quinta-feira, maio 27, 2010

09. Crónica Altitude – Crónica de Aulas

1. O trabalho de preparação de aulas e de planificação de conteúdos a leccionar é, cada vez mais, moroso e complexo, tendo em conta os interesses e as motivações que os alunos de hoje carregam. No entanto, e de um ponto de vista totalmente docente, é um espaço privilegiado para a reflexão sobre o tempo e o espaço desta e de outras épocas sociais. Neste acto contínuo, o contacto com as tendências sociais e com o pensamento de homens de intelecto é um facto incontornável e, desde logo, impossível de olvidar. Estou, por este dias, a estudar Os Maias, magistral obra de Eça de Queirós, com os meus alunos. E assim sendo, releio vários textos deste meu Mestre da escrita para, mais afincadamente, demonstrar todas as potencialidades literárias e humanas que aquele delicioso romance encerra. A recepção, deste texto maior da literatura portuguesa, por parte dos meus alunos tem sido, no mínimo, “inconstante”. Vejamos: por um lado, as alusões às curvas e contracurvas das espanholas, e as relações adúlteras de Carlos da Maia têm obtido os grandes e divinais aplausos; por outro lado, a crítica social tão certeira e irónica que Eça apresenta tem merecido, ao contrário daquilo que eu previra, as maiores pateadas. Como explicar isto? Não sei, mas tendo a acreditar que a sociedade perdeu todo o pendor crítico, revelando-se transvestida num corpo sensual ao qual nós nos entregamos voluptuosamente. Infelizmente, quando nos apercebemos da sua essência podre, já é tarde para remendar o estrago, pois já nos estamos a queixar de ter apanhado “chatos”.

(...)

Guarda, 25 de Maio de 2010
Daniel António Neto Rocha



Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 26 de Maio de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude

terça-feira, maio 25, 2010

segunda-feira, maio 24, 2010

quarta-feira, maio 12, 2010

08. Crónica Altitude – Crónica de um rol de liberdades permitidas

1. A liberdade de cada um de nós enquanto cidadãos deste país dito democrático é uma questão que me preocupa há muito tempo. Não por pensar que essa liberdade é inexistente, pois estaria a ser tremendamente injusto com a ditadura que nos oferece o direito de escolher entre o mau e o péssimo, mas por não encontrar um elenco ou uma publicação em Diário da República que me esclareçam sobre o patamar de liberdade em que me encontro. É que isto de não haver, logo que a sociedade nos abraça e nos enche de impostos, uma clara indicação daquilo a que temos ou não temos direito ao nível da liberdade é muito mau para nós, dado que podemos fazer algo que não nos é permitido devido ao nosso baixíssimo patamar de liberdade. Dadas estas dúvidas que são originadas pela inexistência de uma lista desse tipo, defendo a criação de uma listagem intitulada "Rol de liberdades permitidas e dos seus respectivos fruidores no estado de coisas português". O título é pomposo, não? Defendo que este rol possua três níveis: primeiro, a liberdade superior: reservado a governantes, familiares de governantes, ajudantes de governantes, seguidores de governantes e amigos de governantes – por vezes variam as caras, mas pouco – que têm acesso a todas as liberdades e mais algumas, inclusive a levar o país para a cova e a ser recompensado de seguida; segundo, a liberdade por serviços prestados: reservado a interesseiros, vendidos e carneiristas, que têm acesso a lugares em empresas de capital público e a serem indemnizados à saída; e terceiro, a liberdade que nos permitem ter: reservado a homens e mulheres honestas, que fazem do trabalho e da família os seus objectivos de vida, não tendo acesso a quaisquer regalias, mas com o direito de pagar atempadamente os seus impostos e a serem espoliados a bem da nação.

(...)


Guarda, 11 de Maio de 2010
Daniel António Neto Rocha


Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 12 de Maio de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude

quinta-feira, maio 06, 2010

Semântica de hoje

Hoje, ressumaram
as plantas
as flores
as rosas...

Convoquei as pausas,
as exclamações
e toda a semântica
de uma noz.

Hoje, convoquei
o orgasmo catártico
e cuspi na mais pura idealização.

06/05/2010

domingo, maio 02, 2010

IV Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão da Serra

Cabe-me dar conta do estado em que se encontra a edição deste ano deste momento formativo e afectivo. Não existe ainda um programa definido, mas realizar-se-á no dia 10 de Julho de 2010. Quando houver alguma novidade, será anunciado todo o programa e toda a envolvente logística, que será à partida muito mais simples do que a do ano transacto.