) Recorde-se que os elementos da direcção da AHBVFS demitiram-se em bloco, no dia 1 de Dezembro de 2008, pelo facto de os sócios não terem concordado com a aquisição de um imóvel para quartel sede.”. Lamento-me eu: oh!, afinal não foi por causa de mim! Então se foi pela não concordância com a aquisição de um imóvel por parte da Assembleia Geral (como neste passo se diz), por que se fala acima (no texto transcrito no ponto 3) da existência de sócios que estiveram na origem da demissão? Sim, meu caro dirigente, pelos vistos a vontade de controlar e decidir isoladamente é o seu forte, mas lembre-se de que vivemos num país onde a Democracia (pelo menos teoricamente) ainda é lei, mesmo em Famalicão da Serra.
5- Não pretendendo transcrever todo o artigo, transcrevo apenas mais um excerto. Diz-se no quinto parágrafo, tentando o autor reconstruir o caminho que levou às eleições, “ (…) De acordo com António Fontes, «como a direcção não pode cumprir com o plano de actividades, pediu a demissão para que essas pessoas [eu e outros] que entendem que deve haver um quartel novo e não uma recuperação, possam tomar conta da associação e cumprirem essa finalidade, porque pela nossa parte não é possível» ”. Afinal de contas parece haver um problema de coerência entre as várias declarações que foram feitas. Naquela altura a causa da demissão terá sido a impossibilidade de cumprir o plano de actividades. Agora a razão ou a causa já se deve a um conjunto de sócios. Decida-se, meu caro, por uma das razões. Isso ajudará na sua capacidade de comunicação, revelando também uma maior coerência de ideias.
Estes são os pontos do artigo que são mais interessantes, pois demonstram de uma forma clara qual é a estratégia e quais são as intenções que parecem nortear a linha programática deste dirigente, infelizmente.
Já agora, dado que nem se preocupou em saber directamente, vou enunciar-lhe as razões que impediram ou desaconselharam uma candidatura pela minha parte:
1-Infelizmente, tenho uma profissão que, neste momento, não me liga a Famalicão da Serra. Felizmente, hoje, trabalho na Guarda, mas amanhã pode ser noutro local. Dava para pertencer a um dos órgãos? Sim, dava, mas pertencer por pertencer não e, também, ninguém me convidou, mesmo “à última da hora”!
2-Como sabe, ou deveria saber, houve um período de candidaturas para construção de Infra-estruturas na Área da Protecção Civil com verbas do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), que, curiosamente, se desenrolou desde Dezembro de 2008 até finais de Março de 2009. Curiosamente, as eleições para os órgãos da Associação ocorrem apenas depois desse prazo (a convocação de eleições necessita de um prazo de três meses?). Meu caro, eu não me candidato a nada segundo a vontade de outros ou na altura que convém aos outros. Assumo com coragem as minhas responsabilidades, mas não me candidato a nada para, simplesmente, “encher balões”.
3- Foram sondadas algumas pessoas para que pudesse ser constituída uma lista sólida, desinteressada e alheada de interesses instalados noutros quadrantes. Infelizmente, de algumas dessas pessoas houve uma demonstração de interesse, mas não estavam em condições estatutárias para aceitar. Infelizmente, de outras houve a demonstração de necessidade de afastamento para descansar. Infelizmente, os sócios que estavam interessados são Bombeiros, como sabe, e teriam de afastar-se do corpo activo para integrar os órgãos directivos.
4- Como deixei bem explícito noutro jornal (durante o mês de Dezembro), teria toda a vontade em integrar os órgãos directivos caso viesse a ser necessário. A utilização do conjuntivo deu-me razão, visto que apareceu quem, “após verificar que não se apresentou nenhuma lista concorrente ao acto eleitoral”, se candidatou “corajosamente”.
5- Finalmente, meu caro, tenho pena que Famalicão da Serra viva debaixo de um regime. As pessoas devem ter direito a seguir as ideias próprias. Não pense que as suas ideias são melhores do que as dos outros e, se as suas são diferentes, mude de estratégia e tente convencer de que as suas ideias são melhores recorrendo ao diálogo. Não pense que o poder democrático que possui é sinónimo de autoritarismo. As perseguições por discordância de ideias não funcionam e estão conotadas com uma outra época.
Meu caro, tenho pena que tenhamos chegado a este momento, pois a “conversa” através dos jornais não serve ninguém, mas pelos vistos é assim que tenta lançar-se para outros voos, tentando demonstrar a sua coragem ao invés da dos outros. Tenho pena que tenha pensado que assim ganharia espaço e fôlego políticos. Enganou-se! Posso dizer-lhe que acabou por perder mais do que aquilo que ganhou e digo-lhe, ainda, que talvez tenha ganho alguns adversários! Posso, também, dizer-lhe que a minha postura em defesa das instituições de Famalicão da Serra não é titubeante, ou seja, não prefiro uma (que me pode ser mais útil) em relação a outra (que me é indiferente). A AHBVFS vai contar sempre com a minha participação plena, enquanto sócio e bombeiro, em todos os assuntos e problemáticas. Assim como o Senhor, como Presidente da Direcção, poderá sempre contar com a minha ajuda e colaboração para honrar cada vez mais a Associação que preside, contando sempre com a minha voz crítica e com as minhas ideias pessoais numa dialéctica construtiva, mesmo que, por vezes, sejam contrárias às suas vontades pessoais e políticas.


Famalicão da Serra, 29 de Março de 2009
Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado no Jornal A Guarda - do dia 02 de Abril de 2009, e também disponível através do link: http://www.jornalaguarda.com/noticia.asp?idEdicao=295&id=15329&idSeccao=3805&Action=noticia)