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domingo, junho 02, 2013

Crónicas na Guarda

A crónica desta Terça-feira (dia 4 de Junho) na Rádio Altitude fará uma visita às esquerdas concorrentes à Câmara Municipal da Guarda. Pelo que sei, há neste momento duas candidaturas de partidos de esquerda que já foram formalmente apresentadas. Logo, é nessas duas que incidirá a minha singela e despreocupada análise. Sabendo eu que ninguém a ouvirá ou lerá, até posso dizer duas ou três coisas mais conflituosas. Para daqui a cerca de duas semanas (dia 18), ficarão as candidaturas da direita e uma pequena súmula do "tudo" ou do "nada" que estas eleições trarão ao concelho. 

terça-feira, maio 21, 2013

Crónica dos caminhos para as autárquicas 2013: as independências (parte um) (*) - 15. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)



1. Começo hoje a fazer uma análise aos caminhos políticos que culminarão nas Eleições Autárquicas 2013 e aos protagonistas que vão aparecendo. Estas minhas análises não são de um entendido na matéria política ou de um comentador profissional. Sou apenas um cidadão que lê o que se escreve e o que se diz, e que se preocupa com o futuro que terão as suas terras do berço, tendo uma clara percepção dos joguinhos e dos oportunismos políticos que teimam em não desaparecer das ruas escuras da Guarda. São estas sombras vampirescas de falas angelicais que temos de desalojar a todo o custo, uma vez que é impensável criar a tão desejada cidade sustentável e sustentada quando ela sacia a jorros, qual ama-de-favores, os eternos chupistas que, habitando os bastidores, se refastelam eternamente de pança inchada ao sol. E é este o meu propósito: olhar e perceber, ao mesmo tempo que comunico aquilo que vejo e aquilo que se apresta a acontecer. Vou exagerar, perguntam vocês. Sim, possivelmente, mas no meu exagerar verão que há questões que são extremamente curiosas e oportunas e, pergunto agora eu, não teremos nós de exagerar para depois haver uma, por mais pequeníssima que seja, reflexão sobre a matéria? 



2. A candidatura independente de Baltasar Lopes. Do cabeça de lista sei aquilo que todos sabem e que são factos públicos: presidente de junta, deputado da Assembleia Municipal, principal motor de uma triste e escusada censura a um cidadão e obreiro de uma jogada de mestre que o colocou como principal beneficiário na exploração da praia fluvial da freguesia que preside ou presidiu. Depois disso o vazio é pontuado com o seu anúncio de candidatura, com a distribuição de um folheto com uma espécie de apresentação pessoal do candidato e com as recentes referências à sua retirada da política caso não fosse eleito e a uma frase enigmática: “nalgumas [freguesias] não vale a pena [ter lista] porque há lá meia dúzia de pessoas”. Estará o candidato, cuja lema é “Juntos pela Guarda”, a referir-se ao pequeno universo de votantes que existem naquelas freguesias ou será uma referência a ódios de estimação que terá por determinadas pessoas das freguesias em questão. Sendo efectuada uma ou outra leitura, talvez o candidato queira mesmo retirar-se, após as eleições, de toda a participação política. E faz muito bem se o fizer!  



3. Noutro campo de independência surge a candidatura de Virgílio Bento. Este traz para o seu lado, para além desse epíteto de independente, as cores desavindas dos arco-íris monocolores laranja e rosa. O papel e a capacidade de Bento como autarca são reconhecidos por todos nós, mas afundam-se nos exageros que aparecem e que aparecerão criados pela sua ainda secreta base de apoio a estas eleições. Dizem alguns apoiantes (identificados) que Bento é o único elemento do, até há pouco tempo, actual elenco autárquico que foi brilhante e que não cometeu qualquer erro, faltando, por estes dias, atribuir-lhe o papel de profeta curador das chagas dos pobres e de principal baluarte da ordem mundial. Se é para exagerar, exagerem em grande! Antes deste papel enquanto autarca, Bento dava aulas e bem, acreditando eu no que escrevem alguns seus antigos alunos. Claro que, para construir uma opinião, isto não chega! O candidato principal é bom, este é um facto, mas a sua ascensão é problemática e levanta muitíssimas questões. A primeira é o porquê de um socialista que defende a liberdade não aceitar o resultado das eleições que perdeu e que, como é óbvio desde cedo, têm implicações nas escolhas das equipas de trabalho. Depois, há quem diga que a sua candidatura é independente e que os vícios dos partidos ficarão de fora, mas o que parece existir é um curioso ajuntamento de gente com fortes responsabilidades partidárias nos últimos 12 (doze) anos. Gente essa que é dissidente dos partidos e que decidiu apostar forte numa espécie de Aliança Democrática tutti colori com pretensões independentistas, tentando fazer de conta que nada tiveram a ver com os anos que originaram o mal-estar entre cidadãos e partidos, e assumindo camaleonicamente uma oportuna capa de escuteiros bem comportados. “Chama-se a isto branqueamento do passado e resultará com os papalvos da Guarda”, dirão eles na sombra! Mas será que esta saída estratégica não serve também para desparasitar os partidos? Desviei-me em demasia do cabeça de lista. Virgílio tem grandes hipóteses, é certo, mas mais terá se enxotar as velhas sombras multicolores e prepotentes que lhe segredam ao ouvido já ouvidas lições de poder e se se rodear com um “exército” pobre, esquecendo os “mercenários” ricos. É que em Alcácer-Quibir houve um rei que confiou nos mercenários e, diz a história, em Portugal seguiu-se o indesejável jugo de Espanha. No fundo de tudo a filosofia bem nos alerta para o facto de os sofismas não terem desaparecido com a morte de Górgias e de serem cada vez em maior número os sofistas comportamentais com pretensões políticas e sociais.   

   



Moimenta da Serra, 20 de Maio de 2013

Daniel António Neto Rocha


(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 21 de Maio de 2013 - disponível em podcast em Altitude.fm)


(*) Disponível por período limitado de tempo

domingo, maio 19, 2013

As minhas crónicas futuras na Rádio Altitude: isenção e real independência

A partir desta Terça-feira (dia 21 de Maio) e até ao final da temporada de programação da Rádio Altitude, onde tenho um imenso gosto em colaborar, farei a minha análise pessoal e extremamente subjectiva sobre as candidaturas já conhecidas (tanto as oficiais legais como as oficiais ainda sem assinaturas para serem consideradas legais como as oficiais que não se sabe se são ou não legais). Serão desassombradas e têm como propósito trazer à onda da rádio uma visão de alguém que não tem "rabos presos" nem qualquer compromisso secreto com ninguém. Por isso, cá vou eu trazer verdadeira independência às autárquicas 2013, pois não sei se de outro modo poderá haver!

terça-feira, maio 07, 2013

Crónica das trovoadas rosas - 14. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)

1. A frase já não é de ontem, pois foi verbalizada no ocaso de Abril, mas o nosso quase privativo assessor guardense para as questões meteorológicas, o Vítor Baia, confirmou através da análise científica disponível aquilo que a sabedoria popular vai avançando sobre o mês de Maio. Claro está que ainda não sei qual foi a previsão que lhe foi permitida fazer sobre esta segunda semana de Maio, mas, a ver pela amostra que me atinge, lá virá mais uma semana de inconstante transformação atmosférica e de uma estranha fascinação pela vida de modelo, vestindo e despindo roupas a cada passo do dia. 

2. Mas de outras e metafóricas tempestades está a Guarda a ficar repleta e acredito que as próximas semanas serão plenas de agitação escondida e de jogos de bastidores, misturados com trovoadas fortes e tempestuosas onde as comadres se zangam e acabam por descobrir-se um sem número de verdades, quanto mais não seja ali para os lados da sede do Partido Socialista guardense e para os lados da futura sede de campanha do candidato independente que sabemos já existir e que se apresentará mais daqui a pouco. E a questão que se coloca sobre estes assuntinhos é bastante simples e merecerá a atenção de um especialista em matérias meteorológicas que consiga de forma bem mais perspicaz e certeira perceber qual será a evolução deste clima temperado guardense em vias de se transformar em clima agitado guardense. Para já, adianto algumas achas para a fogueira que podem ser úteis na análise mais profunda que a seguir obrigatoriamente se fará. Dizem as enciclopédias que o tempo depende principalmente dos seis elementos meteorológicos que passo a enunciar: a temperatura do ar, a pressão atmosférica, a velocidade e direcção do vento, a humidade, as nuvens e as precipitações. E, verdade seja dita, todos estes factores estão nos picos da sua agitação. Se não acreditam, vejamos! (...)


Gouveia, 6 de Maio de 2013 
Daniel António Neto Rocha 

(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 7 de Maio de 2013 - disponível em podcast em Altitude.fm)
 

terça-feira, abril 23, 2013

Crónica ao Miguel “Faísca” ou do problema da diarreia mental - 13. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)

1. E sempre que se fala em abuso de poder e se exige uma maior responsabilização dos “pagadores” face aos seus empregados lá vêm os belos e perfeitos exemplares da ilustre massa palradora de Portugal a defender que o que está mal, ouçam bem, é “que os desempregados portugueses ou, simplesmente, os portugueses não gostam de trabalhar e não querem trabalho“. É óbvio que eu não sei onde estas mentes escancaradas se baseiam para dizer isto, mas não acredito que tenham a mais pequena noção dos esforços que pais e mães deste país fazem para conseguirem trabalhar e, assim, conseguirem matar a fome dos seus filhos. Sim, a única parte em que concordo com aquelas palavras abusadoras e claramente de gente que vive dos subsídios ou da carteira da mamã (que até chora por causa das pessoas dizerem que o seu filho, além de oportunista, é um jovem dado para dizer coisas estúpidas) é a parte em que ele quer dizer que os portugueses não gostam de trabalhar para pagar ordenados às sanguessugas que vivem à mama do estado! Sim, eu também não gosto de trabalhar doze meses por ano, para o estado me fazer descontos sobre catorze meses, pois imagina que recebo subsídios de férias e de natal, e para o mesmo estado me recusar qualquer tipo de protecção social caso, e olhem a minha sorte, eu fique sem emprego! Mas o menino Miguel deve gostar! Numa entrevista que hoje tive o azar de ler, o homem diz que não teme ser polémico. O que não diz, mas devia dizer, é que também não teme parecer estúpido e oportunista, pois a vida dele e o seu sucesso assentam claramente nisso mesmo, numa oportuníssima convocação do exemplar Relvas através do Youtube. Novas tecnologias, velhas potencialidades de carreirismo. 
(...)


Moimenta da Serra, 22 de Abril de 2013 
Daniel António Neto Rocha 

(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 23 de Abril de 2013 - disponível em podcast em Altitude.fm)

quarta-feira, abril 10, 2013

Crónica sobre o “cóninhas” do Coelho da Páscoa vingativo - 12. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)



1. A parte mais interessante de viver em Portugal é, como todos sabem, poder de quando em vez e de vez em quando chegar à conclusão de que não há o raio de um político que acerte uma única vez. Não estou (claro que estou, mas não o posso dizer de uma forma muito espampanante!) a dizer que não haja por aí por esse infinito mar de jovens jotas e de seniores tachistas um outro que, pelo menos, sirva para melhorar um ou outro canto do país. Mas, na generalidade, talvez só sirvam mesmo para estrume e mesmo para isso, não sei não. Estão já dois elementos do auditório com o cabelo em pé? Pois bem, caros ouvintes, em Abril não são só as águas mil que o ditado popular diz que aparecem mas também as mil e uma queixinhas que um Primeiro-Ministro “cóninhas” e pieguinhas vem fazer depois de lhe terem tirado o fato de Action-Man que tudo pode fazer em nome da sua consciência intimamente capitalista e bancária. Não pensem que estou a defender a oposição ao Governo, pois também esses parecem uns desmiolados que querem deitar areia na engrenagem e não apresentam qualquer solução para este triste país que não seja a das eleições antecipadas. Irra, é caso para constatar que são tantos os lobbys que criam para favorecer não sei quantos mil dos vossos partidários nas empresas ou em fundações que vivem à mama do estado e não conseguem, durante dois ou três mesitos, criar um plano de acção conjunta? E aquele exemplo mal-amanhado de homo erectus com orelhas de herbívoro saltitão ainda não aprendeu que ao ameaçar o seu próprio país e depois defender a diabólica trindade só está a cavar mais fundo o buraco, mostrando que mesmo que a fome nos mate os esclavagistas continuarão a ter a anuência do poder político para sugarem o país? (...) 

         
 
Moimenta da Serra, 8 de Abril de 2013

Daniel António Neto Rocha



(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 9 de Abril de 2013 - disponível em podcast em Altitude.fm)


terça-feira, março 26, 2013

Crónica do meu avô Zé Bico - 11. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)




1. Estes dias de chuva intensa, a bater velozmente nas janelas, fazem com que o ritmo alucinante deste tempo de enigmas constantes e de incontroláveis agitações sociais se dilua no centro de memórias longínquas ou de rememorações familiares. E é nesse calor da lareira dos avôs que me encontro neste momento, afagado por braços ternos e de uma sensibilidade gigantesca. No ninho inicial, aqui mesmo onde se forma o mundo e o fim de tudo. Prestes a chegar à triste memória de sete anos, é o sorriso trocista do meu avô que serve de pauta à música que vai soando lentamente e que é acompanhada pelo bater incessante das pequenas gotas da natureza, lá fora, onde se ouve o natural enleio do mundo. Cá dentro é o som de Haendel e do seu belíssimo oratório “A escolha de Hercules” que vai acompanhando a memória e tudo o que ela encerra. 

(...)


Moimenta da Serra, 25 de Março de 2013 
Daniel António Neto Rocha 

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 26 de Março de 2013 - disponível em podcast em Altitude.fm

terça-feira, março 12, 2013

Finalmente, em crónica - 10. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)

1. Em todos os cantos da cidade se vai por estes dias levantando a voz para comentar ou tentar perceber quem vão ser as caras que aparecerão como candidatos à presidência da Câmara Municipal da Guarda. Há já candidatos assumidos, como são os casos daquele que tem nome de Rei Mago e do outro que na minha meninice se me apresentou sempre como o advogado do Diabo, mas consubstanciado num eufemismo religioso. E há os putativos candidatos, sendo que, na minha modesta opinião, um é mais putativo do que outro. Por um lado Virgílio Bento, um candidato forte e com provas dadas junto dos cidadãos que vive refém dos apoios que não desejaria ter, mas que lhe são dados porque esses apoios não têm mais nenhum candidato sério que os aceite como apoiantes, e refém também de uma “esquisita” vontade popular que parece capaz de galvanizar o próprio Vice-presidente da Câmara. E o problema de Virgílio coloca-se neste exacto ponto, pois não parece ser conciliável o apoio da massa cidadã que está cansada dos bastidores da política com o apoio da velha guarda que só sobrevive à custa dos bastidores da política e do carneirismo. 

(...)


Moimenta da Serra, 11 de Março de 2013 
Daniel António Neto Rocha 

(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 12 de Março de 2013 - disponível em podcast em Altitude.fm

terça-feira, fevereiro 26, 2013

Crónica dos “caga-sentenças” ou de como Portugal tem um governo de mercenários - 09. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)

1. E o mais triste de tudo é que nós ainda continuamos a permitir que haja gente desta a gerir o todo nosso, que é o Estado. Ainda hoje, e já passaram dois ou três dias, tenho uma vontade extrema de pegar em facas e em outros objectos que possam causar dano de cada vez que me lembro dos mercenários Borges, Botas e Moedas. Não estão a ver quem possa ser? Pois, estamos tão concentrados em saber a letra do “Grândola Vila Morena” que nos esquecemos de ler e ouvir aquilo que vai sendo babujado aqui pela parvónia lusitana. Este trio de animalejo sentido, representativo daquilo que está bem e se recomenda por muitos e bons anos, parece ter cada vez maior o ego e a bolsa. Neste fim-de-semana, o Borges veio do alto da sua cadeira de “caga-sentenças a mando do Governo” afirmar a plenos pulmões que, e passo a citar, “os portugueses ainda têm de apertar mais o cinto!” Será óbvio que o vómito asinino do senhor assenta em toda a política de recuperação financeira que o país atravessa, mas não foi esta questão falsa e preocupante que me deixou atarantado. A questão principal, que é transversal ao Botas e ao Moedas e que parece ser uma das características dos currais políticos deste país, é esta: a que raça ou a que nacionalidade pertencem estes seres que se afastam do comum dos portugueses? É bastante normal ouvir em debates da Assembleia da República os senhores deputados referirem-se aos “portugueses” e às “portuguesas”. É mais difícil, mas também acontece, ouvir o senhor Presidente da República afirmar que os “portugueses” e as “portuguesas” não podem mais em vez de fazer análises linguísticas que só favorecem os amigos do peito. É muito normal ouvir os líderes dos partidos dizerem que “os portugueses” e “as portuguesas”. E então os caciquistas da nação… nem se fala! 

(...)

Moimenta da Serra, 25 de Fevereiro de 2013 
Daniel António Neto Rocha 

(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 26 de Fevereiro de 2013 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, fevereiro 12, 2013

Crónica séria sobre Bento XVI e cómica sobre a sede de poder - 08. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)

1. A renúncia de Ratzinger ao seu papel de pastor da Igreja Católica e ao nome de Bento XVI é vista por muitos como algo completamente inesperado. Claro está que o timing escolhido é completamente inesperado e poderá causar alguns debates curiosos entre aqueles que estão sempre disponíveis para criar alguma teoria da conspiração sobre a forma como são geridos os muros do Vaticano. No entanto, se tivéssemos estado atentos ao que se disse e escreveu naquele já longínquo mês de Abril de 2005, poderíamos hoje reconhecer que tudo não passa do final de um período de transição que até nem correu muito mal. A idade do cardeal Ratzinger e o papel que desempenhou junto de João Paulo II, até ao fim da vida deste, apontavam desde o início do pontificado de Bento XVI para uma solução que seria obrigatoriamente de curta duração. E o facto é que isso aconteceu. Mesmo assim este homem, que liderou a Igreja durante sete anos de altos e baixos, teve momentos de grande atitude e conseguiu surpreender todos aqueles que lhe imaginavam um percurso penoso e de contínuo afastamento dos crentes. É certo que hoje ainda se olha para trás e, para aqueles que aprenderam a admirar João Paulo II, se sente a falta daquela presença constante e contagiante do papa de Fátima, mas Bento XVI não foi o conservador e reaccionário que muitos esperariam, sendo mesmo capaz de derrubar muros que separavam a Igreja da sociedade moderna e que João Paulo II nunca consentiu que fossem derrubados. Agora, e sabendo nós do calculismo que costuma existir ao mais alto nível dentro da religião católica, esperemos calmamente pelo novo nome que ocupará a cadeira de São Pedro e vejamos se a solução de transição serviu mesmo para preparar um melhor futuro da Igreja. O certo é que se a preparação do futuro que se avizinha foi desleixada esse seria, sim, um grande e rude golpe na credibilidade da Igreja e na fé cristã.

(...)
Moimenta da Serra, 11 de Fevereiro de 2013
Daniel António Neto Rocha

(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 12 de Fevereiro de 2013 - disponível em podcast em Altitude.fm

quarta-feira, janeiro 30, 2013

Crónica da escatologia financeira - 07. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)

1. A “festa nacional”, tão popularizada na voz estridente da Milu (antiga Ministra da Educação e actual Presidente da Fundação Luso-Americana), parece ter regressado ao panorama nacional. Não a festa como sinónimo de novas obras, de novos contractos de parcerias duvidosas com os privados ou de novos lugares de ouro para gente sortuda. A festa, durante a última semana, foi de alívio pelo regresso aos mercados a uma taxa de juro inferior (signifique lá isso o que significar!) que me cheirou a mim a um daqueles pratos bem condimentados e repletos de picante. A taxa de juro do empréstimo de dois mil e quinhentos milhões de euros, a cinco e a dez anos, ficou num patamar de cerca de 5% e o Gaspar sorriu. Eu, na minha leiguice económica, estremeci! 

(...)

Moimenta da Serra, 28 de Janeiro de 2013 
Daniel António Neto Rocha 

(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 29 de Janeiro de 2013 - disponível em podcast em Altitude.fm)

sábado, janeiro 26, 2013

Casa da Rádio, na Rádio Altitude (26-01-2013)

Estive na conversa com o Joaquim Martins na Casa da Rádio, na Rádio Altitude. Hoje de manhã foi uma conversa muito agradável e onde fiz questão de, como sempre, falar direito e de forma incisiva. Os assuntos foram muitos e diversificados. Talvez lhes apeteça ouvir o que disse ou talvez não. Caso queiram, oiçam depois o podcast.

terça-feira, janeiro 15, 2013

Crónica de uma Vela bem acesa ou de um “Retrato de Mónica” - 06. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)



1. Há momentos e acontecimentos que não se podem perder e, sei-o, aquilo que eu perdi neste fim-de-semana é de facto uma grande perda. Nem é pelo facto de saber se alguém lhe prestou a devida atenção ou se, como é comum nestas paragens de gentes pasmadas, tudo não passou para todos como um mero exercício visual e juvenil. Não pensem que falo no concerto da fadista Ana Moura, que deve ter tido centenas de espectadores em pose de ocasião e de desinteresse pelo futuro da cultura na Guarda. Falo, isso sim, de 10 minutos de trágica visitação de um dos contos mais absurdos e ao mesmo tempo mais esclarecedores de Sophia de Mello Breyner Andresen, que se chama: “Retrato de Mónica”. Esta visitação, com contornos teatrais e tão ironicamente oportuna, tem como actor António Rebelo e todo o trabalho da equipa que compõe os Gambozinos e Peobardos – Grupo de Teatro da Vela (Guarda). Não sei como correu a estreia, sabê-lo-ei em breve, mas tenho uma firme certeza: aqueles que se vendem na praça pública e que são dissimulados profissionais, e que mesmo assim ousarem assistir a esta peça, levarão metaforicamente um forte murro no estômago.

(...)


Moimenta da Serra, 14 de Janeiro de 2013

Daniel António Neto Rocha


(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 15 de Janeiro de 2013 - disponível em podcast emAltitude.fm)

quarta-feira, janeiro 02, 2013

Crónica de como pressentir o inimigo ou de à procura de um emprego - 05. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)

1. É um dos meus escritores e pensadores preferidos, o homem de quem quero começar por falar este ano. Professor universitário e grande medievalista, Umberto Eco é uma das imensas bibliotecas que as culturas humanística e livresca criaram e nos dão o prazer de continuar a apreciar ao longo dos anos. Aqui há uns meses, quando tive o imenso gosto em estar na Escola Secundária Afonso de Albuquerque a falar de poesia com alunos do secundário, foi-me oferecido um exemplar de um livro deste grande Mestre que eu já tinha andado a namorar nas livrarias mas que, por razões várias, ainda não tinha adquirido. O livro chama-se Construir o inimigo: e outros escritos ocasionais e a versão portuguesa é de Setembro de 2011 Para quem não o conhece, é uma colectânea de várias palestras e artigos de jornal que foram sendo elaborados por essa Europa fora. Será óbvio que o título é basicamente um factor de atracção, mas o seu interior são aulas e aulas e leituras e reflexões e… e uma enormidade de conhecimentos postos ali à mão de semear sem qualquer censor a impedir-nos de o ver. Não, não sou muito bom a publicitar livros nem é minha intenção querer que vós que me ouvis o compreis, mas há uma pequena citação de Sartre que diz muito sobre o papel que hoje Portugal tem na Europa e a relação que os vários estados vão assumindo entre si e, oh reminiscências da antiga URSS, o papel que hoje é assumido de forma gratuita por muitas das pessoas que connosco convivem diariamente. (...)


Moimenta da Serra, 31 de Dezembro de 2012 
Daniel António Neto Rocha 

(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 01 de Janeiro de 2013 - disponível em podcast em Altitude.fm)

quarta-feira, dezembro 19, 2012

Crónica de Natal e da sinceridade comportamental - 04. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)

1. O meu filhote tem andado a experimentar palavras e umas coisas que parecem frases, mas tudo com uma boa dose de graça e de sorrisos na cara. É verdade, o meu pequeno mais que tudo está a descobrir com uma interessante intensidade o admirável mundo novo da comunicação verbal e não se tem saído lá muito mal, principalmente naquilo que diz respeito à capacidade de levar a água ao seu moinho, que é como quem diz, conseguir que os papás lhe façam a vontade. É um espertalhão, direi eu. E até por isso, a época de Natal que se aproxima a toda a velocidade é vivida de uma forma mais intensa do que é habitual. Se noutras alturas a reunião familiar era vista como uma forma de juntar os amores das nossas vidas, agora é também a altura de viver com a certeza do seu sorriso atrevido e do seu ar maroto. Sim, porque se há coisa que eu nunca tinha imaginado era esta alegria que ele nos dá a cada dia que passa e a forma doce e desinteressada como ele nos dá as melhores prendas que um pai alguma vez pode receber: um abraço verdadeiro e beijos cheios de ternura. 

(...)

Moimenta da Serra, 17 de Dezembro de 2012 
Daniel António Neto Rocha 

(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 18 de Dezembro de 2012 - disponível em podcast em Altitude.fm

quarta-feira, dezembro 05, 2012

Crónica da água no bico e das histórias com éguas dentro - 03. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)

1. Aprender a duvidar da própria sombra quando ela se apresenta perfeita demais é um princípio que nos deveriam ensinar logo nos primeiros anos de escola. Ao contrário daquilo que se vai vendendo e procurando inculcar na sociedade, nem sempre o elogio ou o panegírico é algo que deva ser levado a sério, pois a maior parte das vezes traz anexada uma intenção claramente falsa e com propósitos muito suspeitos. Daí que já aprendi a usar uma expressão tão querida ao povo de cada vez que alguém me diz que fulano ou sicrano proferiu isto ou aquilo em meu favor. A expressão, como todos facilmente reconhecerão, é “Isso traz água no bico!” e significa que alguém pretende fazer algo a seguir ao elogio que é quase sempre negativo para o elogiado. Em Portugal, como já todos percebemos, a onda de elogios é sempre idêntica e apesar de Portugal “ter a geração mais preparada de sempre” e de o “povo português ser o melhor do mundo” percebe-se claramente que o elogio serve apenas para encher balões. Assim sendo, compreendem-se as salvaguardas de quem ouve estas palavras e ouve nelas não um elogio ou uma qualquer constatação, mas sim uma tentativa de criar falsas expectativas e esperanças num futuro que se espera melhor que o presente, mas não para os elogiados. 

 (...)


Guarda, 3 de Dezembro de 2012 
Daniel António Neto Rocha 

(Extracto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 4 de Dezembro de 2012 - disponível em podcast em Altitude.fm

quinta-feira, novembro 22, 2012

02. Crónica da Teoria da Rolha ou dos afogados - Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)

1. Haverá momentos em que uma crónica pensa em emigrar dada a míngua de assuntos novos que a mereçam. É que este país, para além de não ter nada em que os seus contribuintes se possam empregar, ainda tem o condão de obrigar a pobre crónica a voltar sempre ao assunto do costume: o embuste político nesta espécie de passerelle política onde feios e incapazes “boys” e “girls” passeiam as suas contas em constante aumento. Por isso, crónica, pobre crónica, hoje fugimos destes temas que nos perseguem e fugimos em direcção ao mundo do faz de conta, em que todos nós somos gentes felizes e em que o pessoal não pensa só nos amiguinhos dos tempos do PREC e dos tempos das deliciosas soirées em plena boulevard de Paris!

(...) 

Guarda, 19 de Novembro de 2012 
Daniel António Neto Rocha 

(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 20 de Novembro de 2012 - disponível em podcast em Altitude.fm)