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quinta-feira, agosto 22, 2013

Crónica Bombeiros.pt: Basta um gesto simples e desinteressado!

(Foto de Sérgio Cipriano/ Bombeiros.pt)

1. Bastaram duas semanas de calor intenso e de (é minha crença) actividades negligentes e criminosas para que não fossem só as matas e pinhais do país a ficarem incendiadas. Também as línguas e vontades dos altos responsáveis desta coisa dos bombeiros ganharam nova força e começaram a disparar numa única direcção: a subida, rápida e em força, na hierarquia económica e política. Mas, comecemos pelo fim, ou seja, por estas últimas horas de grandes incêndios que, segundo o senhor Ministro da Administração Interna logo depois secundado pelo senhor Presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP), se devem a uma não racionalização de meios (???). Ou seja, o problema, para estes senhores, deve-se a uma existência exagerada de meios que não são aplicados com exactidão nos respectivos incêndios. Pelo menos foi também isto que percebi. Pois bem, tentando perceber melhor esta conjugação de palavras governamentais com as palavras profissionais do senhor presidente da ANBP, cheguei à triste conclusão de que a realidade do interior do país é completamente desconhecida por parte destes excelentíssimos senhores. Algum destes senhores terá perguntado aos centros distritais quantas ocorrências de incêndios têm durante um só dia de trabalho? E já algum destes senhores se deu ao trabalho de perceber os meios complementares (máquinas de rasto, por exemplo) que não existem para um combate poder ser mais efectivo? Sim, estou a ler as palavras ditas e trazidas na comunicação social de forma localizada e, se calhar, não coincidentes com as intenções finais destes senhores, mas não me parece que esteja longe daquilo que eles pretendem. Limando um pouco estas constatações, permitam-me que conclua duas coisitas que gostava que estivessem na mente do senhor Ministro quando disse aquilo que disse perante os jornalistas: primeiro, ele estava a falar do desaparecimento do Grupo de Intervenção, Protecção e Socorro (GIPS) enquanto força que duplicava aquilo que já existia e que foi, digamo-lo, um gasto exagerado de dinheiros públicos em nome de uma qualquer vontade política; segundo, ele fez uma comparação (generalização) despropositada entre o elevado número de operacionais e de meios que é possível colocar nos vários Teatros de Operações (TO) do país, sabendo nós que na região de Lisboa podemos no espaço de 1 (uma) hora colocar facilmente num incêndio florestal 300 (trezentos) homens e sabendo nós também que isso é uma missão impossível de concretizar em qualquer outra área do país (talvez após uma dezena de horas de incêndio isso seja possível). As leituras destes dois pontos ficam em aberto para as considerações dos senhores leitores.

2. Outra das questões que por estes dias veio a lume foram os acidentes na frente de incêndio. Comecemos, outra vez, pelo fim. Na região de Penacova deu-se, naquilo que está relatado e que eu pude ler, um pequeno milagre. O senhor Presidente da Liga, no entanto, chamou-lhe “sangue-frio”. Pois bem, parece-me que teremos os dois um pouco de razão, mas (sem estar a ser arrogante) penso que tenho um pouco mais de razão do que ele. Porquê? Porque o caminho que escolheram foi dar ao sítio certo. Elementar, não é? Sim, imaginem só que o caminho que escolheram e que o “sangue-frio” que eles tiveram os levava para um beco sem saída criado pelo incêndio? Sim, senhor presidente da Liga, as nossas decisões contam muito, mas também conta a conjugação de factores que não depende de nós. Em todo o caso, não há ninguém que fique mais feliz com o desfecho do incêndio de Penacova do que eu.

3. Por fim, volto devagar e com um sentimento de solidariedade imenso aos dias tristes de Miranda do Douro e às faces de todos aqueles que deixaram de ter motivos para sorrir. Não tenho a intenção de dar conselhos ou recomendar qualquer paliativo, pois sei que as palavras que possa dizer aos familiares do António Ferreira ou aos seus companheiros não significam muito. Quero, portanto, virar-me para todos aqueles que serão essenciais no futuro próximo e que, a faltarem, farão com que a vida se transforme num sítio terrível para se habitar. Quero, então, virar-me para as famílias de todos os bombeiros e para as comunidades de Miranda do Douro, e pedir-lhes uma coisa muito simples e que não custará qualquer soma ou esforço: estejam presentes e, quando sentirem que é hora, dêem uma mão, um abraço ou uma palavra de conforto a quem, não o pedindo, o precisará.   


Figueira da Foz, 13 de Agosto de 2013-08-13
Daniel António Neto Rocha 

quinta-feira, julho 18, 2013

Entrevista ao Portal Bombeiros.pt

Caso vos interesse, leiam o que disse ao Portal Bombeiros.pt sobre o Projecto Sérgio Rocha. A entrevista e texto introdutório são da responsabilidade de Nicolas Reis, aluno do curso de Ciências da Comunicação da Universidade da Beira Interior (UBI). Leiam aqui.

quinta-feira, junho 13, 2013

Crónica Bombeiros.pt: Evolução e complicação!



1. Ao longo dos últimos sete anos temos assistido a uma autêntica transfiguração daquilo que é o socorro em Portugal, existindo um acertar de agulhas em alguns campos e facilitando o erro noutros. Passo a explicar-me melhor. Num primeiro campo de análise centremo-nos no upload que houve na área das comunicações onde, apesar de toda a nuvem cinzenta que continua a pairar, o SIRESP veio criar uma unidade de comunicação que obrigou a uma necessidade de protocolar o seu funcionamento. Num segundo espaço de análise temos as mais recentes inovações ao nível das viaturas de combate, com a obrigação de todas possuírem o sistema de “gaiola” (desculpem os puristas esta barbaridade de análise) de defesa. E, por fim e talvez mais importante, o equipamento de protecção individual melhorou numa dimensão de oito para oitocentos, criando um sem número de problemas que quanto a mim podem criar problemas na defesa dos direitos dos bombeiros.

2. Claro que tudo isto, especialmente estas melhorias que refiro, são boas notícias para todos aqueles que vivem na esperança de nunca deste tipo de socorro especializado virem a necessitar. Mas sabe bem saber (digam lá que não?) que em caso de necessidade podemos ser bem servidos. No entanto o capital mais importante desta equação são os agentes (todos aqueles seres humanos tão iguais a cada um de nós) que medeiam as máquinas e o sinistrado. Sim, também aqui temos vindo a melhorar nos últimos sete anos e a aposta está a começar a gerar uma nova atitude colaborativa e uma maior atenção às aprendizagens que vão sendo leccionadas por esse país fora, sendo bom verificar que nós, bombeiros, soubemos responder de forma clara às críticas que referiam que nós não queríamos ter formação.

3. Por último deixem-me recuar um pouco e voltar ao início. Escrevia eu que há problemas sérios a serem trazidos para a ordem do dia com as regras de utilização dos equipamentos de protecção individual e não estava a escrever só por escrever. Aqui há dias, numa carta enviada à Liga e à qual ainda não tivemos qualquer resposta, era referida a necessidade de proteger todos os combatentes da fúria das seguradoras em caso de acidente grave. Tudo isto era dito no contexto de um concurso de ideias que o Projecto Sérgio Rocha quer lançar, em mais uma parceria com o Portal Bombeiros.pt, para conseguirmos ter todos os homens indiscutivelmente uniformizados no terreno. Sabem, é que no furor de desresponsabilização por parte das entidades superiores foram enviados, parecendo época natalina, muitas prendas para os quartéis, mas nós não as usamos porque nada daquilo é ergonómico. Problema da falta de ergonomia: caso não tragam algum dos elementos do EPI e sofram um acidente estão automaticamente em falta, não sendo protegidos como deveriam ser. Logo, não será do interesse da Liga defender os seus representados?              

    
Famalicão da Serra,11 de Junho de 2013
Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt no dia 12 de Junho de 2013)

sábado, maio 25, 2013

Fechar o dia de hoje

(Foto de Sérgio Cipriano - "staff-ride" do Curso de Combate a Incêndios Florestais em Famalicão da Serra)

Sugiro-vos, neste encerrar de dia de Curso de Combate a Incêndios Florestais, uma leitura a uma pequena crónica que deixei incompleta aqui (para lerem a versão completa basta seguirem o link para o Portal Bombeiros.pt). Já que o tempo vai começar a ficar "quentinho", é sempre bom ficar a conhecer um pouco os homens e mulheres que vão passar o Verão a correr. Abraço a todos os bombeiros e, não se esqueçam, voltem bem e com saúde às vossas casas. 

sábado, maio 11, 2013

Programa: Curso de Combate a Incêndios Florestais - 7.ª Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão da Serra

Em 2013 lembram-se os 7 (sete) anos que passaram desde o acidente que vitimou 6 (seis) bombeiros enquanto combatiam um incêndio em Famalicão da Serra - Guarda. Desde esse ano, o Projecto Sérgio Rocha e o Portal Bombeiros.pt têm empreendido acções e actividades que pretendem, acima de tudo, ajudar todos os bombeiros e demais interessados a conhecer melhor e de forma contínua o comportamento do fogo. Foi assim que se uniram ao Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF) da Universidade de Coimbra e começara a realizar anualmente as Jornadas de Análise ao Incêndio de Famalicão. Este ano não será diferente a realização desta jornada, mas haverá mudanças, logo a começar pela inclusão de cursos de formação numa 7.ª Jornada que percorrerá o ano. Assim sendo, começa no dia 25 de Maio com um curso, que conta com a participação de Domingos Xavier Viegas, um dos maiores especialistas mundiais ao nível do comportamento do fogo, e de Carlos Rossa e David Davim, antigos colaboradores do CEIF e especialistas em combate a incêndios florestais. Far-se-á também a visita guiada ao local do acidente, com paragens para perguntas e esclarecimentos, naquele que é o único "Staff-ride" realizado na Europa.

7.ª Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão da Serra
Curso de Combate a Incêndios Florestais

Programa

9h - Recepção aos participantes e café
9h30 - Abertura
10h - Comportamento Extremo do Fogo e Segurança Pessoal, por Domingos Xavier Viegas
11h Intervalo
11h15 - Desafios no combate aos incêndios florestais, por David Davim e Carlos Rossa
12h30 - Almoço e convívio
14h - "Staff-ride" na Zona de Intervenção do incêndio de 2006
16h - Homenagem no local
17h - Encerramento e lanche
O custo de participação no curso é de 10€ (o pagamento deverá ser efectuado no dia do curso)


Faz a tua inscrição aqui!

(Fonte: Projecto Sérgio Rocha)

terça-feira, abril 16, 2013

Crónica Bombeiros.pt: Acerca dos livros e dos bombeiros





(Fotos: Sara Esteves - em reportagem para o Portal Bombeiros.pt)

1. Tenho muitas vezes a ousadia de querer encontrar nexos de entendimento entre este mundo dos bombeiros e o universo da literatura. Não pensem que é por uma questão de fechar a compreensão das crónicas, mas, sim, por uma questão de construção de horizontes de significação mais alargados. O que significa isto? Simplesmente que o mundo está todo inventado nos grandes livros e quem o quiser conhecer e analisar mais de perto só tem de ler e interpretar os vários autores.



2. Porque me lembrei disto? Porque neste fim-de-semana (14 de Abril) foi completado o primeiro Quadro de Comando da história dos Bombeiros Voluntários de Famalicão da Serra. Dito só assim também não serve de explicação, mas tem tudo a ver com aquilo que nestas datas se deseja aos recém-empossados. Não é um hábito dar-lhes os “Parabéns”? Claro que sim, mas, na minha modesta opinião, não é esta palavra que devemos utilizar nestas alturas. O melhor que podemos desejar a quem assume estas funções são votos de bom trabalho e de boa sorte. E é isto que todos nós esperamos que tenham todos aqueles que assumem as funções de comando nos Corpos de Bombeiros, para que no futuro, quando deixarem de desempenhar estas mesmas funções, podermos, aí sim, dar-lhes os parabéns!



3. No livro O Nome da Rosa, de Umberto Eco, encontramos uma história que é, por si, um imenso mundo de significados e de possibilidades de análise. Não me interessa aqui desfolhar este livro, mesmo que pudesse aqui tentar lançar as bases de uma análise quase irreal sobre os métodos mais eficazes de ataque a um incêndio que ocorre numa grande biblioteca. Mas não é isso que me interessa. Interessa-me sim o potencial de análise da sua personagem principal: Guilherme de Baskerville. Construído debaixo do enigmático véu da Idade Média, este frade franciscano é um observador atento do mundo que o rodeia e um ágil decifrador de mistérios que se adensam à sua volta. Claro está que isso lhe causa alguns dissabores, mas nada que o destino não se encarregue de corrigir. Pois bem, este frade franciscano tem um aprendiz, que o segue pelo mundo e que com ele apreende aos grandes ensinamentos da vida, até que é hora de se separarem. Mas é a este aprendiz que ensina a melhor forma de pensar e compreender o mundo. Diz Guilherme, logo depois de o seu aprendiz ter ficado admirado com a forma como o Mestre descobre o que parecia impossível de descobrir: “Em toda a viagem te tenho ensinado a reconhecer os traços com que o mundo nos fala como um grande livro.” E é este reconhecimento dos traços negativos que existem no mundo dos bombeiros que eu gostava que acontecesse, visto que permitiria a todos aqueles que “comandam” melhorar, na realidade, as nossas corporações de bombeiros.               



    

Famalicão da Serra, 14 de Fevereiro de 2013

Daniel António Neto Rocha


(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt no dia 15 de Abril de 2013)


Importante: ver aqui a foto-reportagem da tomada de posse do 2.º Comandante e do Adjunto de Comando, e da bênção das viaturas adquiridas recentemente!

domingo, fevereiro 10, 2013

Crónica Bombeiros.pt: Uma nova dinâmica

1. Os tempos que se apresentam não prometem facilidades! Não sendo esta uma frase feita ou uma qualquer intenção de propósitos, convém relembrar que acima de tudo são pessoas de carne e osso que não vão ter uma vida fácil. Se pensarmos que, enquanto bombeiros e agentes da protecção civil, somos os primeiros a contactar com a desgraça alheia ou com uma qualquer situação de dificuldade que se apresente a toda a comunidade, não será difícil de perceber que temos de estar preparados para o pior cenário possível.

2. Os passos dados pelas ruas são, em regra, rápidos e inseguros. A imensa treva que se apresenta no presente e vislumbramos no futuro é só um pouco daquilo que a realidade nos trará. Agora, mais do que nunca, é importante percebermos o nosso papel de zeladores da segurança da comunidade e de “psicólogos” da amargura diária. Mais do que nunca deveremos colocar todo o nosso conhecimento e toda a nossa solidariedade ao serviço daqueles que, cada vez em maior número, irão optar por nos convocar sempre que se sentirem sós. Mais do que nunca deveremos ser capazes de mostrar a nossa humanidade e a nossa humildade. Temos, portanto, de nos lembrar que o nosso lema “Vida por Vida” não significa só “dar a vida para salvar a dos outros” mas que significa também “estar disponível para ajudar os outros”. E esta leitura só é possível se todos nós optarmos por ser pessoas que se preocupam. Sabemos todos que tantos de nós estão também em condições difíceis e a precisar de ajuda, mas sabemos que só com a entreajuda é que tudo pode melhorar. O espírito de dádiva e de entrega, que é a nossa marca principal, é também o centro de uma postura honesta que se impõe a um país. Todos sabemos que os nossos representantes políticos não gostam desta postura de honestidade (sendo promíscuos e extremamente hábeis a perpetuar a corrupção e a ganância), mas nós sabemos o que as comunidades sofrem, pois não conseguimos ser cegos quando sabemos que de nós pode depender uma vida. Por tudo isto, temos todos a responsabilidade de compreender as pessoas e de lhes mostrar que nos preocupamos com elas. Só mostrando que nos preocupamos com a comunidade é que a comunidade poderá um dia perceber que nós somos mais importantes do que qualquer bem que possua e que nós somos de carne e osso.

3. E é nesta óptica da melhoria diária e do contacto cada vez mais clarificador com todos aqueles que seguem o Portal Bombeiros.pt que nós temos vindo a trabalhar. A partir de hoje a rubrica de crónicas que se chamava ”A visão do bombeiro” passará a chamar-se “Uma visão sobre os bombeiros”. Esta mudança deve-se a uma maior abertura deste espaço de opinião à visão que “outros” têm de “nós”. Será, portanto, um espaço em que coexistirão bombeiros e cidadãos, de muitas e variadas procedências, com um único propósito: falar sobre o papel dos bombeiros e a forma como a sociedade os vai compreendendo. Assim, ao painel que será fixo e rotativo, poderá acrescentar-se a opinião de outras vozes. Sempre numa visão de construção colectiva e de melhoria social. No lote de cronistas para esta nova temporada participarão bombeiros, antigos elementos de quadros de comando, dirigentes de associações humanitárias, jornalistas, professores, formadores e (seria impossível deixar de parte!) desempregados. A partir de hoje e até ao final do ano serão aqui apresentadas muitas visões e serão feitas muitas avaliações àquilo que é a nossa maior preocupação hoje e sempre: o nosso papel no serviço às populações!


Moimenta da Serra, 10 de Fevereiro de 2013
Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt no dia 10 de Fevereiro de 2013)